Liu Jianchao, alto diplomata chinês considerado um possível futuro ministro das Relações Exteriores, foi levado por autoridades para interrogatório depois de retornar a Pequim de uma viagem oficial no fim de julho, conforme publicou o jornal norte-americano Wall Street Journal neste sábado, 9.
O motivo da detenção não foi informado pela China. Com 61 anos, Liu é chefe do Departamento Internacional do Partido Comunista Chinês, órgão responsável por relações com partidos estrangeiros e Estados socialistas. O site oficial da pasta ainda o lista como ministro.
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Segundo registros oficiais, as últimas agendas públicas de Liu incluíram visitas a Singapura, África do Sul e Argélia no fim do mês passado. Sua ausência ocorre em um momento em que o líder chinês Xi Jinping tem priorizado a lealdade política nas nomeações de cargos estratégicos.
A detenção de Liu é o caso de mais alto nível com um diplomata chinês desde a saída de Qin Gang do cargo de chanceler em 2023, depois de investigação interna identificar um caso extraconjugal durante seu período como embaixador em Washington.
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Com a queda de Qin, Liu foi considerado um dos principais candidatos à chefia do Ministério das Relações Exteriores, por causa de sua experiência acumulada no serviço diplomático e em funções de combate à corrupção.
Em 2024, durante viagens a Washington e Nova York, ele recebeu elogios por defender relações estáveis com os Estados Unidos. “Os chineses basicamente nos disseram que ele seria o próximo ministro das Relações Exteriores”, afirmou à época um funcionário norte-americano.


Liu ingressou no Partido Comunista e no Ministério das Relações Exteriores nos anos 1980, estudou relações internacionais em Oxford e atuou como porta-voz da chancelaria durante os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
Ocupou postos de embaixador nas Filipinas e na Indonésia, foi vice-ministro das Relações Exteriores e, em 2015, assumiu funções na área anticorrupção. Em 2022, tornou-se membro pleno do Comitê Central do partido e passou a viajar com frequência para países ocidentais, algo incomum para ocupantes anteriores do seu cargo.
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