Pesquisadores da Universidade de Ghent, na Bélgica, apresentaram a reconstrução do rosto e do ambiente de vida de uma mulher pré-histórica que habitou o Vale do Mosa há aproximadamente 10,5 mil anos. Os restos mortais da chamada “Mulher de Margaux” foram encontrados em 1988, na caverna de mesmo nome, próxima à cidade de Dinant, na região da Valônia.
A reconstrução foi realizada no âmbito do projeto Panorama Regional sobre Migração Antiga (ROAM, na sigla em inglês), que reúne arqueólogos, bioantropólogos, geneticistas e artistas. A equipe contou com a colaboração dos artistas holandeses do estúdio Kennis & Kennis, especializados em reconstruções paleoartísticas.
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Segundo os pesquisadores, a mulher pertencia à mesma população de caçadores-coletores da Europa Ocidental da qual fazia parte o conhecido “Homem de Cheddar”, descoberto na Grã-Bretanha no começo do século XX.
A análise genética revelou que a mulher tinha olhos azuis, característica compartilhada com o Homem de Cheddar, mas apresentava um tom de pele ligeiramente mais claro do que a maioria dos indivíduos mesolíticos analisados até hoje na Europa Ocidental.
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A mulher de Margaux revela diversidade genética desconhecida
A geneticista chefe do projeto, Maïté Rivollat, afirmou na última segunda-feira, 16: “Até agora, a diversidade fenotípica entre os caçadores-coletores europeus era conhecida apenas a partir de um número pequeno de fósseis e era considerada relativamente homogênea”.
O trabalho artístico foi além da reconstrução facial e incorporou elementos da vida cotidiana da época com base em dados arqueológicos, como conchas, pigmentos, acampamentos e ferramentas. A ambientação incluiu aspectos da fauna e flora locais, técnicas de caça e meios de transporte. O artista Ulco Glimmerveen também participou do processo.


A reconstrução integra a exposição itinerante Face to Face with Prehistory, que será exibida na Bélgica e nos Países Baixos a partir de agosto. Durante a mostra, o público é convidado a escolher um nome para a mulher pré-histórica.
Três opções estão em votação: Margo, em referência à caverna onde os restos foram encontrados; Freya, ligada às colinas nas quais as cavernas estão situadas; e Mos’anne, alusiva ao nome francês da bacia do rio Mosa. As votações seguem abertas até o fim de junho, por meio do site oficial do projeto.
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