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Como técnico e até ida frustrada ao City ajudaram Paquetá em acusação de manipulação

A decisão de absolver Lucas Paquetá das acusações centrais por suposto envolvimento com apostas esportivas foi detalhada publicamente pela Associação de Futebol da Inglaterra, a FA.

Em um relatório de 314 páginas ao qual a ESPN teve acesso, a comissão independente que conduziu a investigação detalhou o passo a passo do processo que levou à absolvição do meia brasileiro.

Paquetá foi acusado de ter tentado deliberadamente receber um cartão em quatro jogos da Premier League entre novembro de 2022 e agosto de 2023.

As acusações foram consideradas improcedentes.

“Por decisão unânime da Comissão, as acusações foram consideradas não comprovadas e, consequentemente, rejeitadas. As acusações F3, foram consideradas comprovadas. A questão da sanção a ser imposta em relação às acusações F3 está reservada para posterior decisão desta Comissão”.

A Regra F3 citada trata sobre colaboração nas investigações. Segundo a FA, o meia receberá uma punição em breve. A entidade, no entanto, informou que não irá recorrer da decisão da comissão independente.

Um dos pontos centrais da análise do relatório é a forma “contraditória” como a FA apresenta dados para embasar um suposto comportamento atípico do brasileiro nas partidas em que foi advertido com cartão amarelo.

“Por um lado, expressa a opinião de que o jogador estava atuando dentro dos parâmetros de estilo normal e, por outro, sugere que estava ‘buscando cartão’ ou ‘buscando a atenção do árbitro’, ou ainda cometendo ações pelas quais é ’obrigatório ser advertido’. Em suas alegações, a FA pareceu ir um pouco além, chegando a sugerir que o jogador havia ‘se jogado desnecessariamente em faltas que, de outra forma, teria evitado ou que havia deliberadamente tocado a bola com as mãos quando não havia nenhuma boa razão para fazê-lo’”.

O “puxão de orelha” da comissão se baseia em dados apresentados pela Associação de Futebol da Inglaterra colhidos através da plataforma Stats Perform Integrity Services (SPIS), que usa números estatísticos em relação à carreira dos atletas para análise de comportamentos fora do padrão através da plataforma Opta.

O relatório da comissão independente avançou que a análise apresentada dos dados “foi uma indicação clara de que o SPIS buscava evidências estatísticas para se adequar ao caso da FA”.

Outro ponto central na análise foi o depoimento do técnico David Moyes.

“Observei atentamente os incidentes com cartões amarelos e, com base na minha experiência e conhecimento de [Paquetá], considero que estão inteiramente dentro da gama normal de ações deste jogador”, citou o treinador, que comandou o brasileiro no West Ham e que indicou problemas do atleta na marcação.

“Ele [Lucas] joga de forma arriscada e com alta recompensa e, portanto, tem uma tendência a perder a bola”, avançou o treinador em depoimento por escrito.

“Defensivamente, contudo, ele não tem exatamente o mesmo nível de habilidade. No entanto, ele é um exemplo físico e trabalha muito duro na defesa. Ele trabalha duro para recuperar a bola, mas às vezes pode fazer uma escolha ruim ou ser um pouco precipitado”.

Em outro depoimento, Moyes recordou o fato de que Paquetá pediu à comissão para não estar em campo na partida contra o Bournemouth, em 12 de agosto de 2023, por ter negociação avançada com o Manchester City.

O cartão recebido pelo meia na partida faz parte da lista de casos apresentados na denúncia feita pela FA.

Esse fato foi levado em conta pela equipe jurídica de Lucas Paquetá, embasando o argumento de que um jogador não teria interesse em se beneficiar durante uma partida na qual pediu para não ir a campo.

Segundo informações de bastidores publicadas pela ESPN na Inglaterra, Lucas Paquetá está considerando processar a FA por perda de lucros após a transferência do West Ham para o Manchester City fracassar em 2023 em meio à investigação de manipulação de resultados.

Relembre o caso

Titular da seleção brasileira na Copa do Mundo de 2022, Paquetá foi denunciado em maio de 2024 por suposta participação em apostas esportivas.

De acordo com a acusação, ele teria forçado cartões amarelos em quatro partidas do West Ham na Premier League, contra Leicester City, Aston Villa, Leeds United e Bournemouth.

A ação partiu da própria Federação Inglesa de Futebol, que, em agosto de 2023, apontou má conduta do meia, que teria sido advertido em benefício a amigos e pessoas conhecidas que apostaram nos amarelos de Lucas.

Paquetá sempre alegou inocência e ganhou apoio do clube, mas sofreu prejuízos na carreira.

Na época em que o caso vazou, o jogador revelado no Flamengo estava em negociações adiantadas para trocar o West Ham pelo Manchester City, por indicação do técnico Pep Guardiola.

O clube azul, porém, interrompeu as tratativas, que não foram mais retomadas.

O que a FA disse sobre o ‘Caso Paquetá’?

A Comissão Reguladora independente concluiu que as acusações de má conduta contra Lucas Paquetá, do West Ham, por supostas violações da Regra E5 da FA não foram comprovadas.

Lucas Paquetá foi acusado de quatro supostas violações da Regra E5.1 em relação à conduta durante as partidas do clube na Premier League contra Leicester, em 12 de novembro de 2022; Aston Villa, em 12 de março de 2023; Leeds United, em 21 de maio de 2023; e Bournemouth, em 12 de agosto de 2023.

Foi alegado que Lucas Paquetá tentou influenciar diretamente o andamento, a conduta ou qualquer outro aspecto ou ocorrência dessas partidas ao tentar, intencionalmente, receber um cartão do árbitro com o propósito impróprio de afetar o mercado de apostas para que uma ou mais pessoas lucrassem com as apostas.

Lucas Paquetá negou as acusações contra ele, e a Comissão Reguladora considerou que elas não foram comprovadas após audiência.

A Comissão Reguladora considerou que as acusações de má conduta contra o jogador por supostas violações da Regra F3 da FA foram comprovadas.

Lucas Paquetá foi acusado de duas violações da Regra F3 da FA em relação a supostas falhas no cumprimento de suas obrigações de responder perguntas e fornecer informações à investigação da FA.

Lucas Paquetá negou as acusações contra ele, mas a Comissão Reguladora as considerou comprovadas após a audiência. A Comissão Reguladora decidirá sobre a sanção apropriada para essas violações o mais breve possível.

A FA aguarda as razões por escrito da Comissão Reguladora em relação às suas decisões sobre as acusações e não se pronunciará até então.

Entenda a regra que em Paquetá ainda pode ser punido

Falhas no cumprimento da Regra F2

A FA terá poder de monitorar o cumprimento por cada participante das regras, das leis do jogo, estatutos e regulamentos da Fifa e da Uefa, regras e regulamentos de cada competição a que um participante esteja sujeito e/ou averiguar qualquer incidente, fato ou assunto que possa constituir má conduta sob estas regras. Cabe à FA determinar em seu absoluto critério a forma como conduz uma investigação.

No desempenho de suas funções, a Associação terá poder de exigir de qualquer participante mediante aviso razoável:

  • comparecimento para esclarecer dúvidas e fornecer informações em horário e local determinado pelo A Associação;

  • fornecimento à Associação de documentos, informações ou qualquer outro material de qualquer natureza detido pelo participante;

  • fornecimento à Associação de documentos, informações ou material de qualquer natureza não detida pelo participante, mas que o participante tenha o poder de obter.

Falhas no cumprimento da Regra F3 (Poderes de investigação da FA)

Qualquer falha por parte de um participante no cumprimento de qualquer requisito da Regra F2 pode constituir má conduta nos termos das Regras, e a Associação pode apresentar uma acusação ou acusações que considere adequadas.

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