O senador Ciro Nogueira (PP-PI), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, reconheceu que não vê viabilidade política no avanço de um processo de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista ao portal Metrópoles, nesta quarta-feira, 6, o parlamentar disse que a atual composição do Senado não oferece as condições necessárias para aprovar uma medida desse tipo. Para isso, seriam necessários aos menos 54 votos favoráveis.
🚨URGENTE – Ciro Nogueira diz que não assinou e não vai assinar o impeachment de Alexandre de Moraes
“Não assinei, nem vou assinar impeachment de Moraes! É uma pauta impossível (…) essa pauta eu não vou perder tempo com ela!” pic.twitter.com/Gc1pm2vtN7
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) August 6, 2025
“Não perco tempo com pautas que não vão ter sucesso”, declarou o senador, ao justificar a decisão de não assinar pedidos de impeachment contra Moraes. Nogueira argumentou que, apesar das críticas legítimas da oposição, é preciso manter o foco em temas com chance real de prosperar no Congresso.
O ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro observou que, mesmo com número suficiente de assinaturas, a abertura de um processo de impeachment depende da vontade do comandoda Casa. “Pode chegar com 80 assinaturas que Davi Alcolumbre [União-PA] não avança com o pedido”, disse o Nogueira, referindo-se ao presidente do Senado.
Ciro Nogueira versus oposição
A declaração de Nogueira marca uma inflexão no discurso de parte da oposição ao governo Lula, especialmente entre senadores que têm feito coro às críticas contra o Supremo e, em particular, contra os abusos de Alexandre de Moraes em investigações relacionadas ao 8 de janeiro, à liberdade de expressão e ao inquérito das fake news.
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A pressão aumentou desde que o governo dos Estados Unidos aplicou sanções a Moraes por meio da Lei Magnitsky. Essa legislação autoriza o governo norte-americano a punir indivíduos estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos.
Essas sanções podem incluir:
- Congelamento de bens e ativos sob jurisdição dos EUA;
- Proibição de entrada no território americano; e
- Bloqueio de transações financeiras com empresas ou bancos dos EUA.
Na entrevista ao Metrópoles, Nogueira relembrou sua participação no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, quando articulou a adesão de partidos do centrão à destituição da petista. Na visão dele, o sucesso daquela movimentação se deu porque havia tanto base jurídica quanto apoio político. “Ali tínhamos uma pauta que vencemos e tínhamos condição de vencer”, comparou o senador, dias depois e milhares brasileiros irem às ruas para clamar pelo impeachment de Moraes.