Quando algumas milhares de galinhas amanheceram mortas em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, o sinal vermelho acendeu. Era 15 de maio de 2025. O Brasil registrava o primeiro caso de gripe aviária em uma criação empresarial.
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Desde então, teve início a desinfecção. O rito é extenso. Extermínio das outras aves da granja. Esterilização dos aviários. Fiscalização nas imediações. E um intervalo de quase um mês sem qualquer outro registro da doença para dá-la como eliminada. Protocolos cumpridos. Finalmente, nesta quarta-feira, 18, o país pode afirmar: “Livre da gripe aviária”. o Ministério da Agricultura confirmou que fará o anúncio.
Notícia auspiciosa para os negócios. Apesar de a gripe aviária não se transmitir por carne cozida, frita ou assada, a doença elimina uma granja inteira e mata mercados — ao menos por um tempo. É péssimo para o Brasil.
Mercado infectado
O país é o maior exportador de carne de frango do mundo. Sem gripe aviária, as vendas ao mercado externo renderam US$ 9 bilhões em 2024.
A contaminação no Rio Grande do Sul paralisou, por exemplo, as vendas para a China. É o maior cliente dos frigoríficos brasileiros no exterior. E isso mesmo com o local da contaminação não produzindo frangos diretamente para o abate e o município que o abriga estando bem longe de representar a produção nacional.
Gripe aviária, um espirro isolado no Brasil
Até o momento, a única contaminação de uma granja comercial no Brasil aconteceu em Montenegro. Trata-se de um município próximo ao litoral gaúcho e à capital, Porto Alegre.
A criação pertence à Vibra Foods. O local se dedica à produção de ovos férteis. De lá, portanto, sai o que um dia pode virar um filhote.
É diferente, por exemplo, das granjas de engorda. Nesse caso, as aves chegam com um ou dois dias de nascidas e passam pouco mais de um mês comendo e ganhando massa para sustentarem, principalmente, a vida humana.
Além disso, Montenegro passa longe de liderar a produção brasileira de aves. O rebanho municipal, quando comparado ao volume de frangos criados ao longo de todo o país, equivale a um pequeno copo diante de uma caixa-d’água de mil litros.
Se daqui para frente não surgirem novos focos de gripe aviária, o caso não terá passado de um espirro dentro de um país que é exemplo de como produzir carne de aves. Ainda assim, não dá para afrouxar o cinto. Ao contrário, é preciso redobrar os cuidados para impedir uma epidemia de um vírus muito pior: a desinformação, cuja doença fatal é o medo.