A demissão de Washington Reis (MDB-RJ) da Secretaria de Transportes do Rio de Janeiro abriu uma crise no governo do Estado. O impasse pressiona a base do Palácio Guanabara e pode rachar a aliança da direita para 2026, conforme informa o jornal O Globo.
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Reis foi demitido por determinação de Rodrigo Bacellar (União Brasil-RJ), atual presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), durante viagem do governador Cláudio Castro (PL-RJ) a Portugal.
Bacellar, no exercício do governo, disse que, se a decisão for revertida, deixará de apoiar o projeto político de Castro. O presidente da Alerj também tenta se aproximar de Jair Bolsonaro (PL).
Lideranças do PL, como o senador Carlos Portinho e o deputado federal Carlos Jordy, atacaram Bacellar e defenderam Reis. O deputado Sóstenes Cavalcante, líder do partido na Câmara, evangélico e aliado de Silas Malafaia, chamou o emedebista de “futuro governador”.
Nos bastidores, Bolsonaro demonstra reservas a Bacellar e a Castro, mas ainda não definiu apoio. O ex-presidente pretende esperar o cenário de 2026.
Bacellar enfrenta resistência de outras siglas. Já teve atritos com PP, MDB e dirigentes locais. Há dúvidas sobre acordos que firmou, inclusive a promessa de apoiar Douglas Ruas (PL-RJ) para sucedê-lo na Alerj. Ruas é aliado do vice-presidente da Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes (PL-RJ).
Na sexta-feira 4, Bacellar nomeou André Moura, secretário de Governo, como interino nos Transportes. Reis reagiu com vídeo nas redes, agradeceu a Castro e afirmou que continuará trabalhando até a volta do governador.
Crise abala força do governador do Rio de Janeiro
Auxiliares de Castro avaliam que, qualquer que seja a escolha, ele sairá enfraquecido. A preocupação central é evitar uma candidatura rival ao Senado. Reis é um dos cotados.
Ao mesmo tempo, Castro depende de Bacellar, primeiro na linha sucessória, para manter base na Alerj. Isto porque o vice Thiago Pampolha (MDB) renunciou ao cargo depois de aceitar uma vaga no Tribunal de Contas do Estado.
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Ainda na sexta, Bacellar se reuniu com o senador Flávio Bolsonaro (PL) em Búzios (RJ). Quer que o PL indique seu vice e sucessor na presidência da Alerj. Também propõe deixar as duas vagas ao Senado com o partido: uma com Flávio, outra com Castro, que precisa sair do governo até abril.
A equipe de Bacellar quer envolver cúpulas nacionais do PL, União Brasil, PP e Republicanos para garantir apoio por cima ao seu nome.
A crise se espalhou nas redes. Portinho disse que a demissão causou “desunião” e criticou “aventuras” e “trapalhadas”. Jordy chamou Bacellar de arrogante e defendeu Reis como candidato ao governo.
Aliados de Bacellar reagiram. Resgataram imagens de Reis ao lado de Lula e Dilma Rousseff no passado. Embora hoje ligado a Bolsonaro, Reis tem boa relação com o prefeito Eduardo Paes (PSD). O deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ), aliado do prefeito, chamou Bacellar de desrespeitoso.
Reis tem dito que segue com Bolsonaro. Na sexta, ignorou visita de Lula a Duque de Caxias. Apresentou obras e recebeu o vice-prefeito do Rio, Eduardo Cavaliere (PSD-RJ), em um projeto social.