
A Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, levou à COP30 uma mensagem clara: o futuro da cafeicultura passa pela união entre produtividade, sustentabilidade e inclusão social. Durante participação em painel do Fórum Planeta Campo, realizado em Belém (PA), a superintendente de ESG da cooperativa, Natália Carr, detalhou os avanços da entidade em rastreabilidade, sucessão familiar e projetos de agricultura regenerativa.
Fundada em 1932, a Cooxupé reúne 21 mil cooperados, dos quais 96,7% são pequenos produtores. Segundo Natália, essa estrutura mostra que, embora a cooperativa seja líder global, sua força vem da base. “São famílias que respondem por 60% do café que entra na Cooxupé”, afirmou. Hoje, a cooperativa exporta aproximadamente 80% do café produzido, atendendo mais de 50 países.
Rastreabilidade e as ‘quatro ondas’ da cafeicultura
Natália lembrou que a rastreabilidade já é uma realidade consolidada na cafeicultura brasileira, impulsionada tanto por exigências legais quanto pela organização cooperativista. Segundo ela, o setor passou por quatro grandes fases — ou “ondas” — na sua evolução:
- Produtividade: ganhos obtidos com pesquisa, manejo e novas tecnologias.
- Qualidade: busca por cafés especiais e reconhecimento internacional.
- Sustentabilidade ambiental: adequação às legislações e certificações.
- Inclusão social: geração de renda, sucessão familiar e valorização das comunidades rurais.
É nessa quarta etapa que se concentram os esforços atuais da Cooxupé.
Um dos destaques apresentados por Natália é o protocolo de sustentabilidade “Gerações”, iniciativa que integra rastreabilidade, pilar ambiental e gestão econômica das propriedades. O programa incentiva boas práticas e cria níveis de evolução, permitindo que o produtor enxergue sua fazenda como uma empresa.
“Não existe sucessão sem renda. É preciso valorizar o produto do cooperado para que ele consiga investir e permanecer no campo”, reforçou.
Agricultura regenerativa e corredores ecológicos
A Cooxupé também tem avançado em agricultura regenerativa, promovendo biodiversidade no café e implantando corredores ecológicos dentro das lavouras. As ações garantem benefícios ambientais e permitem que os produtores recebam créditos de carbono.
“Falamos muito de biodiversidade acima e abaixo do solo — agora damos mais um passo com árvores implantadas de forma planejada dentro das áreas de produção”, explicou.
A superintendente destacou ainda o trabalho de capacitação e treinamento dos cooperados, aproximando-os da ciência e de novas tecnologias. Segundo ela, o efeito multiplicador vem do exemplo. “Quando um produtor começa a aplicar uma prática nova, o vizinho observa e passa a fazer também”, disse.
A motivação, garante Natália Carr, aumenta quando o cooperado percebe o alcance do próprio produto. “Quando ele entende que o café dele está no Carrefour, que chega à Europa, isso traz pertencimento e entusiasmo”.
Comunicação para além do agro
A superintendente da Cooxupé também reforçou o desafio de comunicar a sustentabilidade do café para públicos fora do setor. Ela destacou a importância da parceria com veículos como Canal Rural e CNN para ampliar o alcance das iniciativas.
“Precisamos mostrar dados e evidências do que fazemos. A cafeicultura e o cooperativismo são parte da solução para as mudanças climáticas”, disse.
Assista ao painel sobre rastreabilidade total da cadeia de alimentos no Fórum Planeta Campo, realizado na COP30, em Belém (PA):


