A equipe de defesa de Alberto Youssef acionou o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular decisões da Operação Lava Jato. Em nova petição entregue na segunda-feira, 23, os advogados do doleiro pedem que o ministro Dias Toffoli reconheça a suspeição do ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil-PR).
O argumento central do pedido se baseia no fato de que Moro já havia declarado seu impedimento para julgar Youssef em outro processo — o caso Banestado, de 2010. Na visão dos defensores, a participação posterior do juiz nos processos da Lava Jato violaria essa decisão prévia.
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Segundo os advogados Antonio Figueiredo Basto e Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Moro teria ignorado propositalmente o impedimento declarado anos antes. Eles alegam que o ex-magistrado agiu motivado por interesse pessoal e buscou capitalizar politicamente com a visibilidade da Lava Jato.
“Tal decisão foi completamente ignorada pelo magistrado no início da operação Lava Jato, ao observar o potencial daquelas investigações para sua promoção pessoal”, diz a petição, conforme revelou o site Conjur.
Youssef foi preso em março de 2014, logo na primeira fase da Lava Jato. Ele assinou um acordo de colaboração premiada que se tornou peça-chave para diversas denúncias, inclusive contra figuras centrais do PT, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


A defesa também afirma que Youssef foi alvo de escutas ilegais dentro da carceragem da Polícia Federal. Segundo os advogados, a escuta entrou em funcionamento no dia da prisão, e o próprio doleiro só a descobriu no mês seguinte.
De acordo com o texto enviado ao STF, “áudios foram ilegalmente captados, fatos que foram dolosamente omitidos dos réus, suas respectivas defesas e da imprensa nacional”.
Youssef vira peça-chave em ofensiva contra a Lava Jato
Os defensores de Youssef sustentam ainda que a Lava Jato operava com finalidades políticas. Eles dizem que procuradores e Moro teriam instrumentalizado o doleiro para atingir lideranças do PT, enquanto buscavam construir capital político.
As acusações contra a força-tarefa ganham novo fôlego depois de decisões recentes dos ministros Dias Toffoli e André Mendonça. Eles determinaram a revisão de acordos de leniência firmados com empreiteiras durante a operação.
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Empresários ligados à Odebrecht e outras construtoras buscam reverter multas com o argumento de que doações eleitorais legais foram indevidamente classificadas como propina. Essa reinterpretação jurídica, sustentam os advogados, teria inflado os valores cobrados nos acordos.