Assombrado por uma grave crise financeira, o Corinthians ganhou mais uma dor de cabeça nesta sexta-feira (18).
Sem conseguir honrar a 1ª parcela do plano de pagamentos firmado com a Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), o clube foi acionado pelo Cuiabá no órgão da CBF pedindo a aplicação do chamado “transfer ban”, quando uma instituição fica impedida de registrar atletas enquanto permanecer com uma dívida ativa.
Segundo apurou a ESPN, o valor cobrado pelo Dourado gira em torno de R$ 760 mil e faz parte do acordo para a quitação da dívida de R$ 18,5 milhões referente à aquisição do volante Raniele, em 2024.
Mesmo reconhecendo a pendência, a diretoria alvinegra entende que tem até o próximo dias 22 de junho para que a quitação seja feita, considerando o prazo para envio do comprovante de pagamento.
“O Corinthians tem, sim, cinco dias para apresentar o comprovante de pagamento. Ou seja: não será jamais aplicado o transfer ban hoje, mesmo que o Cuiabá peticione nesse sentido. Depois do dia 23, se o Corinthians não apresentar o comprovante de pagamento, o que acho que não vai acontecer, eu acho que o Corinthians vai pagar e o Financeiro está provisionando esse pagamento antes desses cinco dias, impõe-se o transfer ban”, disse à ESPN o superintendente de Negócios Jurídicos do Corinthians, Leonardo Pantaleão.
“Só que é um transfer ban financeiro. Ou seja: se o Corinthians pagar, a qualquer momento, cai o transfer ban. Não é um transfer ban que vai, eventualmente, impactar durante a janela e que o clube não vai poder contratar. É um transfer ban vinculado ao pagamento. Efetuou o pagamento, cai o transfer ban. Mas repito: o Departamento Financeiro está com projeção de efetuar esse pagamento nos próximos dias. O entendimento do Corinthians é de que tem, sim, esses cinco dias adicionais por constar no acordo que tem cinco dias da data do vencimento para apresentar o comprovante. Portanto o órgão não pode punir o Corinthians enquanto não passar esses cinco dias. E a expectativa é de que dentro desses cinco dias seja efetuado o pagamento”.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes na noite da última quinta-feira, o diretor financeiro do Corinthians, Emerson Piovesan, admitiu que não havia recursos em caixa para a quitação, mas garantiu que o clube corria para conseguir arcar com o pagamento dentro do prazo limite.
“Nós temos alguns valores pendentes. Realmente tenho que assumir que temos, mas a gente tem toda uma sequência de pagamentos. Não temos recursos para esse pagamento. A gente tem um valor a ser pago hoje (quinta-feira), mas que a gente tem cinco dias, que vence dia 22, para a gente fazer esse pagamento. Tem uma tolerância de mais cinco dias e vence dia 22. A gente está em busca de recursos para fazer esse pagamento”, disse Piovesan.
À ESPN, Cristiano Dresch, presidente do Cuiabá, discordou da alegação do Corinthians.
“Nunca deram satisfação. Eles estão alegando que têm cinco dias para pagar, eles têm cinco dias para juntar os comprovantes de pagamento”, afirmou Dresch, que prometeu acionar o clube paulista novamente na CNRD com um pedido de “transfer ban”. “Amanhã de manhã (hoje, sexta-feira) vamos protocolar na Câmara dizendo que não recebemos. Se eles não pagarem, o transfer ban é automático. Se aqui fosse um lugar com regras, um lugar sério, o Corinthians já teria sido rebaixado faz tempo”, disparou.
“Eles podem fazer isso se quiserem. Se entenderem o que devem fazer, eles farão. Mas nós temos, pela legislação, mais cinco dias para fazer esse pagamento”, disse Emerson Piovesan, admitindo a situação complexa das finanças alvinegras.
“É uma situação difícil, não vou dizer que não. A gente está trabalhando arduamente para tentar buscar recursos, para honrar esses tipos de compromissos que nós temos com todo mundo. Estamos trabalhando arduamente, a situação não é fácil, é uma situação difícil, mas o que nós queremos é buscar soluções para isso”.
O drama financeiro no Parque São Jorge levou o Corinthians a atrasar o salário de jogadores e funcionários no início do mês, além de pagamentos à empresa contratada para a segurança particular do holandês Memphis Depay. O balanço de 2024 apontou uma dívida de R$ 2,568 bilhões.