Com uma rivalidade que cresceu nos últimos anos, Palmeiras e Botafogo decidem neste sábado (28), às 13h (de Brasília), no Lincoln Financial Field, na Filadélfia (EUA) – em duelo que pode ser visto no Disney+ com transmissão ao vivo da Cazé TV e sem custo adicional –, quem ficará com uma vaga nas quartas de final do Mundial de Clubes.
Realidade essa bem diferente do que os dois clubes, hoje potências do futebol brasileiro, viveram há pouco mais de duas décadas, quando se enfrentaram na época das vacas magras na Série B do Brasileirão.
O ano era 2003 quando palmeirenses e botafoguenses decidiram o título da ”Segundona” e, consequentemente, o retorno à elite após terem sido rebaixados pela primeira vez em 2002. História que o então lateral Jorginho Paulista e o volante Magrão viveram de perto.
O Palmeiras tentava se reerguer depois dos oito anos dourados da ‘Era Parmalat’, enquanto no Botafogo a situação era pior com crise financeira, salários atrasados e problemas políticos.
”A Parmalat foi meio que uma SAF dentro do Palmeiras naquele momento, onde ganhou tudo e depois terminou na segunda divisão. A gente tendo que recorrer a jogadores da base porque financeiramente não tinha condição de trazer jogadores maiores. A gente jogou a Série B com cinco ou seis jogadores da base, que deu certo. Por isso eu te falo, o Palmeiras nunca atrasou nada, mas sofreu o baque da saída da Parmalat”, lembrou o ex-volante.
Revelado no Alviverde, Jorginho Paulista acompanhou os tempos áureos do clube alviverde e, no Alvinegro, após voltar de uma grave lesão quando ainda vestia a camisa do São Paulo, precisou lidar com um cenário bem diferente do que estava acostumado – e que traz consequências até hoje.
”Eu peguei o Botafogo totalmente destruído já de um histórico muito maior do que o Palmeiras. O Botafogo com dificuldades, na época, o presidente era o Bebeto de Freitas, um botafoguense fervoroso que vinha do vôlei. Ele tentou uma metodologia nova no futebol. Eu vivenciei muito essa fase do Botafogo, de ter dificuldades financeiras, de ter atrasos salarias”, lembrou o ex-lateral.
”Até hoje eu tenho uma ação, voltada nesse histórico ruim de gestão do clube, contra o Botafogo. Presenciei bem períodos de ter greve de jogadores por salário atrasado, de não ter campo para treinar…”, completou.
Por outro lado, no Palmeiras, o impacto do rebaixamento foi menor. É o que garante Magrão, que sequer conviveu com atraso de salário no Alviverde.
”Naquela época, a estrutura do Palmeiras era excelente. Para aquele modelo, o Palmeiras estava avançado. Tínhamos um CT que, se não me engano, a gente tinha três campos de excelência. A gente treinava, era um tapete. A nossa estrutura também era boa”, contou o ex-volante.
”Eu joguei por mais de cinco anos no Palmeiras e nunca teve nenhum atraso de salário nem de (direito de) imagem. O presidente da época era o Mustafá Contursi. Eu lembro que tinha feito a transição da saída da Parmalat e, assim, ele não fazia loucuras no elenco, ele não fazia loucuras salariais, que a gente vinha naquele momento em outros times”, declarou.
O duelo do título da Série B
Na primeira rodada do quadrangular final, onde quatro clubes (Botafogo, Palmeiras, Marília e Sport) decidiram os dois que subiriam à primeira divisão.
O Alviverde abriu o placar com Vágner Love. Só que, antes do intervalo, Dill, de cabeça, deixou tudo igual no Caio Martins, em Niterói, no Rio de Janeiro.
No outro jogo, goleada do Palmeiras por 4 a 1, com dois gols de Vágner Love, outros de Magrão e Pedrinho e com Almir descontando pelos alvinegros.
No fim, título para os palestrinos e acesso para os botafoguenses.
”O Botafogo é um time que já teve um ponta direita chamado Garrincha. Só isso já fala tudo do Botafogo. Ter a oportunidade de voltar com o time de onde ele não deveria ter saído. O Botafogo deve sempre estar entre os melhores times do Brasil”, lembrou o então técnico Levir Culpi à ESPN.
O mundo dá (muitas) voltas…
Tanto Palmeiras quanto Botafogo ainda amargaram novo rebaixamento nessa caminhada até o Mundial de Clubes. O Alviverde disputou a Série B novamente em 2013, enquanto o Glorioso caiu em 2014 e 2020.
As idas e vindas entre as duas divisões, porém, deram duas lições aos dois clubes. No time paulista, o ex-presidente Paulo Nobre inaugurou um novo tempo no Palestra Itália e abriu caminhos para as gestões de Maurício Galiotte e Leila Pereira. Nesse período, o Palmeiras ganhou três edições do Brasileirão, duas da Copa do Brasil e duas CONMEBOL Libertadores.
”Hoje, se a gente for falar do Palmeiras, o que é o Palmeiras? O Palmeiras está estruturado, está com uma estrutura feita. Não tem nada nem ninguém por trás que mande no clube. Vamos falar, por exemplo, do Bahia. Se o grupo City sair, acabou o Bahia. Vai ter que começar do zero. E a gente já teve alguns exemplos no futebol brasileiro”, opinou Magrão.
Por outro lado, o investidor John Textor comprou 90% das ações do Botafogo e transformou o clube em SAF (Sociedade Anônima do Futebol). No primeiro ano, o time acabou na 11º colocação. Em 2023, o Alvinegro protagonizou a maior derrocada da história ao perder o título na reta final do Campeonato Brasileiro, mas conseguiu classificação à fase preliminar na Copa Libertadores. Até que, em 2024, o clube viveu o melhor ano de sua história com a conquista inédita do maior torneio de futebol da América do Sul, além do bicampeonato brasileiro.
”Vejo a mentalidade e jeito de gerir clubes na Europa sendo realizados no Brasil com o Textor e com a Crefisa com o Palmeiras, de tratar o clube como empresa por mais que não seja SAF. Tudo para estar na modernidade, para não acontecer o que a gente vê uma tristeza que acontece no Corinthians. O São Paulo tem uma gestão pífia, ruim, nessa parte que tem o ‘coronelismo’ da coisa”, analisou Jorginho Paulista.
O novo capítulo de Palmeiras x Botafogo
Palmeiras e Botafogo escrevem neste sábado um novo capítulo de rivalidade recente. Nos últimos duelos, o Glorioso leva a melhor, já que ostenta cinco jogos de invencibilidade, com três vitórias e dois empates.
Chegou a hora da equipe de Abel Ferreira dar o troco e mandar o Alvinegro para casa? Jorginho Paulista e Magrão não ficaram em cima do muro.
”Eu falei que sou palmeirense, mas estou torcendo para que o Botafogo ganhe, porque financeiramente vai ser bom para o clube. Mas eu acho que o Palmeiras vai ganhar esse jogo. A partida vai ser um empate e o Palmeiras vai vencer nos pênaltis”, palpitou o ex-lateral.
”O Palmeiras não é um time que faz muitos gols. O Botafogo é um time que se defende bem. É jogo para 1 a 0 ou 2 a 1. Não é um jogo de placar elástico. Por característica, o Palmeiras não se expõe muito. É um time reativo hoje. E o Botafogo, eu acredito que vai tentar propor mais um pouco o jogo. Por isso, a tendência é um pouco maior para o Palmeiras”, opinou o ex-volante.
Onde assistir a Palmeiras x Botafogo?
Palmeiras x Botafogo, pelas oitavas de final do Mundial de Clubes, acontece no sábado (28), às 13h (de Brasília), com transmissão ao vivo pela CazéTV, disponível sem custo adicional no Disney+.