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Botafogo sai melhor do Mundial, mas não pode esquecer de sua essência

As semanas de Mundial de Clubes fizeram muito bem ao Botafogo.

Após o espetacular 2024, o time se viu em frangalhos com a saída de Artur Jorge, a demora em buscar um técnico e a saída de peças fundamentais – Luiz Henrique e Almada.

Quando Renato Paiva chega após o Campeonato Carioca ficar “largado”, o Alvinegro buscava uma nova identidade. O empate na estreia do treinador contra o Palmeiras no Allianz Parque pela primeira rodada do Brasileirão pareceu um bom indicativo, mas a equipe demorou a engrenar.

Início irregular na Série A, tropeços e nova situação de “vida ou morte” na fase de grupos da CONMEBOL Libertadores fizeram o trabalho de Paiva logo ser questionado. O tempo, porém, ajudou a colocar as coisas no eixo.

O treinador utilizou formações distintas – 4-4-2 (com dois centroavantes), 4-2-3-1 (Cuiabano pela ponta esquerda) e 4-3-3 (Allan no meio junto a Gregore e Marlon Freitas) -, e os resultados apareceram.

Classificação às oitavas da Libertadores, sem sofrimentos na Copa do Brasil, ascensão na Série A, e o Botafogo partiu aos EUA embalado rumo ao Mundial.

Cinco peças chegaram na minijanela de transferências – Loor, Kaio Pantalão, Montoro, Correa e Arthur Cabral, os dois últimos já se apresentando na concentração em Santa Barbara -, e o elenco surgiu ainda mais robusto.

Os dias de treinamentos foram aprovados dos jogadores à comissão técnica, especialmente pelo nível de dificuldade no “grupo da morte” com Paris Saint-Germain, atual campeão europeu, e Atlético de Madrid.

A vitória agônica sobre o Seattle Sounders na estreia não soou tão bem, e o vestiário sentiu o golpe: precisamos jogar mais.

O “Monte Everest” tinha que ser escalado para chegar às oitavas, e o Botafogo chegou ao topo com o histórico triunfo por 1 a 0 sobre o PSG no Rose Bowl. Uma partida que não sairá tão cedo da retina dos torcedores e secadores, aula de defesa com a trinca Allan-Gregore-Marlon Freitas funcionando na medida certa.

A derrota para o Atlético, em um jogo mais aberto do que se poderia imaginar, não tirou o Glorioso da improvável (para quem mesmo?) classificação para as oitavas. Um marco, e o adversário nas oitavas seria um velho conhecido: o Palmeiras.

E quem diria que Gregore – desta vez indiretamente – foi fator determinante em um jogo de mata-mata. Suspenso, o volante abriu espaço para Renato Paiva tomar uma decisão: voltar aos esquemas que lhe renderam a boa sequência pré-Mundial (dois atacantes ou 4-2-3-1) ou apostar na manutenção dos três volantes?

O discurso do técnico na prévia indicava um caminho ofensivo, e Cuiabano aparecia como favorito a ser titular. A escalação de Danilo Barbosa, porém, causou espanto a todos. Respeito demais ao rival? Uma surpresa para incomodar o compatriota Abel Ferreira? Questões físicas?

Existia um adversário forte do outro lado, e a vitória alviverde na prorrogação coroou a melhor exibição do time de Abel Ferreira no torneio, assim como a pior do Botafogo na mesma proporção.

No futebol real de Renato Paiva, faltou a magia de Walt Disney: um Botafogo engessado, com Danilo Barbosa “descolado” do time, sem a inspiração de Savarino, sem o poder decisivo de Igor Jesus, sofrendo para construir e com o técnico também errático nas substituições.

Tucu Correa, mais uma vez, foi mais meia do que o atacante que é; Abel “dobrou” a marcação pela esquerda para deter Cuiabano e Montoro, e deu certo; e a genialidade de Paulinho na prorrogação definiu o confronto.

O “abafa” no final poderia ter ofuscado os problemas, mas a questão na Filadélfia foi simples: Renato Paiva errou, e os jogadores no ataque não brilharam.

Sinal de terra arrasada? Claro que não!

John, Vitinho, Jair, Alexander Barboza, Alex Telles, Gregore, Marlon Freitas, Allan, Savarino e Artur provaram mais uma vez que podem jogar de igual para igual com quem aparecer. Menção honrosa ao “novato” Álvaro Montoro, um destaque improvável.

Mas agora a vida alvinegra seguirá sem Igor Jesus. A caminho do Nottingham Forest, o camisa 99, tal qual como chegou, se despede de forma silenciosa, mas com seu nome na história gloriosa, uma passagem irretocável por quase um ano.

Jair é outro que pode sair, Cuiabano também despertou interesse de times estrangeiros…

Por outro lado, Arthur Cabral pode ser “o cara” para substituir Igor Jesus, Tucu Correa é outro nome experiente para o elenco, Kaio Pantaleão deu bons sinais, Santi Rodríguez pegou ritmo de jogo.

A lição para o Botafogo destas três semanas nos Estados Unidos?

Há formas de ganhar dos melhores, como o elenco demonstrou. Ainda restam quase seis meses de temporada com muitas decisões pela frente, o Botafogo tem as peças e o técnico para disputar e, quem sabe, conquistar novas taças.

Mas também há formas de perder, especialmente fugindo de suas características. Se a essência alvinegra for logo retomada, o presente pode ser ainda mais glorioso.

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