Martin Braithwaite forçou o terceiro cartão amarelo na derrota do Grêmio para o Sport, no último domingo (10), para cumprir suspensão na partida contra o Atlético-MG no gramado sintético da Arena MRV no próximo domingo (17), como revelou a ESPN. Apesar de ter sido advertido de propósito, isso não deve causar punição adicional ao atacante.
A reportagem ouviu pessoas com ligação aos tribunais esportivos e, embora haja o entendimento, que a conduta poderia ser enquadrada como “atitude contrária à disciplina e ética”, que está prevista no artigo 258 do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), há também consenso que Braithwaite não deve ser punido.
Ex-procurador do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) de São Paulo, Wilson Marchetti Jr. entende, por exemplo, que, para ser enquadrado no artigo e julgado, seria necessária uma prova concreta e também que a premeditação pelo cartão aparecesse na súmula.
O árbitro Yuri Elino Ferreira da Cruz advertiu o atacante dinamarquês por puxar Lucas Lima pela camisa aos 41 minutos do segundo da partida na Arena do Grêmio, e apenas relatou esse motivo em seu relato pós-jogo.
Paulo Feuz, ex-auditor do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e coordenador chefe de pós-graduação em direito esportivo na PUC-SP, também não vê risco para Braithwaite e cita três motivos principais: seu cartão não prejudica o adversário; não prejudica o próprio Grêmio, já que houve acordo com o técnico Mano Menezes para a advertência; e também não há crime civil, como acontece em cartões forçados por envolvimento em apostas.
Há precedente no STJD de julgamento por cartão forçado, que aconteceu em 2011, quando Thiago Neves e Ronaldinho Gaúcho, então no Flamengo, responderam por isso.
Acontece que, na ocasião, Neves admitiu publicamente que ele e o companheiro haviam recebido o amarelo de propósito em jogo contra o Palmeiras, para cumprirem suspensão diante do Ceará e depois estarem liberados para atuar contra o Santos.
A dupla foi enquadrada justamente no artigo 258 do CBJD, que previa punição de um até 10 jogos de suspensão. Os dois, contudo, acabaram inocentados.
Na época, o árbitro Leandro Vuaden foi ouvido no tribunal e disse não ter percebido que os dois estavam forçando a punição.
Thiago Neves, em depoimento, também recuou no que havia dito e afirmou não ter combinado de receber o cartão previamente com Ronaldinho.