A produção de carne sustentável no Brasil tem ganhado cada vez mais espaço entre consumidores conscientes, investidores e mercados exigentes. Com foco em práticas éticas, responsabilidade ambiental e social, produtores brasileiros estão apostando na transformação do modelo pecuário tradicional para um modelo mais integrado, tecnológico e de valor agregado.
Carne sustentável: práticas que agregam valor e ampliam mercados
A carne sustentável brasileira se baseia em três pilares fundamentais: respeito ambiental, responsabilidade social e cuidado trabalhista. Esses elementos, quando alinhados a processos produtivos rigorosos, garantem um produto com valor diferenciado — cada vez mais valorizado dentro e fora do país.
Entre as práticas adotadas por empresas, destacam-se:
- Manejo sem violência: estímulos positivos como música, brinquedos e ausência de instrumentos agressivos.
- Abate insensibilizado: respeitando o bem-estar até o último momento de vida do animal.
- Nutrição personalizada: com dietas balanceadas para garantir qualidade e reduzir emissão de gases.
- Aproveitamento total da carcaça: cortes nobres, subprodutos como caldo de osso, bacon bovino e manteiga de banha.
- Certificações ambientais: cumprimento de mais de 130 critérios da Rainforest Alliance.
“É possível unir sustentabilidade à produção de carne em larga escala. O segredo está na gestão e na consciência produtiva”, afirma Amália Sechis, empresária do setor.
Um dos grandes desafios da pecuária nacional é sair do modelo baseado em volume e preço e migrar para uma proposta de valor agregado. A carne sustentável representa exatamente essa transição: menos quantidade, mais qualidade, rastreabilidade e conexão com o consumidor.
Essa mudança exige uma nova postura não só dos produtores, mas também do consumidor, que precisa compreender os diferenciais do produto sustentável para valorizar esse modelo produtivo.
Desafios e oportunidades da carne sustentável no Brasil:
- Baixa escala atual da produção sustentável
- Custo elevado comparado ao modelo convencional
- Desinformação do consumidor sobre práticas produtivas
- Necessidade de melhorar a comunicação setorial
- Falta de políticas públicas específicas para incentivo
“O consumidor precisa entender por que esse produto tem um valor diferente. E isso só é possível com comunicação eficiente”, destaca Amália.
A tendência de valorização da carne sustentável é ainda mais acentuada no mercado externo, que tem procurado cada vez mais produtos com rastreabilidade, bem-estar animal e práticas alinhadas a critérios ambientais internacionais. Segundo Amália, esse nicho tende a crescer exponencialmente com a conscientização global e o avanço da agenda ESG no agronegócio.
COP 30: uma vitrine para o Brasil mostrar sua carne de baixo impacto
Com a proximidade da COP 30, conferência climática da ONU que será sediada no Brasil, os holofotes estão voltados para o papel do país na produção de alimentos com baixa emissão e responsabilidade ambiental. A carne sustentável é uma das grandes apostas para mostrar ao mundo que é possível aliar produtividade, escala e respeito à natureza.
Empresas que aplicam boas práticas já estão colhendo os frutos: valorização da marca, abertura para novos mercados, parcerias internacionais e maior competitividade no varejo interno. Porém, para consolidar esse novo ciclo, o setor precisa de união entre os produtores, investimentos em tecnologia e certificações e maior foco em comunicação transparente com o consumidor final.

Protagonismo feminino no setor
Um exemplo inspirador dessa transformação no setor é a trajetória de Amália Sechis, que saiu do vegetarianismo para liderar uma marca de carne sustentável no Brasil. Em entrevista ao site A Protagonista, Amália detalha como uniu bem-estar animal, manejo responsável e práticas socioambientais para criar um produto de alto valor agregado. A história completa pode ser conferida neste link.