O ritmo frenético de mísseis cortando os céus do Oriente Médio começa a desacelerar. Desde o começo do confronto entre Irã e Israel, o cenário se caracteriza por ataques balísticos e respostas rápidas de sistemas antimíssil. No entanto, ambos os lados enfrentam um novo desafio: o esgotamento dos arsenais.
De acordo com fontes ouvidas pelo jornal norte-americano Washington Post, sem um apoio mais robusto das Forças Armadas dos Estados Unidos, Israel teria capacidade de manter a defesa antimíssil por no máximo 12 dias — caso os ataques iranianos se mantenham no mesmo ritmo.
O alerta ocorre em meio a movimentações estratégicas dos EUA. Autoridades norte-americanas informaram ao Wall Street Journal que o Pentágono já havia identificado há meses as limitações de Israel. Por isso, reforçou a presença militar na região, com sistemas de defesa aérea instalados em terra, no mar e no ar. A preocupação agora se estende também ao próprio estoque dos EUA, diante do uso intensivo de interceptadores.
“Nem os Estados Unidos nem Israel podem passar o dia inteiro apenas interceptando mísseis”, afirmou Tom Karako, diretor do Projeto de Defesa de Mísseis do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, ao Wall Street Journal.
Relatórios da Inteligência israelense, divulgados pelo Washington Post, sugerem que o Irã possuía cerca de 2 mil mísseis com alcance suficiente para atingir território israelense. Desde a deflagração dos ataques, na semana passada, cerca de 400 mísseis já foram lançados, segundo autoridades militares israelenses. Além disso, 120 desses projéteis teriam sido destruídos em ofensivas israelenses, o que representa cerca de um terço do arsenal utilizado até agora.


A Força Aérea de Israel
Na última segunda-feira, 16, Tel-Aviv declarou que alcançou superioridade aérea sobre o Irã, o que poderia dificultar novos lançamentos por parte de Teerã. Ainda assim, há preocupação com a redução dos interceptadores disponíveis no sistema Arrow — principal escudo contra mísseis balísticos de longo alcance.
Depois de um começo intenso, com mais de 150 mísseis disparados na primeira noite, o Irã reduziu drasticamente sua ofensiva. Lançou apenas dez projéteis na tarde da última terça-feira, 17, segundo o Washington Post.
Mesmo assim, alguns ataques causaram danos significativos. Na sexta-feira à noite, mísseis iranianos quase atingiram o Quartel-General das Forças de Defesa de Israel (IDF). Chegaram até mesmo ao centro de Tel-Aviv. No domingo, uma refinaria próxima a Haifa foi destruída. Já na terça-feira, vídeos mostraram explosões perto da sede da Inteligência israelense, ao norte de Tel-Aviv.


Os mísseis do Irã
Analistas locais sugerem, no entanto, que o Irã ainda mantém mais da metade de seu arsenal ativo — e uma parte desconhecida pode estar armazenada em instalações subterrâneas. O jornal israelense The Marker estimou que as operações de defesa antimíssil custam ao país cerca de 1 bilhão de shekels por noite, o equivalente a R$ 1 bilhão.
O especialista Tal Inbar, da Aliança de Defesa de Mísseis, destaca um dos gargalos dessa operação: o alto custo do sistema Arrow. Cada interceptador pode chegar a US$ 3 milhões (R$ 15 milhões), o que torna sua reposição difícil e onerosa.
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Até terça-feira, Israel informou que conseguiu impedir que 365 dos 400 mísseis atingissem seus alvos — uma taxa de interceptação superior a 90%. Ainda assim, os ataques deixaram 24 mortos e mais de 600 feridos. Do lado iraniano, o governo contabiliza 224 vítimas fatais em bombardeios israelenses.
A Israel Aerospace Industries, responsável pela fabricação dos mísseis interceptadores Arrow, foi procurada pelo Wall Street Journal, mas não comentou. As Forças de Defesa de Israel afirmaram estar prontas para qualquer cenário, mas evitaram comentar especificamente o estoque de munições.
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