A atenção é a arma mais imprescindível na batalha. O café é uma das munições para manter os soldados em alerta — e a versão solúvel transformou a xícara em metralhadora. Foi assim na Segunda Guerra Mundial. O produto instantâneo, recém-criado a pedido do Brasil, ajudou a manter os aliados acordados na luta contra nazismo.
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O café do tipo solúvel é uma tecnologia criada pela Nestlé, dona da marca Nescafé — até hoje nas prateleiras dos supermercados. A invenção surgiu de um pedido do governo brasileiro, alguns anos antes de Adolf Hitler, o ditador nazista, enfiar o mundo na Segunda Guerra Mundial.
Batalha da oportunidade
A economia mundial enfrentava os efeitos da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929. E o Brasil também sentiu os dissabores da destruição lançada sobre o mercado nacional.
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Para os brasileiros, a cafeicultura era a grande arma para conquistar riqueza. O campo de batalha: o comércio internacional. Contudo, o fruto virou um luxo dispensável num mundo em recuperação. Sem mercado para escoar, sobraram montanhas do grão paradas.
Em meio ao caos, surgiu a estratégia: facilitar o preparo da bebida para atrair mais clientes. Washington Luís, então presidente brasileiro, encaminhou a missão à Nestlé — que já era um gigante dos alimentos.
Depois de oito anos de pesquisa, a Nestlé lançou o café solúvel na Suíça, em abril de 1938. Muita coisa mudou nesse intervalo. Inclusive, alguns governos.
Café do governo solúvel
O Brasil passou a viver sob uma ditadura imposta por Getúlio Vargas. Houve tanta mudança que aconteceu uma guerra dentro de casa — dos paulistas contra o ditador.
Ao mesmo tempo, Hitler chegou ao poder na Alemanha. Deu tempo de o nazista impor o ódio como modo de vida e formar um bando para brigar com o mundo. Em 1939, o ditador se sentiu forte o suficiente para invadir a Polônia. O ato desafiou Reino Unido e França. Assim, teve início a Segunda Guerra Mundial.


No começo, Vargas flertou com Hitler. Mas, assim como nos negócios, nas relações entre países, o amor perde para os interesses. O Brasil manteve as relações comerciais com o Reino Unido e os Estados Unidos.
Em 1941, os alemães afundaram navios comerciais brasileiros. No meio disso, Vargas fechou um acordo com os norte-americanos: os termos permitiam a construção de bases militares no Nordeste, em troca de financiamento para a indústria pesada no país — entre elas, a Companhia Siderúrgica Nacional.
Com o contrato, o ditador passou a apoiar a guerra contra o nazismo. O acerto levou ao envio de soldados brasileiros para a Europa e também manteve o suprimento de um lado para o outro do Atlântico. Entre os produtos na linha de frente, o Nescafé — café solúvel feito graças ao grão plantado no Brasil.