
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump devem se encontrar neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). O encontro pode marcar o início de um degelo nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos após meses de atrito por causa do tarifaço.
A reunião é cercada de expectativa, especialmente entre setores ligados ao agronegócio brasileiro, que acompanham de perto a possibilidade de revisão da tarifa de 50% imposta por Washington a alguns produtos no início de agosto. Com base em análises e no histórico de declarações de líderes dos dois países, o Canal Rural listou os principais temas que devem estar na pauta do encontro entre Lula e Trump.
Café
Após Trump declarar, em uma reunião online com Lula, que os americanos “sentem falta” do café brasileiro, aumentaram as apostas de que o produto possa ser tratado como exceção ao tarifaço. O Cecafé defende a isenção e aponta que o aumento do preço nos EUA reforça as chances de retomada de negociações sobre a suspensão das taxas.
Carne
A sobretaxa anunciada pelos EUA elevou os custos e contribuiu para o aumento do preço da carne bovina ao consumidor norte-americano. Como resposta, Trump ampliou as cotas de importação da proteína argentina, o que irritou pecuaristas locais. Para o Brasil, embora os embarques tenham sido redirecionados, especialmente para a China, a reabertura do mercado norte-americano é vista como vantajosa para frigoríficos e pecuaristas brasileiros.
Soja
O Brasil é hoje o principal concorrente dos Estados Unidos no mercado chinês de soja. Produtores americanos têm alertado o governo sobre o risco de perder espaço para o grão brasileiro na China, o que torna o tema um ponto sensível nas negociações comerciais entre Washington e Brasília.
Terras raras
As reservas brasileiras de minerais estratégicos, conhecidas como terras raras, têm despertado forte interesse internacional e aparecem como um dos principais trunfos de negociação do Brasil. Os EUA pressionam por maior acesso a esses recursos, considerados essenciais para cadeias tecnológicas, energéticas e de defesa — e estratégicos no embate comercial com a China. Pela relevância geopolítica, o tema deve integrar o cardápio de trocas políticas e econômicas entre os dois países.
Embraer
No campo industrial, o governo brasileiro deve usar propostas de investimento como argumento para aliviar as sobretaxas. Entre elas, está a ampliação de parcerias da Embraer com empresas americanas. Segundo reportagem do UOL, os negócios entre a fabricante brasileira e os EUA podem chegar a US$ 40 bilhões.
Brics e Venezuela
Além das pautas comerciais, Lula deve incluir na conversa temas geopolíticos. O presidente defende que o Brics adote posições conjuntas contra medidas unilaterais e reforce o uso de moedas locais nas transações internacionais, reduzindo a dependência do dólar. A crescente tensão entre EUA e Venezuela também deve entrar na pauta, com Lula reafirmando sua oposição a qualquer intervenção militar que desestabilize a região.


