COM ASSESSORIAS – O café é um dos itens com maior aumento nos últimos meses, o que vem pesando no bolso dos empresários que têm a bebida como carro-chefe das suas empresas.
Nos últimos 12 meses, o valor do café moído subiu 50,35%, segundo dados do IPCA. Apesar disso, empresários têm segurado o reajuste, como o Lúmen Café + Gastronomia. “Nós ainda não sentimos exatamente a alta, pois somos uma torrefação e temos estoque do ano passado”, ressalta Rafael Wagner, proprietário.
Entretanto, segundo Rafael, até metade de 2025 a cafeteria localizada em Ponta Grossa necessitará renovar o estoque: “Aí sim iremos sentir, mas de antemão tenho certeza de que não poderemos repassar todo o aumento ao cliente, teremos que absorver uma porcentagem da perda, e tentar compensar de outra forma”.
Segundo o IBGE, o cafezinho servido nos estabelecimentos de alimentação fora do lar encareceu cerca de 10,49% em 2024. “Fizemos um aumento, mas bem menor do que gostaríamos, para poder fazer o caixa para o momento da compra de nosso estoque”, menciona o empresário.
E diante de tantos desafios, é preciso buscar alternativas, como produtores da fruta com valores mais em conta ou reajustar outros itens do cardápio. “Estamos pesquisando alguns fornecedores novos, porém nossos cafés são de alta a altíssima pontuação e qualidade, então alguns de nossos fornecedores teremos de continuar, pois entregam um produto excepcional”, comenta Rafael.
Para ele: “De modo geral não temos para onde correr, mas precisamos pesquisar alguns preços tentando amenizar de alguma forma, principalmente na linha de cafés especiais com pontuações não tão altas”, finaliza.
Essa escalada nos preços tem impacto direto nos custos operacionais dos bares e restaurantes. A alta recente reforça um dilema para os estabelecimentos. Enquanto o custo do café sobe rapidamente, os preços repassados ao consumidor avançam em ritmo lento.
Em janeiro o preço do cafezinho nos bares e restaurantes subiu apenas 2,71%, muito abaixo da alta de 8,56% registrada nos supermercados no mesmo período.
O comportamento dos preços nos bares e restaurantes reflete a dificuldade de um setor que opera com margens reduzidas e precisa manter a atratividade para consumidores cada vez mais cautelosos.
Levantamento da Abrasel aponta que 32% dos empresários não conseguiram reajustar seus cardápios nos últimos 12 meses, enquanto 59% fizeram reajustes abaixo ou apenas acompanhando a inflação.
Lucas Klas, presidente da Abrasel, comenta que a situação é delicada. “Diferentes fatores vêm afetando a produção do café e influenciando os valores e isso, claro, afeta a todos, já que quanto mais caro, mais inflação, menos margem de lucro e mais corte de gastos”.
Segundo ele, há duas saídas: segurar o aumento dos preços e operar em prejuízo ou repassar o valor e ver os clientes diminuírem. “É uma sinuca de bico”, finaliza.