Depois do anúncio pelo governo de que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil havia crescido 9%, o dólar ainda permaneceu acima da cotação histórica de R$ 6; o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores teve registro de queda; e não houve atração de capital do exterior.
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Em seu editorial desta quarta-feira, 4, O Estado de S.Paulo lembra de detalhes que impedem melhores expectativas e novos investidores para o país.
Os dados apurados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o consumo do governo opera no maior patamar da série histórica. O governo eleva despesas há 14 trimestres consecutivos.
Ao mesmo tempo, o gasto das famílias também cresce a 5,5% em relação ao terceiro trimestre de 2023. São 15 trimestres consecutivos de subida. Para o Estadão, a razão são os programas governamentais. Também, a taxa de desemprego em 6,2%, que também contribui, assim como o reajuste do salário mínimo acima da inflação.
“É obviamente positivo, mas a avaliação depende de outros fatores, sendo o principal deles a sustentabilidade do cenário”, observou o jornal.
Ele lembra que antes da “tempestade recessiva” de meados de 2014, o cenário também era de aparente bonança.
“A então presidente Dilma Rousseff terminou seu primeiro mandato com indicadores econômicos confortáveis, contas públicas maquiadas pela contabilidade criativa e uma inflação contida na marra”, comparou o Estadão. “Mas a conta veio pesada, com recessão e afastamento de Dilma da Presidência”.
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O texto avalia o PIB, com valor de R$ 3 trilhões e alta de 4% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, como bom. Tanto, que os petistas correram às redes sociais para comemorar o tal “efeito Lula”.
“Mas, se olhassem os dados com mais cuidado, perceberiam que a taxa de investimento de 17,6% ainda é pífia, insuficiente para sustentar um crescimento econômico entre 3% e 4% ao ano de forma consistente”, alertou o Estadão.
Para o jornal, o país deve equilibrar suas contas para crescer com sustentabilidade. Precisa também de uma política fiscal efetiva, não dos remendos que têm sido apresentados.
Folha avalia a deterioração do Orçamento sob o Lula, apesar de alta do PIB
Também em seu editorial de hoje, a Folha de S.Paulo lembrou que, apesar do PIB, a cotação do dólar está acima de 6,05. Além disso, as expectativas de inflação para 2025 subiram de 3,97% para 4,4%; e a taxa básica de juros pode ultrapassar os 14,5% em meses.
“São dados que obviamente conspiram contra a permanência do crescimento econômico”, destacou o jornal.
No texto O PIB perde a corrida para a dívida pública, a Folha reitera que, mesmo com crescimento econômico acima do esperado, a deterioração do Orçamento sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva pressiona dólar, inflação e juros.
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Apesar da expansão da atividade, o editorial analisa que o endividamento governamental saltou da 71,68% do PIB para 78,64% em menos de dois anos de mandato de Lula. “Se nada for feito, calcula-se que haverá alta contínua até o final da década”.
“A percepção geral de que o ritmo de aumento das despesas públicas não é sustentável, e o governo Luiz Inácio Lula da Silva não está disposto a tomar as providências necessárias para uma correção de rota”, criticou a Folha.
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