O mercado de suínos registrou queda nos preços na última semana, reflexo do ritmo mais lento das vendas no mercado interno, típico do período. Apesar disso, setembro deve encerrar com médias próximas das máximas do ano, segundo levantamento da Scot Consultoria.
O milho, principal insumo da suinocultura, permanece em níveis que permitem custos controlados. Até 25 de setembro, em Campinas, São Paulo, a saca de 60 quilos foi cotada em R$ 65,34, sem frete, alta de 2,1% em relação a agosto e de 2% na comparação anual.
De acordo com o analista de mercado da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, a relação de troca entre suínos e milho permanece favorável.
“Os preços da suinocultura brasileira estão relativamente confortáveis. O ano é bom para o setor, com boas margens e oferta suficiente de milho, graças a uma safra de safrinha de 100 milhões de toneladas”, explica.
Ele ressalta que a expectativa para o último trimestre de 2025 é de abastecimento confortável e demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto nas exportações.
Análise histórica
A análise histórica mostra que o cenário mudou bastante em pouco tempo. Entre setembro e dezembro de 2024, a relação de troca era desfavorável: eram necessários entre 7,5 e 8,5 quilos de milho para produzir um quilo de suíno, refletindo custos altos de alimentação.
Já no início de 2025, houve melhora significativa: em março, eram necessários menos de 6 quilos de milho, beneficiando a rentabilidade do produtor.
No entanto, no segundo semestre de 2025, a relação de troca começou a se recuperar, voltando a níveis próximos a 8 quilos de milho por quilo de suíno nos meses de agosto e setembro, indicando nova pressão sobre as margens.
“O gráfico mostra claramente que o produtor operou acima ou abaixo da média anual de 7,40 quilos de milho por quilo de suíno, evidenciando a volatilidade do mercado e a importância de planejamento estratégico”, afirma Iglesias.
Além do milho, a oferta de farelo de soja também se manteve confortável, enquanto o óleo de soja sofreu pressão pelo aumento da demanda do setor de biocombustíveis, especialmente com a possível elevação do percentual obrigatório da mistura B16.
Apesar da recente queda de preços, Iglesias detalha que o panorama para a suinocultura brasileira segue favorável. Custos controlados, oferta de insumos adequada e demanda interna e externa aquecida devem sustentar boas margens para os produtores até o final do ano.