A cúpula do Brics, que começa neste domingo, 6, no Rio de Janeiro, estará vazia e ocorrerá sob tensões diplomáticas. Ausências de peso, como a do chinês Xi Jinping e do russo Vladimir Putin, geram baixas consideráveis na reunião.
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O evento carrega incertezas sobre ao menos dois pontos-chave da declaração final: a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e a resposta coletiva aos recentes bombardeios contra instalações nucleares do Irã.
Veja a lista de quem faltou ao evento do Brics:
- Xi Jinping (China);
- Vladimir Putin (Rússia);
- Abdel Fatah Al-Sisi (Egito);
- Mohammed bin Salman (Arábia Saudita);
- Masoud Pezeshkian (Irã);
- Gustavo Petro (Colômbia); e
- Claudia Sheinbaum (México).
A delegação iraniana cobra do grupo um posicionamento mais duro sobre os ataques de Israel e dos Estados Unidos a alvos nucleares no país. Conforme Teerã, é insuficiente a nota emitida recentemente pelo bloco, que se limitou a manifestar “profunda preocupação” e a apontar violações ao Direito Internacional.
O acordo sobre eventual “punição” aos EUA e a Israel está travado, pois integrantes do Brics — como Índia, Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes — têm laços estreitos de segurança ou comerciais com Washington e Tel-Aviv.


Quem estará no evento do Brics
Algumas presenças de destaque foram confirmadas, como o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa; o premiê chinês, Li Qiang; o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto; e o primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh. Além deles, devem participar o secretário-geral da ONU, António Guterres, e os chefes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Mundial do Comércio (OMC), Tedros Adhanom e Ngozi Okonjo-Iweala.
Na presidência temporária do bloco, o Brasil aposta em reforçar a defesa do multilateralismo (coordenação e cooperação entre diversos países).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá as delegações no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, sob um aparato de segurança robusto. O esquema mobilizou caças F-5M, aeronaves A-29 Super Tucano armadas com mísseis, helicópteros, blindados, viaturas e até simulações de ataque com armas químicas e biológicas, num exercício conjunto das Forças Armadas para testar sua capacidade de reação.


Sem consenso
Além da tensão que envolve o Irã, ainda há pontos sensíveis em discussão, como a forma de criticar as práticas consideradas protecionistas dos Estados Unidos. Alguns países do Brics, a exemplo do Brasil, defendem um texto mais direto, mas sem citar Donald Trump explicitamente. Já a China e a Índia, em conversas comerciais delicadas com Washington, preferem um tom brando para não tensionar tarifas.
Outro item polêmico é a demanda antiga de reforma do Conselho de Segurança da ONU, proposta em diversas declarações do Brics e fortemente defendida pelo Brasil. O Egito e a Etiópia, contudo, mantêm resistência. Os dois países temem perder influência no continente africano em caso de ampliação de assentos permanentes — temor que travou inclusive um documento diplomático na reunião de chanceleres em abril, situação inédita na história do grupo.

