Elisângela Coelho – 17/06/2025 09h32

Nos últimos anos, o Brasil tem registrado um aumento preocupante nos casos de síndrome de burnout, também conhecida como esgotamento profissional. O que muitos trabalhadores não sabem é que essa condição, se devidamente diagnosticada, pode gerar direito a afastamento pelo INSS e até mesmo aposentadoria por incapacidade permanente.
A síndrome de burnout é considerada uma doença ocupacional desde 2022 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ou seja, ela tem relação direta com o trabalho. Isso significa que o trabalhador pode ter acesso aos mesmos direitos garantidos a quem sofre um acidente de trabalho.
O que é burnout?
Burnout é um distúrbio emocional caracterizado por exaustão extrema, estresse crônico e esgotamento mental, geralmente causado por ambientes de trabalho tóxicos, sobrecarga de tarefas, metas abusivas ou falta de reconhecimento profissional.
Os sintomas incluem:
- Cansaço constante, mesmo após descanso;
- Crises de ansiedade;
- Irritabilidade, choro fácil;
- Falta de concentração;
- Insônia;
- Queda de produtividade;
- Sensação de incapacidade.
Se não for tratada, a condição pode se agravar e inviabilizar o retorno ao trabalho, o que pode levar à concessão de benefício por incapacidade ou até mesmo aposentadoria.
Quais direitos o trabalhador com burnout pode ter?
Se o médico constatar que o burnout impede o exercício da atividade profissional, o trabalhador pode solicitar ao INSS:
- Auxílio por incapacidade temporária (auxílio-doença);
- Aposentadoria por incapacidade permanente (invalidez).
Quando o burnout é reconhecido como doença ocupacional, o cálculo do valor da aposentadoria pode ser mais vantajoso: 100% da média salarial, sem redutores, conforme as regras atuais.
O que fazer?
Para garantir o direito, é essencial apresentar:
- Laudos médicos com CID (F43.0 – Reação ao estresse grave, por exemplo);
- Atestados e relatórios de psicólogos e psiquiatras;
- Prova da relação entre a doença e o ambiente de trabalho;
- Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), se possível.
Também é recomendável buscar apoio jurídico para acompanhar o processo e garantir que o direito seja respeitado.
O esgotamento mental não é “frescura”. Burnout é uma doença séria e reconhecida. E se ela foi causada pelo seu trabalho, você tem direito à proteção social e previdenciária.
Se você está enfrentando essa situação, não hesite em buscar ajuda médica e orientação jurídica. Lembre-se de que você não está sozinho; e a lei está do seu lado.
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Dra. Elisângela Coelho foi trabalhadora rural, doméstica, vendedora e hoje atua como advogada especialista em direito previdenciário. |
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