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Brasil vira fornecedor de países que exportam carne bovina aos Estados Unidos

O Brasil ganhou protagonismo em uma nova dinâmica do comércio internacional de carnes. Países vizinhos, como o Paraguai, têm utilizado o produto brasileiro para abastecer seus mercados internos. Com isso, as exportações de carne bovina local para os Estados Unidos são ampliadas. A prática é conhecida como arbitragem ou “triangulação”.

Segundo Lygia Pimentel, diretora da Agrifatto, essa movimentação não fere acordos comerciais, mas ajuda a manter o fluxo global de exportações. “Na prática, o Paraguai pode comprar carne brasileira para consumo doméstico e exportar a sua própria carne para os Estados Unidos, aproveitando os bons preços do Brasil para não reduzir o estoque interno”, explica.

De acordo com dados da Agrifatto, os embarques de carne bovina do Brasil para o mercado paraguaio aumentaram 55% no acumulado de 2025 frente ao mesmo período de 2024. Porém, entre julho e agosto, o volume exportado saltou para 178%.

Competitividade sustenta exportações brasileiras

O movimento de arbitragem ocorre em um momento em que o Brasil deve atingir o maior volume mensal de exportações de carne bovina em setembro. Até a quarta semana do mês passado, foram embarcadas 294,7 mil toneladas da proteína, um recorde da série histórica. Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) confirmam que o país ampliou as vendas mesmo fora do mercado norte-americano e enfrentando o tarifaço.

Para Pimentel, o resultado também consolida o país como o fornecedor de carne bovina mais competitivo do mundo. Segundo ela, os preços são 24% mais baixos que a média global. “O país está exportando muito porque possui a carne mais barata do mundo. Essa competitividade tem sustentado as vendas apesar das barreiras comerciais”, afirma.

Além disso, a analista destaca que o desempenho reflete a capacidade de o país diversificar mercados e se manter relevante no comércio internacional, mesmo sem acesso direto aos Estados Unidos.

Oportunidade para o mercado brasileiro

Diante disso, a diretora da Agrifatto afirma que essa “é uma enorme oportunidade” para os pecuaristas brasileiros e o mercado nacional como um todo. Para Pimentel, o bom momento das exportações chega em meio a uma oferta recorde de animais para abate, resultado da fase de liquidação de fêmeas do ciclo pecuário.

Se por um lado esse aumento da disponibilidade de carne poderia pressionar os preços pagos ao produtor, por outro, a demanda global tem funcionado como válvula de escape. “Não fosse a demanda externa aquecida e os baixos preços brasileiros, seria mais difícil escoar esse excedente. A arbitragem tem sido uma oportunidade importante para equilibrar o mercado durante esse período de oferta abundante”, afirma.

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