
A revisão das tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, em 21 de novembro, trouxe alívio aos setores de carne bovina, frutas e parte do café. Para o café solúvel, no entanto, o gosto do tarifaço ainda é amargo, uma vez que as taxas contra o produto seguem em vigor.
Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), as exportações de café solúvel para o mercado norte-americano recuaram 77,7% em novembro frente ao mesmo mês do ano passado. Desde janeiro de 2025, os embarques somam queda de 22,8% em relação a 2024.
Em comunicado após o recuo do governo de Donald Trump, a entidade lamentou que o café solúvel continue sobretaxado. “As tarifas contrastam com o progresso geral nas negociações bilaterais e representam um desafio contínuo para o setor”, dizia a nota.
Nesta terça-feira (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com Trump por telefone e pediu a redução das taxas que ainda afetam alguns produtos brasileiros. Além do café solúvel, setores como mel e pescados seguem sobretaxados em 40%.
Procurado pelo Canal Rural, o diretor executivo da Abics, Aguinaldo Lima, afirmou que a expectativa da entidade segue de que o cenário de resolva o quanto antes. As definições, porém, continuam sem data para acontecer.
Queda no volume, alta na receita cambial
A queda dos embarques do Brasil para os Estados Unidos frustra a possibilidade do setor alcançar números recordes em 2025. No acumulado de janeiro a novembro, as exportações brasileiras de café solúvel totalizaram 3,35 milhões de sacas, volume 18,7% inferior ao registrado nos onze primeiros meses de 2024.
Por outro lado, a receita cambial deve ser histórica no ano. Conforme os dados da plataforma Abics Data, os embarques já somam US$ 1,006 bilhão entre janeiro e novembro, uma alta de 19% em relação ao mesmo período do ano passado.


