
No último episódio do Soja Brasil, a equipe esteve em Mato Grosso do Sul para entender os desafios de produzir em uma das áreas mais singulares do país, com clima imprevisível: a zona de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado. O time acompanhou de perto como o encontro entre dois biomas impacta o clima e como manter a produtividade em alta exige cada vez mais estratégia, tecnologia e resiliência.
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Quem planta na zona de transição convive diariamente com um cenário de incertezas. Chuva irregular, veranicos prolongados e variação extrema de temperatura fazem parte da rotina. Nessa região, é comum ouvir: “Chove no vizinho, mas na sua propriedade nada.” Ano após ano, safra após safra, o produtor precisa enfrentar a instabilidade climática.
A transição entre biomas cria um ambiente único. No Mato Grosso do Sul, a Mata Atlântica se mistura ao Cerrado, resultando em um clima que tem chuvas concentradas na primavera e no verão, mas que ainda registra precipitações no período seco, cerca de 50 a 60 milímetros, suficientes para elevar a umidade do ar e reduzir riscos de incêndio. Porém, ainda insuficiente para garantir segurança hídrica para uma terceira safra.
Há 35 anos, o produtor Luciano Manfio, de Rio Brilhante, convive com essas condições desafiadoras e busca constantemente novas formas de manejar o solo para garantir produtividade.
“A gente trata muito bem do solo para lidar com o veranico, principal fator da baixa produtividade na nossa região”, explica. “Investimos muito em perfil de solo, calcário, gessagem, integração agrícola com milho safrinha e braquiária. O foco é solo e cobertura para manter estabilidade nos anos de adversidade.
“Hoje, com o melhoramento genético focado em teto produtivo, às vezes se perde rusticidade”, diz Luciano. “Em ambientes mais estáveis, o potencial genético se expressa com facilidade. Aqui, não. Nós precisamos de materiais rústicos, resilientes às altas temperaturas e ao veranico.”
Segundo o produtor, a tecnologia é a grande aliada. Quando chegou à região, há 35 anos, Luciano produzia entre 30 e 40 sacas por hectare. Hoje, mesmo com o clima adverso, a média praticamente dobrou.
“Com a tecnologia disponível, estamos conseguindo minimizar os efeitos climáticos. Hoje ficamos entre 55 e 60 sacas por hectare. O produtor precisou elevar o nível, e a tecnologia ajuda a manter esse novo patamar, garantindo mais segurança diante das adversidades do clima”, conclui o produtor.


