Fazendo história em seu primeiro ano na elite do Campeonato Brasileiro, o Mirassol tem no comando um jovem treinador, de carreira curta e “viciado” em um jogo de futebol: Rafael Guanaes.

Contratado em março deste ano pela equipe do interior paulista, Guanaes já comandou o Leão em 27 jogos, com 13 vitórias, dez empates e apenas quatro derrotas. Neste domingo (19), às 17h30 (de Brasília), o Mirassol tentará prolongar a excelente fase ao receber o São Paulo, pela 29ª rodada.

Apesar de já ter alcançado os 46 pontos, que é o “número mágico” que garante a permanência na Série A, o Mirassol quer mais. Em entrevista à ESPN, Guanaes destacou a estrutura do clube e revelou até onde quer chegar.

“Estou aproveitando aquilo que o Mirassol construiu através do trabalho de outras pessoas e outros treinadores. Na Série D com o Eduardo [Baptista], da Série C com o [Ricardo] Catalá, da Série B com o Mozart, e agora eu conseguindo esse grande desafio que a gente está tendo. Não tem como falar que o Mirassol é um time pequeno. É um time do interior, a gente não pode mais falar que é time pequeno, e eu acredito que nunca foi, pela forma de pensar, de trabalhar e entender qual era o caminho para chegar aqui”, disse.

“Não tem como esse campeonato do Mirassol ser um fracasso, já atingimos um objetivo então já passa a ser sucesso. Estou feliz e grato, mas não estou satisfeito porque sei que temos capacidade de atingir isso [vaga na CONMEBOL Libertadores]. Nós temos uma oportunidade, eu quero atingir o nosso nível máximo, das formas que forem necessárias. Uma Sul-Americana já seria algo maravilhoso, mais uma nova história na vida do Mirassol e que pode terminar com o sotaque espanhol, então estou sonhando com isso”, completou.

Como Football Manager guiou sua vida de técnico

Rafael Guanaes é o que muitos consideram um “nerd da bola”. Apaixonado por futebol, o treinador conta que gosta de ler sobre o esporte e assistir a diversos campeonatos. O estudo, na vida do treinador, é constante.

Dentro deste contexto, o técnico do Mirassol revelou à ESPN como o Football Manager, um simulador que permite que os jogadores assumam o papel de um treinador, exercendo funções como contratar atletas até ajustar esquemas táticos, também moldou sua paixão pelo futebol.

“Olhando para trás, está muito relacionado a esse amor que tenho pelo jogo, que vem lá de pequeninho, de criança”, disse.

“Vi até o Abel falando uma vez sobre o banco de dados do FM. Já era muito rico, melhorou demais. Faz muito tempo que não utilizo, mas é algo que talvez na próxima versão eu possa ter a curiosidade de mexer. O que mais me traz uma surpresa muito grande é quanto aquele momento foi me trazendo familiaridade com a vida real hoje, com o jogo te trazer um viés mais complexo, especialmente por ser manager, não só treinador em si, mas te trazer embasamento de clubes de uma forma geral”, completou.

Guanaes conta que gastava “horas e horas” no FM, alcançando voos maiores na sua carreira simulada, mas que não tinha a pretensão de realmente se tornar um treinador de futebol. Hoje, o técnico consegue traçar um paralelo entre sua vida profissional e o jogo eletrônico.

“Virava dias assim, então o que mexia comigo? A tela que vinha o convite do próximo desafio, então os resultados que a gente ia conseguindo conquistar, pegando um time menor e subir de divisão, aí ser chamado por outro clube e disputar uma competição continental”, disse.

“Exatamente o que a vida me trouxe, de começar em um time pequeno, de trabalhar muito e ter a oportunidade, pessoas ao redor que confiassem em mim, que me dessem tempo para trabalhar, e essas condições, a confiança de colocar as minhas convicções no plano prático e que graças a Deus estão dando resultados. É um privilégio né, uma honra, algo exponencialmente sobrenatural”, finalizou.