Investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) por suposto esquema de “rachadinha” no gabinete do deputado Wilson Santiago (Republicanos-PB), a chefe de gabinete de Hugo Motta (Republicanos-PB), Ivanadja Velloso Meira Lima, detém poderes para sacar salários e movimentar contas de todos os servidores do atual presidente da Câmara.
A informação foi revelada pelo site Metrópoles, que identificou dez funcionários e ex-funcionários do gabinete de Motta que assinaram procurações com poderes “amplos e ilimitados” para Ivanadja. O registro das procurações ocorreu em cartórios da Paraíba.
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Ainda segundo o site, oito desses documentos autorizam explicitamente o recebimento de salários. Desses, dois signatários ainda fazem parte da equipe. Juntos, esses servidores receberam mais de R$ 4 milhões enquanto trabalharam com o deputado.
Hugo Motta não quis comentar o caso.
Antes de assumir no gabinete de Motta, Ivanadja foi chefe de gabinete de Santiago. À época, o MPF a acusou de movimentar a conta de um servidor fantasma que não conhecia seu salário nem número da conta. O órgão usou como prova a procuração assinada por ele.


Depois da acusação, Ivanadja deixou o gabinete de Santiago em 31 de janeiro de 2011 e começou a trabalhar com Hugo Motta no dia seguinte. De acordo com o Metrópoles, ela continuou recebendo procurações para sacar e movimentar valores nas contas dos servidores. A prática indica possível continuidade ou ampliação do esquema.
Entre os atuais assessores que concederam procurações está o motorista e caseiro Ary Gustavo Xavier Guedes Soares, que recebeu mais de R$ 1,1 milhão desde 2011. Outro caso é o da secretária parlamentar Jane Costa Gorgônio, com R$ 336,7 mil em salários desde 2012.
Maria Socorro de Oliveira transferiu poderes a Ivanadja em 2013, seis dias depois de sua nomeação. Permaneceu no gabinete até 2016, enquanto também ocupava cargo no governo da Paraíba, situação vedada pela Constituição. Recebeu R$ 82,1 mil da Câmara no período.
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A lista inclui ainda Adilani da Silva Justino Soares, a advogada Gabriela de Oliveira Figueiredo Leitão Venâncio, Valdirene Novo dos Reis, o publicitário Kelner Araujo de Vasconcelos, o aliado Paulo Vinícius Marques Pinheiro e Raimundo Nonato de Araújo. Alguns deles já foram alvos de outras investigações do MPF.
Pelas regras da Câmara, cada deputado pode contratar de cinco a 25 secretários parlamentares, com carga de 40 horas semanais e salários entre R$ 1,5 mil e R$ 18,7 mil. A frequência deve ser atestada mensalmente pelo parlamentar.