No último domingo (25), João Fonseca fez história para o tênis brasileiro ao sagrar-se campeão do ATP 500 da Basileia, batendo o espanhol Alejandro Davidovich Fokina por 2 sets a 0 e, com parciais de 6/3 e 6/4.
O carioca, porém, não terá muito tempo para comemorar, já que volta a entrar em quadra já neste terça-feira (27), em horário ainda a definir, contra o canadense Denis Shapovalov, pela estreia no Masters 1000 de Paris – o jogão terá transmissão ao vivo do Disney+.
Em entrevista exclusiva à ESPN concedida após a conquista do troféu na Suíça, Fonseca classificou a semana na Suíça como “muito positiva” e destacou que o fato de não ter disputado os recentes torneios na Ásia foi decisivo para estar pronto para dar tudo de si no ATP 500.
João também salientou a importância de ganhar na “casa” de ninguém menos que Roger Federer, seu grande ídolo no esporte.
“Uma semana muito especial para mim, apesar de ter a segunda rodada um W.O. e a terceira, nas quartas de final, o Shapovalov se retirando… Eu acho que foi uma semana positiva, porque eu fui pegando as oportunidades que eu tive”, afirmou.
“É um torneio que foi deixando brechas e eu fui pegando, não deixei os outros pegarem esse título de mim, porque a gente queria muito. Quando a gente não foi para a Ásia esse ano, para cuidar, eu estava doente e a gente foi cuidar do meu físico, do meu mental”, lembrou.
“Então, estar aqui, pegando essa oportunidade, foi muito importante para mim, conquistar esse título especial, ainda mais esse torneio que é conhecido como ‘torneio do Roger’ no Brasil. E ganhar aqui, um torneio do Roger, que é meu ídolo, é muito especial. Minha família, meu agente, meus tios estarem aqui, é muito especial, estou feliz com essa vitória hoje”, complementou.
Fonseca ressaltou também a importância da preparação mental para jogar na Basileia, até mais do que a física.
De acordo com o tenista, ele estava “sob pressão” antes do início do torneio, mas conseguiu contornar as dificuldades através da “mentalidade boa”.
“Acho que foram semanas em que, desde o começo, a gente (eu e minha equipe) estava com a mentalidade muito boa. Todo mundo muito unido. Apesar de perder uma primeira rodada difícil em Bruxelas, em que eu não saquei muito bem, a gente seguiu trabalhando. Chegamos na Basileia, treinamos antes no que a gente precisava trabalhar. Saquei bem o torneio inteiro”, exaltou.
“Então, estou feliz com essa mentalidade e como a gente lidou com a pressão, acho que foi similar em Buenos Aires, no meu primeiro título, onde joguei com quatro argentinos. Pressão estava grande, mentalidade tinha que estar boa e enfrentei super bem isso”, seguiu.
“Diria a mesma coisa aqui [Basileia]. Para a semifinal, o (Jaume) Munar tinha um ranking muito melhor que o meu para estar em uma semifinal de ATP 500. Mas mesmo assim, foi um jogador consistente, sólido em um jogo difícil e muito feliz com a forma que lidei e encarei o jogo hoje. Muita pressão e tensão, mas conseguimos fazer um bom jogo”, complementou.
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João Fonseca faz história, bate espanhol e conquista o ATP 500 da Basileia; VEJA os melhores momentos
As parciais foram de 6/3 e 6/4
“É uma correria”
Sem muito tempo para descanso, João se mostrou animado para jogar o Masters 1000 de Paris, mesmo com toda a “correria” envolvida para já estar em quadra na próxima terça-feira (28).
De acordo com o carioca, os próximos compromissos serão importantes no projeto para tentar ser um dos cabeças-de-chave do próximo Australian Open, no começo do ano que vem.
“Acho que foi a escolha certa no passado, jogar os torneios indoor, que para a gente é muito difícil. A gente não tem essas quadras cobertas, duras e rápidas no Brasil. É difícil para a gente treinar. Os europeus jogam muito nessa quadra. Eles sabem jogar, é um jogo mais rápido. É bem parecido com a grama, que não pode dar brecha. E ano passado, ter essa primeira experiência no indoor, foi muito importante, para buscar esse tipo de título, de buscar coisa grande”, destacou.
“A gente sabe que no tour tem muito jogo indoor, com jogadores experientes e rápidos, então foi muito importante. Estou feliz com nossa escolha. Todas as escolhas foram bem pensadas. Junto com o começo de ano muito bem estruturado. Mesmo não jogando os Masters 1000, pensamos no meu bem, que eu estava doente, é pensar grande. Jogar um torneio no Brasil, no saibro, seria interessante, eu ganharia alguns pontos, mas a gente está buscando coisa grande, coisa legal”, revelou.
“Acho que a meta no começo do ano era jogar todos os Grand Slams, eu não lembro se a chave principal ou só o quali já contava, mas fomos adaptando as metas ao longo do ano. Cheguei para o treinador e falei: quero ser cabeça de chave no Australian Open. Uma das pessoas falou que posso estar em 28 ou 27. Amanhã vou de novo para Paris, com nova mentalidade. O tour é uma correria. Daqui a dois dias já jogo de novo em outro torneio. Vamos embora. Seguimos buscando mais”, apontou.
Por fim, Fonseca celebrou o fato de ter contato com a presença de seus familiares mais próximos na Basileia.
De acordo com o campeão, seus pais já estavam indo para Paris para acompanhar o Masters 1000, mas conseguiram mudar a passagem e chegaram “em cima da hora” para acompanhar a grande final.
“Ter a família foi muito legal. Eu sabia, depois da semifinal, que meus pais viriam. Eles já iam para Paris. Eles mudaram a passagem para vir para cá. Vieram de última hora. Foi especial. Não consegui encontra-los antes do jogo, eles não conseguiriam me dar boa sorte. Nem consegui vê-los no meio da partida. Mas, depois, foi muito emocionante”, contou.
“Eles que me botaram aqui, nesse ambiente, nesse esporte. Todos os títulos são por eles. É tudo por eles. Ano passado pensei em ir para a universidade, sabia que era uma decisão difícil, maioria dos pais poderia ter botado a pressão para ir para faculdade, porque é estudo, segunda opção, e eu não era nada naquela época. Mas nunca tive isso”, relatou.
“Eles sempre pensando no meu bem, na minha felicidade. Então isso é uma mensagem agradecendo meus pais e também para todos os pais de atleta, é legal os filhos estarem felizes e fazendo aquilo que gostam. Agradeço os meus pais por isso. Esse título foi especial por eles estarem presentes”, finalizou.


