A confiança do consumidor brasileiro registrou retração em junho de 2025, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), caiu 0,8 ponto em relação ao mês anterior. A retração interrompe uma sequência de três meses consecutivos de alta.
De acordo com a economista Anna Carolina Gouveia, do FGV Ibre, “o resultado foi influenciado tanto pela revisão das percepções sobre o presente quanto das expectativas para os próximos meses”.
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A economista ressalta que o principal motivador do resultado foi o indicador de percepção da situação financeira atual das famílias, que atinge a maior parte das faixas de renda. O estudo ainda mostra que a percepção sobre o presente foi o fator mais impactado.
O Índice de Situação Atual (ISA) teve recuo de 1,1 ponto. Dentro desse índice, o item relacionado à situação financeira atual das famílias retraiu 2,1 pontos. Já a avaliação sobre a situação econômica local atual manteve-se praticamente estável, com leve variação negativa de 0,1 ponto.
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Percepção do consumidor sobre o futuro também apresenta queda
Em relação ao futuro, o Índice de Expectativas (IE) recuou 0,4 ponto. Dois dos três componentes desse subíndice apresentaram piora: a expectativa sobre a situação econômica local futura caiu 1,2 ponto, enquanto o indicador de compras previstas de bens duráveis recuou 1,1 ponto.
O levantamento da FGV também demonstrou queda na confiança em todas as faixas de renda, com exceção da mais alta. Entre os consumidores com renda de até R$ 2,1 mil, o recuo foi de 1,9 ponto. Na faixa entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil, a confiança caiu 0,8 ponto. Já entre aqueles com renda de R$ 4,8 mil a R$ 9,6 mil, a queda foi de 2,4 pontos, o maior recuo. Apenas os consumidores com renda superior a R$ 9,6 mil apresentaram alta no índice, com avanço de 0,9 ponto.


A economista Anna Carolina Gouveia destaca que o “indicador segue refletindo um consumidor pessimista”. Ela mostra que o cenário de “forte endividamento, inadimplência e alta dos juros” contribui para as preocupações com o orçamento doméstico e para o desestímulo ao consumo, especialmente de bens duráveis.
O indicador de ímpeto de compras de bens duráveis registrou a terceira queda consecutiva. A coleta dos dados foi realizada entre os dias 2 e 18 de junho. A próxima divulgação da sondagem do consumidor está prevista para 25 de julho de 2025.
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