A classificação do Brasil para a final do futebol feminino dos Jogos Olímpicos de Paris surpreende após a difícil fase de grupos, mas no mata-mata a equipe mostrou força para encarar e vencer tanto a anfitriã França quanto a atual campeã mundial Espanha.
Um fator preponderante para o sucesso brasileiro está em algo característico ao futebol sul-americano, mas alvo de críticas nos outros cantos do mundo: a catimba.
As espanholas Cata Coll, Jheni Hermoso e Aitana Bonmatí reclamaram que o Brasil “não joga futebol“, “não há companheirismo” e “se permitem, vão seguir fazendo esse tipo de jogo”.
A “cera” é um recurso bastante utilizado pela seleção canarinho ao longo da competição, o que ajuda a esfriar a partida, mas também explica os acréscimos intermináveis.
Lorena é quem mais se utiliza do atendimento médico – afinal, o jogo não prossegue sem goleira à disposição. O artifício aparece quando o técnico Arthur Elias quer reorganizar o time, e assim que as médicas chegam até a goleira, o treinador já chama todas as jogadoras para conversar.
E tal catimba se reflete no tempo de bola rolando: segundo a Opta, parceira da ESPN em estatísticas, cinco dos sete jogos com menor porcentagem de bola rolando das Olimpíadas tiveram participação do Brasil. Ou seja, todas as partidas disputadas pela seleção até agora estão incluídas nesse levantamento.
Na proporção de bola rolando, a equipe de Arthur Elias é a única com menos de 50%, de acordo com a Opta.
Tal combinação causa arrepios na torcida, que “não acredita” no tanto de acréscimos que a seleção enfrentou até agora. Contra a Espanha, por exemplo, a semifinal teve 113 minutos no total; nas quartas diante da França, 114 minutos.
Rivais na disputa pelo ouro olímpico, os Estados Unidos precisaram passar por duas prorrogações para avançar de fase. E mesmo assim as norte-americanas jogaram apenas sete minutos a mais do que o Brasil no torneio inteiro.
Se em time que está ganhando não se mexe, neste sábado, no Parque dos Príncipes, é possível esperar por novas “ceras”. E provavelmente mais acréscimos intermináveis…