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Coluna RC entrevista Mariantonieta Pailo Ferraz

Com uma trajetória marcada por quase três décadas de dedicação ao Direito, à docência e à advocacia, Mariantonieta Pailo Ferraz, atual presidente da OAB Ponta Grossa, é um exemplo de determinação, sensibilidade e compromisso. À frente de múltiplas funções — advogada, professora, dirigente de classe e mãe — ela mostra que o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal é um exercício diário de disciplina e valores.

Primeira mulher de Ponta Grossa a integrar o Conselho Estadual da OAB e a segunda a ocupar a vice-presidência da subseção, Mariantonieta traz em sua história não apenas conquistas profissionais, mas também aprendizados pessoais que moldaram sua visão de mundo e de liderança. Nesta entrevista, ela compartilha os desafios, recomeços e a inspiração que deseja transmitir às futuras gerações de mulheres que sonham em ocupar espaços de transformação na sociedade.

RC – Sua trajetória profissional é marcada por uma dedicação admirável ao Direito e à docência. Quais foram os maiores desafios e aprendizados ao longo desses quase 30 anos de carreira na advocacia e no ensino jurídico?

Mariantonieta – A minha trajetória é extensa, muito rica — rica de desafios, de aprendizados e de recomeços. Comecei minha vida docente no magistério no Colégio Sagrada Família e depois fui transferida para o Colégio Positivo. Pedi para retornar ao Sagrada porque entendi que meu maior encantamento era com as matérias ligadas ao magistério.

Logo após a graduação, iniciei também na docência no ensino superior, interligando o exercício da advocacia ao mundo acadêmico. Lecionei por cerca de 15 anos em várias instituições, como UEPG, Cescage, União e Faculdades Integradas de Itararé.

O maior desafio foi quando meu pai, pilar da minha família, ficou doente. Precisei interromper a docência para cuidar dele, porque conciliar com as audiências já não era possível. Essa decisão foi um grande aprendizado: entendi que, por vezes, é preciso sacrificar algo muito importante por algo maior. Hoje, retorno aos poucos ao mundo dos estudos — inclusive, recentemente, voltei a estudar piano, algo que fiz por nove anos na juventude.

O mundo acadêmico para mim nunca foi apenas profissional — é amor. Cada aula era uma realização. Hoje, mesmo fora da sala, continuo aprendendo e atuando, agora em outra missão.

RC – Como é conciliar a rotina intensa de advogada, professora, dirigente de classe e ainda ser mãe de três filhos? Quais valores você busca transmitir a eles com seu exemplo?

Mariantonieta – Na verdade, nós não conciliamos — ajustamos. Sempre fui muito clara com meus filhos: toda escolha tem consequência. Assim como minha mãe me dizia que eu era responsável pelas minhas notas, eu ensinei isso a eles.

Hoje, dois já são independentes e a mais nova, de 16 anos, requer mais atenção. Nunca fui aquela mãe de muitos mimos ou tempo sobrando, mas sempre estive presente nos valores: disciplina, comprometimento e responsabilidade.

Procuro ensinar que desejo é diferente de vontade. Desejo é ficar na cama, mas vontade é levantar e cumprir. A coragem, a disciplina e a responsabilidade são os valores que tento passar. Nós somos história — e se um dia eles tiverem orgulho da minha, já me dou por feliz.

RC – Assumir a presidência da OAB Ponta Grossa é, por si só, um marco. O que representa para você ocupar esse cargo como mulher, em um espaço historicamente masculino?

Mariantonieta – Para mim, é algo sutil. Fui a primeira mulher de Ponta Grossa no Conselho Estadual da OAB, em 2012, e a segunda a ocupar a vice-presidência da subseção. Sempre tive consciência de que a mulher pode e deve escolher o que deseja ser e como quer desenvolver sua vida.

Nunca vi o fato de ser mulher como um obstáculo, mas como parte de uma construção natural. Ocupo esse cargo com o compromisso institucional que ele exige, e não como um marco exclusivamente feminino. O respeito se conquista com trabalho, e é isso que busco fazer.

RC – Ao longo da sua carreira, você ocupou inúmeros cargos institucionais na OAB/PR. Como vê a importância de ampliar o protagonismo feminino nas estruturas de poder e decisão dentro da advocacia?

Mariantonieta – A variedade de cargos me deu capacitação para enxergar melhor as necessidades da advocacia — especialmente da mulher advogada, que antes de tudo é cidadã. O protagonismo feminino é imprescindível e deve ser ampliado com consciência.

Estamos lançando a ELMA (Escola de Liderança da Mulher Advogada), que visa desenvolver a liderança feminina não só dentro da OAB, mas também em outras áreas da sociedade. A ideia é valorizar o que já existe e ampliar o que ainda apresenta determinada carência.

Não se trata de sobrepor a presença masculina, mas de coexistir. O principal é o despertar da consciência feminina, tanto na advocacia quanto na sociedade em geral.

RC – Diante de uma agenda tão atribulada, quais são seus cuidados pessoais e de beleza que não abre mão, mesmo nos dias mais corridos?

Mariantonieta – Começo pela alimentação, evitando abrir mão de refeições nutritivas e feitas com calma. 

Quanto à vaidade, prezo muito por manter as unhas sempre feitas. 

O convênio da OAB com o Fast Escova, salão que fica em frente à sede, facilita muito esse cuidado nos dias corridos — consigo fazer uma escova rapidamente, e isso me ajuda a manter a rotina sem abrir mão do cuidado pessoal. São pequenos hábitos que fazem diferença.

RC – Toda mulher multifunção precisa de uma válvula de escape. O que você faz para se desligar um pouco da pressão e recarregar suas energias?

Mariantonieta- Gosto de descansar no meu quarto assistindo boas séries e bons filmes, contemplando a imagem da catedral na janela. Além disso, ouvir os pássaros, cuidar das plantas e ir para minha casa na área rural. Também adoro ir à casa da minha mãe e fazer um churrasco em família. Isso me recarrega. E, sempre que posso, pisar na areia da praia — só isso já me renova.

RC – Que conselho você daria às jovens mulheres que estão iniciando suas trajetórias profissionais e sonham em ocupar espaços de liderança e transformação na sociedade?

Mariantonieta – Coragem, gentileza, estudo e persistência. A gentileza cabe em qualquer lugar. O estudo capacita e traz cultura. A persistência é essencial — e deve vir acompanhada da humildade para começar em funções menos visíveis.

Devemos atender ao chamado — não só buscar o que queremos, mas o que os outros esperam de nós. E, com isso, construir uma trajetória de respeito e transformação.

GALERIA DE FOTOS

  

DIRETAS:

Uma viagem inesquecível: Viagem com meus três filhos, em janeiro de 2024, pela Europa, marcada por momentos de alegria, diversão, desafios e “perrengues”. Foi especial, porque, pela diferença de idade entre eles, é algo raro.

Um momento marcante: A despedida do meu pai e o período em que cuidei dele durante sua longa enfermidade. Mudou meu olhar sobre a vida.

Família: Base. É o meu alicerce e meu norte.

Trabalho: Identidade.

Fé: O Segredo da Vida. Missão e entrega.

Uma música: Every Breath You Take – The Police

Livro de cabeceira: As 48 Leis do Poder – Robert Greene.

Uma frase que te define: “A vida passa muito rápido. Capriche na vida.” – dita pelo meu pai Irai da Silva Ferraz, a mim, pouco antes de partir.

STAFF:

FOTO: LAERTES SOARES 

VÍDEO: LAERTES SOARES

ROUPAS: VIBE CLOTHING

DIREÇÃO GERAL: RÔMULO CURY


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