A produção de carne suína no Brasil deu um salto de 12,8% nos últimos quatro anos, passando de 4,701 para 5,305 milhões de toneladas entre 2021 e 2024. Já as exportações tiveram acréscimo de 19,4% no período, indo de 1,13 para 1,35 milhão de toneladas.
Em termos de receita de embarques, a alta foi de 15,3%, saindo de US$ 2,6 bilhões para US$ 3 bilhões, conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, a suinocultura é o setor de proteína animal brasileiro com o maior potencial de crescimento em exportações. “Não me surpreenderia se até o final dessa década o Brasil atingisse a liderança das exportações mundiais de carne suína”, afirma.
De acordo com ele, boa parte do continente asiático é, atualmente, dominado por carne suína do Brasil. “Em 2025, o Brasil se tornará o terceiro maior exportador de carne suína do mundo, com um volume de exportação que deve atingir 1,4 milhão de toneladas e, para o ano que vem, mais de 1,5 milhão de toneladas.”
Tal desempenho é possível porque, na avaliação de Iglesias, o Brasil consegue algo que os grandes produtores de carne não estão sendo capazes de fazer: controlar os custos de produção.
“Nós percebemos esse cenário na União Europeia, nos Estados Unidos, em outros países do mundo, como a China, locais onde o custo para produzir é alto. Aqui no Brasil nós temos um custo relativamente controlado pela abundância de grãos que dispomos e também pelo mercado, com uma moeda que é fraca, o que aumenta a competitividade do produto brasileiro”, considera.
Mercados compradores de carne suína
Conforme os dados da ABPA, entre 2021 e 2024, a proteína nacional do porco ganhou novos mercados, passando de 86 para 94.
Em relação aos principais destinos da carne suína brasileira, em 2024 houve uma surpresa: as Filipinas lideram as compras, com 254,332 mil toneladas, ultrapassando a China, que adquiriu 241,008 mil toneladas. Os Estados Unidos, que taxaram as proteínas animais brasileiras em 50%, aparecem apenas em décimo lugar, com menos de 30 mil toneladas importadas.
Para Iglesias, a tendência é que as Filipinas continuem crescendo como um dos principais parceiros comerciais do Brasil quando o assunto são proteínas animais porque o país asiático tem demonstrado problemas em controlar surtos de peste suína africana e, portanto, demanda o produto brasileiro.
A respeito da inviabilidade de venda ao mercado norte-americano, o especialista considera que o Brasil não sentirá efeitos e conseguirá redirecionar suas exportações para outras nações, o que já vem acontecendo com a maior participação de nações como Cingapura, Japão e Vietnã.
O especialista de Safras & Mercado considera que o trabalho de abertura de novos mercados desempenhado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), ABPA e outras entidades tem sido exitoso e que o potencial de exportação nos próximos meses é imenso.