
O cooperativismo voltou ao centro do debate internacional durante a COP30, reforçando seu papel estratégico na transição para uma agricultura regenerativa e de baixo carbono.
Embora muitas vezes tratada como novidade, a adoção de práticas sustentáveis já faz parte da rotina de milhares de agricultores familiares, que contam com o apoio das cooperativas para fortalecer e ampliar esses sistemas.
No painel “Agricultura de Baixo Carbono: caminho para sistemas alimentares sustentáveis e resilientes”, apresentados na conferência, diferentes experiências mostraram que a mudança para modelos produtivos mais sustentáveis já está acontecendo no campo.
Entre os destaques está a Lar Cooperativa, que reúne mais de 15 mil associados e atua nos segmentos de grãos e proteína animal no Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Paraguai. A cooperativa apresentou seu Programa Lar de Sustentabilidade, que consolida boas práticas pecuárias e agrícolas com foco em regeneração e redução de emissões.
O programa incentiva ações como a recuperação de nascentes, o reuso de água nas unidades frigoríficas e a realização do inventário de emissões com metodologias internacionalmente reconhecidas. Segundo representantes, o objetivo é fomentar a cultura da sustentabilidade nas áreas de atuação e elevar o nível de conformidade ambiental das atividades agropecuárias.
Coasa
Outro case apresentado foi o da Coasa (Cooperativa de Água Santa), do Rio Grande do Sul. Em um estado marcado por estiagens e enchentes recorrentes, a cooperativa tem investido em práticas que aumentam a resiliência do solo.
Segundo o engenheiro agronômo da Coasa, Ronaldo Scariot, uma das estratégias é manter plantas vivas no sistema pelo maior tempo possível, idealmente, 365 dias por ano, reduzindo períodos de solo descoberto.
“Sabemos que é impossível, mas a gente consegue trabalhar com o sistema adequado, conseguindo botar principalmente plantas naquele vazio outonal que tem no Rio Grande do Sul”, explica.
Segundo o engenheiro, a técnica de inserir culturas no vazio outonal, como o nabo pré-trigo, tem mostrado resultados positivos. Além de ajudar no sequestro de carbono, a planta pode fixar até 40 kg de nitrogênio, reduzindo custos e agregando renda ao produtor.
Importância da agricultura familiar
Experiências como essas demonstram que a agricultura regenerativa não surge do zero, ela evolui a partir de práticas que já são realizadas por agricultores familiares há décadas. Com apoio das cooperativas, esses sistemas ganham protagonismo.
A coordenadora geral de gestão do Ministério da Agricultura, Camila Rodrigues reforça que a agricultura familiar é parte fundamental da solução climática. “A agricultura familiar é parte da solução climática hoje, já que a gente tá aqui falando de COP. Quando se fala em agricultura regenerativa, sustentabilidade, devemos olhar para a agricultura familiar”, afirma.
Para avançar, eles defendem o fortalecimento das políticas públicas, o acesso facilitado a crédito, já que o Plano Safra da agricultura familiar é menor que o do setor empresarial, e maior disponibilidade de fundos voltados à adaptação, mitigação e transição sustentável


