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Cientistas acham ‘sinal mais claro’ de vida em Marte até agora, diz Nasa

Cientistas acreditam que intrigantes manchas em formato de leopardo encontradas em uma rocha coletada pelo rover Perseverance em Marte no ano passado podem ter sido potencialmente feitas por vida antiga, anunciou a Nasa nesta quarta-feira (10).

A equipe também publicou um artigo revisado por pares na revista Nature sobre a nova análise, embora afirmem que mais estudos ainda são necessários.

“Depois de um ano de revisão, eles voltaram e disseram: olhem, não conseguimos encontrar outra explicação”, disse o administrador interino da Nasa, Sean Duffy. “Então isso pode muito bem ser o sinal mais claro de vida que já encontramos em Marte, o que é incrivelmente empolgante.”

A amostra, chamada Sapphire Canyon, foi coletada pelo Perseverance a partir de afloramentos rochosos nas bordas do vale fluvial Neretva Vallis, uma região moldada pela água que, há mais de 3 bilhões de anos, fluía para dentro da cratera Jezero.

O rover pousou na cratera em fevereiro de 2021 para explorar o antigo lago e buscar rochas criadas ou modificadas pela água no passado de Marte. O Perseverance perfurou a amostra Sapphire Canyon de uma rocha em formato de ponta de flecha chamada Cheyava Falls em julho de 2024.

Embora a amostra esteja segura em um tubo a milhões de quilômetros de distância, em Marte, os cientistas continuam intrigados com seu potencial de revelar se alguma vez existiu vida microscópica no planeta.

“A descoberta de uma possível bioassinatura — ou seja, uma característica ou sinal que pode ser consistente com processos biológicos, mas que exige mais trabalho e estudo para confirmar uma origem biológica — é algo que estamos compartilhando hoje com vocês, fruto de anos de dedicação e colaboração de mais de mil cientistas e engenheiros aqui no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa (JPL) e em instituições parceiras nos Estados Unidos e internacionalmente”, disse Katie Stack Morgan, cientista do projeto Perseverance, durante uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira.

Pouco depois da descoberta da rocha, membros da equipe científica disseram que era exatamente o tipo de rocha que esperavam encontrar. A Nasa inicialmente compartilhou a descoberta de Cheyava Falls no fim de julho de 2024.

O anúncio desta quarta-feira é resultado de um longo processo de pesquisa revisado por pares e da coleta de novos dados, disse Joel Hurowitz, cientista planetário da Stony Brook University, em Nova York, e autor principal do estudo.

Revisão por pares e publicação são etapas cruciais no processo científico, permitindo que a agência espacial torne os dados da missão e as interpretações da equipe disponíveis para a comunidade científica mais ampla realizar novos estudos, disse Lindsay Hays, cientista sênior de Exploração de Marte na Divisão de Ciência Planetária da Nasa.

“Esperamos que, eventualmente, isso seja seguido pela entrega dessas amostras de volta à Terra, onde poderiam ser estudadas em laboratórios”, acrescentou Hays. O Perseverance também estudou o vale fluvial após encontrar a amostra para entender melhor o ambiente em que as rochas foram depositadas e determinar como as manchas em formato de leopardo podem ter se formado, explicou Hurowitz.

Compreender exatamente como essas manchas surgiram — se por processos geoquímicos que não exigem vida, ou devido à presença de microrganismos — é um passo crucial para determinar se a rocha contém evidências de uma possível bioassinatura.

“Hoje, estamos mostrando como estamos um passo mais próximos de responder uma das perguntas mais profundas da humanidade: afinal, estamos realmente sozinhos no universo?”, disse Nicky Fox, administradora associada da Diretoria de Missões Científicas da Nasa.

INVESTIGAÇÃO – Cheyava Falls, nome dado em homenagem a uma das cachoeiras do Grand Canyon, exibe pequenas manchas pretas apelidadas de “sementes de papoula” pela equipe do Perseverance, bem como marcas maiores chamadas de manchas de leopardo.

O instrumento Sherloc do rover (Scanning Habitable Environments with Raman & Luminescence for Organics & Chemicals) também detectou compostos orgânicos na rocha.

Na Terra, essas moléculas à base de carbono são os blocos de construção da vida. A coloração manchada pode indicar que reações químicas antigas ocorridas no objeto teriam sustentado microrganismos.

Veias brancas de sulfato de cálcio presentes são uma evidência clara de que a água — essencial para a vida — um dia correu pela rocha. Já as manchas irregulares em formato de leopardo, testadas pelo instrumento PIXL (Planetary Instrument for X-ray Lithochemistry), mostraram ferro e fosfato em sua composição.

A equipe também identificou a possível presença de hematita entre as bandas de sulfato de cálcio. Esse é um dos minerais responsáveis pelo tom avermelhado característico de Marte.

As manchas podem ter se formado quando reações químicas com hematita transformaram a rocha de vermelha em branca, liberando ferro e fosfato e potencialmente criando os anéis pretos. Reações assim também poderiam fornecer energia para micróbios.

Cheyava Falls pode ter começado como uma mistura de lama depositada com compostos orgânicos, que mais tarde se consolidou em rocha. Depois, a água pode ter penetrado por fissuras, depositando minerais e criando as veias de sulfato de cálcio e as manchas de leopardo.

Desde que pousou em Marte, o Perseverance cruzou a cratera Jezero e explorou um antigo delta de rio em busca de microfósseis de vida passada. O rover vem coletando amostras destinadas a serem trazidas de volta à Terra por missões futuras.

No entanto, não está claro como a Nasa conseguirá realizar o retorno dessas amostras, já que a agência enfrenta a proposta da Casa Branca de cortar em até metade o orçamento de ciência.

“Estamos avaliando como trazer essas amostras de volta, ou outras”, disse Duffy. “O que faremos é analisar nossos orçamentos, nossos prazos, e como podemos gastar melhor os recursos, além de quais tecnologias temos disponíveis para acelerar o retorno. Essa é uma análise em andamento neste momento.”

Com informações de: CNN Brasil.


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