O evento principal do UFC 317, um dos cards mais importantes do ano, foi alvo de muita especulação no meio do MMA. Agora sendo palco do confronto entre o brasileiro Charles do Bronx e Ilia Topuria pelo cinturão vago dos leves, o headliner da noite só foi definido após Islam Makhachev confirmar que subiria para os meio-médios.
A grande especulação sobre o evento principal girava em torno de um fator: a amizade entre Islam Makhachev e Belal Muhammad, campeão dos meio-médios até o UFC 315. O russo já havia dito que não realizaria seu sonho de subir de categoria enquanto o amigo continuasse com o cinturão. Com isso, o cinturão dos leves seria disputado entre o daguestanês e o novato Ilia Topuria.
Entretanto, no UFC 315, em Montreal, Belal Muhammad seria derrotado por Jack Della Maddalena, australiano que não possui vínculos de amizade com Makhachev. Assim, foi confirmado que Islam subiria de categoria, vagando o cinturão dos leves. Com isso, Charles apareceu como principal nome da categoria e confirmou seu duelo com Ilia Topuria.
Em entrevista exclusiva à ESPN Brasil, Charles Oliveira, o “Do Bronx”, explicou como essa grande negociação funcionou nos bastidores: “Cara, na realidade, é muito disse-me-disse. Lógico, vocês têm que jogar várias coisas na internet, a mídia faz isso. Mas, na realidade, a gente está falando sobre o UFC, onde é tudo muito imprevisível. Hoje é Charles e Topuria, amanhã pode mudar o cenário. Então, na realidade, como eu falei para o Diego (Lima), vamos esperar as coisas acontecerem, vamos deixar as coisas andarem”.
Com a luta confirmada com Ilia Topuria, Charles agora tem novamente uma chance de recuperar o cinturão que foi seu entre maio de 2021 e maio de 2022. Após vencer Michael Chandler em um embate também por um cinturão vago, o brasileiro ainda defenderia seu posto contra Dustin Poirier, antes de perder seu título após não bater peso para seu confronto com Justin Gaethje.
Apesar da vasta experiência na categoria, na qual luta há oito anos, Do Bronx ainda assim abriu as casas de apostas como azarão contra Ilia Topuria, que fez carreira nos penas e só agora vai subir definitivamente de peso, com sua segunda luta nos leves já sendo pelo cinturão.
Frente à descrença de muitas pessoas em sua trocação, Charles não se mostra abalado: “Cara, na realidade, quando entro como azarão eu até gosto, quem acredita em mim ganha muito dinheiro. Você imagina, se eu trouxesse todo esse problema, toda essa bagagem: ah, o cara é invicto, o cara está falando isso, daqui a pouco eu não consigo nem chegar no cage”.
“Na realidade, eu não estou ligando para o que está lá fora. Eu estou simplesmente focado aqui dentro. E quando fechar aquela grade lá, dia 28, vamos ver quem é o campeão de verdade”, disse o maior finalizador da história do UFC.
A tranquilidade que Charles exala ao falar de seu próximo confronto e de seu status como azarão se deve, principalmente, ao fato de que essa condição não é novidade. Apesar de, em seu melhor momento, ter engatado 11 vitórias seguidas, Do Bronx sempre foi questionado tecnicamente, principalmente por quem acreditava que o brasileiro deixava muitas brechas em sua trocação.
Oliveira, por sua vez, provou que essas análises estavam erradas ao enfileirar, e finalizar, alguns dos melhores strikers de sua divisão, como relembra o brasileiro: “Cara, o Gaethje era um bicho-papão e falou quando eu bati nele, tremeu tudo. Dustin Poirier era um cara que era um excelente trocador, um cara completo. E vocês viram a luta que foi. Então, o que mais eu tenho que provar lá dentro? Eu lutei contra os grandes nomes e fiz história. Finalizei, nocauteei, tomei knockdown, levantei. Então, vou me provar mais uma vez”.
Em situação similar às de Gaethje e Poirier, Ilia Topuria é conhecido por ter um boxe alinhado e é visto como um sério risco para o queixo exposto de Oliveira, principalmente após o georgiano ter nocauteado Alexander Volkanovski e Max Holloway em sequência.
Do seu lado, Charles ressalta mais uma vez que essa história não é novidade, mas também explica onde pode ter vantagens contra Topuria: “Eu acho que, do mesmo jeito que vocês estão falando para mim, vocês já assistiram essa novela várias vezes. Caras que falaram várias coisas e, quando chegou na hora, vocês viram o que aconteceu”.
“E, como estamos falando, no dia 28 de junho, se ele tem mão para bater, eu também tenho. Se ele tem o jiu-jitsu igual ele está falando que tem, eu também tenho. Eu estou pronto, tanto em pé quanto no chão. Ele é um cara que anda para frente, eu também, então são duas carretas andando para frente. Vamos ver quem vai andar para trás primeiro, vamos ver quem vai dobrar primeiro”, analisa o brasileiro.