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como Trump, em silêncio, decidiu atacar o Irã

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou um ataque aéreo contra três instalações nucleares iranianas neste sábado, 21, em uma operação planejada discretamente há meses por sua equipe de segurança nacional. Batizada de “Operação Martelo da Meia-Noite”, a ação envolveu mais de 125 aeronaves e marcou um dos episódios mais significativos de sua presidência.

A decisão de Trump foi mantida em sigilo até o momento da execução. Na noite de sexta-feira, 20, enquanto os bombardeiros B-2 se preparavam para decolar da base em Missouri, o presidente circulava pelas dependências de seu clube de golfe em Nova Jersey, em aparente tranquilidade.

No sábado, Trump acompanhou a operação em tempo real da Casa Branca, ao lado do vice-presidente JD Vance, do secretário de Estado Marco Rubio e do secretário de Defesa Pete Hegseth. Com um boné vermelho com o slogan “Make America Great Again”, o presidente assistiu aos monitores com imagens da missão em andamento.

“Esta noite, posso informar ao mundo que os ataques foram um sucesso militar espetacular”, declarou horas depois em pronunciamento. “O Irã, o valentão do Oriente Médio, deve agora fazer a paz. Se não o fizer, ataques futuros serão muito maiores e muito mais fáceis.”

O ataque teve como alvos as instalações de Fordow, Natanz e Isfahan, locais fortemente protegidos e essenciais ao programa nuclear iraniano. O plano de ataque utilizou bombas penetrantes de mais de 13 toneladas e foi concebido com táticas de desvio, como o envio de aviões para o oeste, a fim de despistar qualquer detecção.

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O secretário Hegseth afirmou no domingo, 22, que “foi um plano que levou meses e semanas de posicionamento e preparação para que estivéssemos prontos quando o presidente dos EUA chamasse”. Ele acrescentou: “Envolveu muito desvio de atenção e o mais alto nível de segurança operacional.”

As discussões sobre um possível ataque norte-americano começaram há semanas, durante uma reunião em Camp David. Na ocasião, o diretor da CIA, John Ratcliffe, apresentou a Trump relatórios que mostravam que Israel estava pronto para começar uma ofensiva contra o Irã. Os conselheiros do presidente já haviam preparado opções de ação para que ele pudesse escolher.

Durante os dias que antecederam o ataque, Trump realizou reuniões diárias com sua equipe de segurança nacional. Segundo o general Dan Caine, os bombardeiros B-2 realizaram a missão mais longa em mais de duas décadas, com um percurso de 18 horas. Caine afirmou que as avaliações iniciais mostram “danos e destruição extremamente severos” nas instalações nucleares iranianas.

Trump apresentou duas condições principais: que o ataque fosse decisivo contra os alvos fortificados e que não envolvesse os EUA em uma guerra prolongada. Ainda assim, seus conselheiros não puderam garantir que o Irã não responderia militarmente, o que poderia ampliar o conflito.

“Como o presidente deixou claro, isso certamente não é algo sem fim”, disse Hegseth, veterano do Exército norte-americano. “Não significa que limite nossa capacidade de responder. Responderemos, se necessário.”

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Trump antecipou decisão apesar do anúncio público de prazo

Apesar de declarar publicamente que daria duas semanas para o Irã retomar as negociações, Trump já havia tomado a decisão internamente. Na quinta-feira, 19, a secretária de imprensa Karoline Leavitt leu uma declaração ditada por Trump.

“Com base no fato de que há uma chance substancial de negociações que podem ou não ocorrer com o Irã num futuro próximo, tomarei minha decisão se devo ou não agir dentro das próximas duas semanas”, disse o presidente. Entretanto, 48 horas depois do anúncio, os bombardeiros já estavam no ar.

Segundo fontes ouvidas pela CNN, o governo dos EUA chegou à conclusão de que o Irã não estava disposto a negociar depois de reuniões entre líderes europeus e autoridades iranianas em Genebra. Além disso, tentativas do enviado norte-americano Steve Witkoff de contato com o chanceler iraniano Abbas Araghchi não avançaram.

A movimentação diplomática começou ainda em abril, quando Trump deu um prazo de 60 dias para o Irã firmar um novo acordo nuclear. No mesmo período, solicitou ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu que adiasse uma ofensiva para dar espaço às negociações. Mesmo com conversas iniciais em Omã entre representantes norte-americanos e iranianos, os avanços foram mínimos.

61 dias depois do ultimato, Israel lançou ataques contra o Irã. “O Irã deveria ter me escutado quando eu disse — você sabe, eu dei a eles, não sei se você sabe, mas eu dei a eles um aviso de 60 dias e hoje é o dia 61”, disse Trump em entrevista à CNN depois dos bombardeios israelenses.

Donald Trump, presidente dos EUA, na Casa Branca, em Washington, D.C. (22/5/2025) | Foto: Reuters/Evelyn HocksteinDonald Trump, presidente dos EUA, na Casa Branca, em Washington, D.C. (22/5/2025) | Foto: Reuters/Evelyn Hockstein
Donald Trump, presidente dos EUA, na Casa Branca, em Washington, D.C. (22/5/2025) | Foto: Reuters/Evelyn Hockstein

Embora autoridades norte-americanas tenham inicialmente se distanciado das ações israelenses, o presidente retornou à Casa Branca antecipadamente depois de participar da cúpula do G7 no Canadá. Nos dias seguintes, concentrou-se em reuniões na Sala de Situação e aprofundou a análise dos planos de ataque.

Antes da ofensiva de sábado, os EUA informaram Israel, cujo governo acompanhou a operação com atenção. Netanyahu elogiou a ação norte-americana e declarou que foi realizada “com total coordenação operacional entre as Forças de Defesa de Israel e o Exército dos EUA”.

A operação mobilizou sete bombardeiros B-2, aviões de reconhecimento, caças e reabastecedores. Também contou com o lançamento de mais de duas dezenas de mísseis Tomahawk a partir de um submarino norte-americano contra alvos em Isfahan, por volta das 17h (horário de Brasília). Às 18h40, o bombardeio ao complexo de Fordow começou, seguido dos demais alvos nucleares.

De acordo com o general Caine, o retorno das aeronaves ao território americano ocorreu sem incidentes e sem disparos por parte do Irã. Ao ser confirmada a saída do espaço aéreo iraniano, Trump divulgou o ataque em sua rede social.

“Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido contra os três locais nucleares no Irã, incluindo Fordow, Natanz e Esfahan”, escreveu. “Uma carga total de bombas foi lançada no local principal, Fordow.”

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