O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta terça-feira (23), em Nova York, um aporte de US$ 1 bilhão no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFF, na sigla em inglês).
O mecanismo tem como objetivo remunerar financeiramente os países que preservam suas florestas tropicais, funcionando como um modelo de financiamento climático de alcance global.
Fundo voltado à preservação
Segundo Lula, o TFF foi estruturado em parceria com o Banco Mundial, organizações internacionais, sociedade civil, povos indígenas e comunidades locais.
A proposta é complementar a outros mecanismos de pagamento por redução de emissões de gases de efeito estufa, articulando conservação, uso sustentável de recursos ecossistêmicos e justiça social.
“O TFF não é caridade, é um investimento na humanidade, no planeta, contra a ameaça de devastação pelo caos climático”, afirmou o presidente.
O Brasil será o primeiro país a aportar recursos no fundo, liderando o compromisso global. Em agosto, durante reunião em Bogotá, o TFF já havia recebido o apoio dos países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica.
Repercussão no agro
O anúncio foi tema de análise no programa Planeta Campo, do Canal Rural, que contou com a participação do comentarista Miguel Daoud.
Segundo ele, a criação do fundo reforça o papel do Brasil como potência agroambiental. “Nós precisamos ter a sustentabilidade para mostrar para o mundo que somos capazes de produzir alimentos preservando o meio ambiente”, disse.
O comentarista também comparou a iniciativa brasileira com a postura do ex-presidente norte-americano Donald Trump, que durante a Assembleia Geral da ONU voltou a criticar políticas de energia verde e classificou a mudança climática como “a maior farsa do mundo”.
Para Daoud, a posição de Trump reflete a defesa da matriz energética fóssil dos Estados Unidos, enquanto o Brasil aposta na preservação como diferencial competitivo.
“Muitos países devastaram todas as suas florestas para poder crescer. E hoje é hora do planeta devolver às florestas a sua garantia, com a criação desse fundo”, destacou.
Brasil no centro das discussões
Segundo Daoud, a iniciativa pode ser considerada como uma oportunidade para o Brasil transformar preservação ambiental em poder de negociação internacional.
Ele lembrou ainda que estudos da Embrapa e de universidades estrangeiras apontam que a agricultura nacional é praticamente neutra em carbono, já que compensa grande parte das emissões com sequestro de CO₂.