A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) divulgou nota nesta quarta-feira (23) em que defende que o país suspensa imediatamente a importação de tilápia do Vietnã.
Para a entidade, essa medida deve ser adotada com urgência pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
“Essa ação é imprescindível para preservar a sustentabilidade da cadeia produtiva da tilápia no Brasil, que é formada por cerca de 98% de pequenos produtores. Isso significa que qualquer instabilidade ou desequilíbrio na concorrência afeta diretamente a capacidade de manutenção da atividade brasileira”, destaca o texto.
A Peixe BR destaca que o Brasil conta com 237.669 estabelecimentos rurais com foco na produção de peixes, totalizando um Valor Bruto de Produção (VBP) de R$ 12,5 bilhões em 2024.
“Além disso, 21% da produção nacional provém de cooperativas, sendo que o maior exportador brasileiro de tilápia para os Estados Unidos é justamente uma cooperativa de produtores, evidenciando o papel estratégico desses modelos organizacionais”, ressalta a nota.
Preços pagos ao produtor
A Peixe BR afirma que os preços pagos ao produtor estão abaixo dos valores registrados no mesmo período do ano passado.
O movimento é reflexo de uma oferta elevada pela diminuição das exportações e da queda sazonal no consumo durante o inverno. “Desta forma, a entrada de produto importado com preços inferiores intensifica ainda mais a pressão sobre o mercado interno, comprometendo a rentabilidade e a sobrevivência de milhares de produtores”, diz o texto da entidade.
Tilápia sustentável
A Peixe BR reforça que o uso de ração de origem vegetal e baixo nível de exigência de proteína, especialmente quando comparado a espécies como o salmão, faz do Brasil o país com a tilapicultura mais sustentável do mundo.
“Somado a isso, o país detém o sistema regulatório ambiental e de inspeção mais rigoroso entre os quatro maiores produtores mundiais de tilápia.”
A Associação reitera que o Brasil é líder na adoção de tecnologia na produção de tilápia, inovação que exige altos investimentos, cuja amortização média varia entre sete e dez anos. “Por isso, caso esse cenário atual de preços em queda e concorrência desleal persista, há grandes chances de haver uma inadimplência generalizada dos financiamentos de longo prazo, colocando em risco o futuro do setor”, afirma.