A denúncia de nove medalhistas paralímpicos realizada há mais de dois meses colheu seus primeiros resultados nesta semana.
O Ministério do Esporte (MEsp) enviou ofício à Confederação Brasileira de tênis de mesa (CBTM) esclarecendo que algumas práticas realizadas pela entidade eram ilegais, justamente como apontaram os atletas que escreveram carta aberta ao MEsp no último dia 15 de maio.
O ofício do Ministério do Esporte, assim como a resposta da carta aberta foram obtidos em primeira mão pela reportagem da ESPN, após caso revelado pelo “UOL”.
Na noite de quinta-feira (17), a CBTM publicou uma nota oficial revogando as exigências para prestação de contas do programa Bolsa-Atleta que continham número mínimo de participações em torneios indicados pela confederação. Essa era uma das práticas expostas como abusivas pelos atletas paralímpicos do tênis de mesa.
A “vitória” foi comemorada por alguns dos autores da carta, mas a resposta do Ministério do Esporte não foi totalmente satisfatória ao pleito dos atletas.
O órgão negou os pedidos de intervenção e a exigência de uma publicação detalhada do planejamento esportivo da CBTM, assim como os critérios para as convocações de atletas para torneios custeados pela entidade.
Porém, o Ministério do Esporte disse que, para o próximo edital do Bolsa-Atleta, solicitará a “todas as organizações nacionais de administração e regulação do esporte a apresentação formal dos critérios objetivos que serão adotados para a indicação de atletas à categoria Pódio.”
Esse trecho da resposta da carta do Ministério aos atletas é uma amostra de que a denúncia reverberou e, além de derrubar algumas das exigências da CBTM, também está provocando mudanças e aprimoramentos no processo do Bolsa-Atleta como um todo.
“O nosso próximo passo é continuar lutando por transparência, cadê o recurso para a seleção principal, para os nossos medalhistas? A gente quer ter um diálogo com a confederação e que eles nos escutem. A gente não quer uma ditadura.”, relatou um dos atletas.
Entenda o caso
No dia 15 de maio, os medalhistas paralímpicos Bruna Alexandre, Claudio Massad, Luiz Felipe Manara, Danielle Raullen e Cátia Oliveira, junto com outros atletas de destaque como Jennyfer Parinos, Joyce Oliveira, Marliane Santos e Paulo Salmin, enviaram uma carta aberta ao Ministério do Esporte denunciando supostos “abusos” por parte da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, tais como:
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Investimento de 30 a 60% do Bolsa-Pódio, maior categoria do Bolsa-Atleta, em campeonatos internacionais, para ter a prestação de contas aprovada;
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Ameaça de não aprovar os planos esportivos, necessários para recebimento do Bolsa-Pódio, caso os atletas não indicassem de 6 a 10 torneios internacionais no planejamento esportivo;
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Cláusula em contrato para a utilização do Centro Paralímpico Brasileiro (CPB) proibindo postagens que “exponham negativamente a modalidade, praticantes e a CBTM”
Ao final do documento, eles pediam:
1. Intervenção imediata do Ministério do Esporte no processo do Bolsa-Atleta
2. Proteção dos direitos dos atletas paralímpicos e reconhecimento que a excelência esportiva se mede por resultados e planejamento estratégico, não pela quantidade de eventos disputados;
3. Esclarecimento oficial e definitivo sobre quais exigências são de fato obrigatórias para a aceitação dos planos esportivos e quais são apenas sugestões;
4. Cobrança à CBTM quanto à elaboração e divulgação de um planejamento e proposta detalhada com critérios técnicos objetivos para a convocação de atletas em representações oficiais
5. Criação de um canal institucional de comunicação entre atletas, CBTM e Ministério.
Após a repercussão do caso, a ESPN ouviu os atletas envolvidos, que relataram retaliações por parte da CBTM após a publicação da carta aberta.
“É humilhante”
Bruna Alexandre, primeira atleta brasileira a disputar os Jogos Olímpicos e Paralímpicos em uma mesma edição, venceu duas medalhas de bronze em Paris. Mesmo com esse resultado expressivo e sendo a número um do mundo na sua classe, está sofrendo o que seria “vingança” após a assinatura da carta.
“Estava tudo certo para eu competir na Tailândia. Quando perguntei se estava tudo certo, a Confederação respondeu que não, porque o orçamento estava curto. Mas como se eu sou a principal atleta e colocaram mais quatro no meu lugar?”
Bruna esperava competir no ITTF World Para Elite Nakhon Ratchasima, que está sendo disputado de 18 a 22 de julho. No entanto, a CBTM levou outros quatro atletas para a competição: Sophia Kelmer, Evellyn Santos, Lucas Carvalho e Welder Knaf. Todos são de classes diferentes da de Bruna e não possuem medalhas em Jogos Paralímpicos.
“Não vou continuar sendo humilhada desse jeito. Estou pensando que me tiraram da Tailândia em retaliação à carta aberta. Acho que a confederação fez vingança — não só comigo, mas com muitos atletas.”
Outra atleta que diz ter sido vítima dessa “vingança” é Cátia Oliveira. Medalha de bronze em Paris, ela também foi excluída do torneio.
“Na minha programação de campeonatos, estava a Tailândia e França. Saiu pela nota oficial que meu nome não estava mais para a Tailândia e nem falaram o porquê. Enfim, fui retirada depois que saiu a carta aberta. Agora, tem o campeonato na França em outubro e eu não sei como vai ser.”
Questionada pela reportagem sobre esses dois casos, a CBTM alegou sobre Cátia
“Embora o ITTF World Para Elite Nakhon Ratchasima constasse em versões preliminares do calendário, esse evento não está incluído no plano esportivo enviado pela atleta ao Ministério do Esporte, em razão de sua Bolsa Pódio. Em 2025, a atleta já participou de competições internacionais custeadas diretamente pela entidade, listadas abaixo:
• 11 a 14 de março: ITTF World Para Future Costa Brava 2025 (ESP)
• 26 a 29 de março: ITTF World Para Challenger Wladyslawowo 2025 (POL)
• 06 a 10 de maio: ITTF World Para Challenger Lasko 2025 (SLO)
• 12 a 16 de maio: ITTF World Para Elite Lasko (SLO)
Além disso, a atleta participou de dois períodos de treinamento de 15 dias na Europa. Após seu retorno, Cátia comunicou estar lesionada e, por esse motivo, não participou dos treinamentos junto à Seleção Brasileira e seguiu recebendo todo apoio do Comitê Paralímpico através da CBTM.”
Catia discordou da justificava apresentada pela entidade. O prazo para inscrição o torneio da Tailândia era até o dia 13 de junho, quando ela já tinha realizado uma tomografia que não detectou nenhuma lesão. Depois de voltar da Europa, ela seguiu treinamento normalmente no CPB e até competiu (e venceu) um torneio em Marília-SP no dia 21 de junho.
Segundo a atelta, a lesão, que foi detectada apenas em julho, não tem nenhuma relação com sua exclusão da lista de contemplados para o torneio em Ratchasima.
“Fui forçada”
Segundo Bruna Alexandre, o torneio na Tailândia também estava o seu planejamento com despesas pagas pela CBTM, tanto que ela tinha se programado para pagar a participação em outro grande torneio no exterior a pedido da confederação.
“A confederação recebe dinheiro público do Comitê Paralímpico do Brasil (CPB) e sobrevive dos resultados dos atletas. Sempre pagaram os campeonatos para mim, estou há 15 anos na seleção. Eu sou a maior medalhista paralímpica do tênis de mesa e ainda consegui jogar os Jogos Olímpicos. Mesmo assim, a confederação veio e me disse: ‘Bruna, você vai ter que pagar o torneio nos Estados Unidos’. Tentei conversar com eles, mas me enrolaram. Coloquei o torneio no plano esportivo, não porque quis, mas porque fui forçada.“
“Não faz sentido. Não tem critério e nem transparência. Eu estou muito triste com a situação. A gente não consegue ter contato com a confederação e conversa. Não tem transparência, só ameaças e a retaliações.”
Depois de Paris, Bruna Alexandre deixou de fazer parte da equipe olímpica, com a justificativa de que a seleção está passando por uma renovação e ela, com 30 anos, não fazia mais parte dos planos. A catarinense desabafou:
“Eu estou me perguntando agora, será que me usaram nos Jogos Olímpicos para dar visibilidade para o tênis de mesa? Fizeram isso comigo no olímpico, e agora estão mexendo comigo também no paralímpico. Eu nunca imaginei que a confederação pensaria em me prejudicar. Estou triste e assustada com essas coisas. Não esperava que tudo isso ia acontecer.”
Sobre o caso de Bruna, a CBTM respondeu um questionamento da reportagem da razão que ela não foi convocada e se ela segue nos planos da seleção paralímpica para Los Angeles:
“Em junho, a Confederação foi comunicada por e-mail de que a atleta Bruna Alexandre optou por realizar uma cirurgia bariátrica, sem acordo prévio com a equipe técnica.
Entre janeiro e junho, foram feitos diversos esforços conjuntos entre a comissão técnica e a atleta com o objetivo de melhorar suas condições físicas, com metas acordadas. No entanto, as metas não foram cumpridas, e a atleta optou pelo desligamento temporário para realizar a cirurgia, o que considerou ser o caminho mais viável.
Quanto à permanência da atleta no ciclo até os Jogos de Los Angeles, a decisão será técnica, mas também depende do comprometimento da própria atleta em retomar os treinos em alto nível e atender aos requisitos físicos necessários para integrar a Seleção.”
Ao tomar conhecimento da resposta da confederação sobre o caso de Bruna, os atletas enviaram uma nova declaração para a reportagem.
“Nós, atletas signatários da carta aberta encaminhada ao Ministério do Esporte, vimos a público repudiar mais uma tentativa da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) de manipular os fatos para distorcer a realidade e desacreditar atletas que vêm denunciando arbitrariedades institucionais.
Em nota enviada à ESPN, a CBTM afirma que a atleta Bruna Alexandre “optou por realizar uma cirurgia bariátrica sem acordo prévio com a equipe técnica” e ainda atrela seu futuro esportivo a uma suposta falta de comprometimento. Tal declaração é desleal, desrespeitosa e inverídica.
Bruna Alexandre, número 1 do mundo na Classe 10, comunicou oficialmente, por e-mail, no dia 19 de junho, sua necessidade médica de submeter-se a uma cirurgia bariátrica, amparada por recomendação clínica especializada. Em sua mensagem, encaminhada aos órgãos oficiais do Programa Bolsa Atleta, CPB e representantes da própria CBTM, Bruna não apenas explicou os motivos da intervenção como também anexou o atestado médico correspondente e se colocou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais.
Portanto, a narrativa de que a atleta teria “optado” pela cirurgia sem diálogo é absolutamente mentirosa. A cirurgia foi uma decisão médica, não técnica, visando a saúde, a longevidade da carreira e a manutenção do alto rendimento esportivo da atleta. Tal decisão jamais deveria ser tratada com desdém ou ironia institucional, como tem sido feito por membros da atual gestão.
Além disso, a própria Bruna questionou formalmente se estaria confirmada no evento internacional da Tailândia. A resposta da CBTM, registrada em mensagens trocadas via WhatsApp, foi de que não havia orçamento para sua participação. Ou seja, a atleta já havia sido excluída da convocação antes mesmo de comunicar a cirurgia — desmontando por completo a versão de que sua ausência se deu por decisão pessoal.
Repudiamos veementemente o uso de informações médicas de maneira oportunista para justificar decisões técnicas e políticas. O que a CBTM demonstra, mais uma vez, é sua disposição de retaliar atletas que se posicionam, ignorando os princípios do respeito, da transparência e da valorização humana.
A história da Bruna Alexandre — uma das maiores atletas paralímpicas do Brasil — fala por si. Nenhuma nota institucional deturpada será capaz de apagar seus feitos, sua entrega ou seu compromisso com o esporte nacional.
Seguimos unidos na luta por um ambiente esportivo mais ético, seguro e justo para todos os atletas.”
Bruna ainda reforçou com a reportagem que enviou e-mails avisando de sua cirurgia e disse que, mesmo um pouco acima do peso, venceu três challengers e um futures, e segue como líder do ranking da sua classe.
5:15
Medalhista paralímpico explica carta ao Ministério do Esporte denunciando conduta da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa
Claudio Massad, bronze em Paris-2024, concedeu entrevista exclusiva à ESPN sobre exigências abusivas da CBTM
“A gente sente que a CBTM é nossa adversária”
Cláudio Massad, bronze nos Jogos Paralímpicos de Paris, relatou que as retaliações atingiram até entidades que não se manifestaram contra a confederação.
“Até 2022, eu era atleta de uma associação em Bauru que tem equipamentos da CBTM. A confederação solicitou o recolhimento de todos os materiais que estavam lá em comodato e a associação, que eu ajudei a fundar, foi obrigada a devolver os materiais. Eles receberam o ofício no mesmo dia da publicação da matéria no UOL.”
Massad também sentiu na pele uma mudança repentina no tratamento da confederação. Ele o é principal atleta do país na sua classe, ocupando a 33ª posição no ranking mundial, também ficou fora da convocação para o camping de treinamento no CPB, sendo que havia sido convocado para um similar em abril.
“Estou no tênis de mesa paralímpico desde 2014, pela primeira vez que eu não fui convocado (para o camping). A gente sente que a CBTM é nossa adversária. Queremos lutar pelo nosso direito e por dignidade para representar o país.”
Sobre o pedido da devolução dos equipamentos da associação que Massad ajudou a fundar, a CBTM declarou:
“Nenhum atleta paralímpico que compõe a seleção brasileira permanente possui vínculo com a referida entidade. A decisão em retomar a guarda dos materiais está ligada ao baixo número de atletas na associação, que já possui estrutura para atender suas demandas locais, através de chamamento público com a prefeitura. A proposta da CBTM é ajudar outras entidades que estão iniciando o processo de desenvolvimento da modalidade.”
“Nunca passamos por isso”
Luiz Filipe Manara, que conquistou a medalha de bronze ao lado de Massad nas Paralimpíadas de Paris, também relatou o sentimento por ter sido excluído desse camping de treinamento.
“Vínhamos sendo convocados para todos os treinos da Seleção. Está acontecendo um agora e fomos deixados de lado. Deram uma justificativa muito vaga. Há um consultor estrangeiro envolvido. Represento a seleção desde 2009, sempre com muito orgulho e dedicação. Nunca passamos por isso. Fui para torneios na Argentina e Chile, ganhei os dois no individual e ouro nas duplas e mesmo assim fomos preteridos. Não acho que os técnicos sejam culpados, são funcionários, seguem ordens.”
“Pensamos que era hora da confederação investir em nós, mas nos disseram que a nossa medalha é passado. Mesmo assim, continuamos performando em alto nível. Eu me emociono, me indigno.. É um misto de sentimentos, até de raiva.”
“Sabemos que foi retaliação”
No mesmo torneio na Argentina que Manara foi campeão, ele e outros atletas que assinaram a carta enfrentaram uma situação que causou ainda mais indignação entre o grupo. Os técnicos da seleção não puderam dar orientações durante os primeiros dias para o torneio.
Essa situação só foi normalizada depois que uma pessoa ligada à Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SEDPcD) de São Paulo, que patrocina alguns dos atletas, questionou a CBTM da razão pela qual o técnico da confederação não estava ajudando o competidor.
“O técnico não podia atuar com as pessoas que assinaram a carta aberta. Foi muito triste. Sabemos que foi retaliação. Fica a indignação. A confederação deveria apoiar os atletas, não ir contra eles.”, desbafa Marliane Santos.
Sobre a falta de orientações no torneio da Argentina, a CBTM respondeu à reportagem:
“O torneio ITTF World Para Future Buenos Aires está classificado como terceiro nível em termos de pontuação para o ranking internacional, conforme abaixo:
1º nível – ITTF Para Elite
2º nível – ITTF Para Challenger
3º nível – ITTF Para Future
Por essa razão, o torneio foi estrategicamente utilizado pela CBTM para proporcionar experiência internacional a jovens atletas, muitos deles participando de sua primeira competição fora do país e realizando a primeira classificação funcional internacional. Ao todo, nove atletas iniciantes foram convocados e dois treinadores acompanharam a delegação.
Outros atletas participaram por iniciativa própria, sem convocação da entidade, visando cumprir seus respectivos planos esportivos ou alcançar o número mínimo de eventos exigido pelo novo sistema de ranking da ITTF (que agora requer participação em ao menos seis torneios por ano para pontuação na temporada).
Diante desse cenário, os treinadores foram inicialmente direcionados a acompanhar e orientar os jovens atletas nas primeiras rodadas, priorizando aqueles que mais necessitavam de apoio técnico. Já os atletas mais experientes, com histórico em diversos ciclos, receberam suporte conforme a disponibilidade da comissão técnica nas fases seguintes.
É importante destacar que o nível técnico do torneio era considerado intermediário, com poucos atletas no Top 10 do mundo, o que reduziu o risco competitivo nas primeiras rodadas. A decisão foi, portanto, estratégica, com foco no desenvolvimento da nova geração de atletas paralímpicos brasileiros.”
“Foi uma das piores sensações da minha vida”
Não foi só nas competições que os atletas que assinaram a carta sofreram com retaliações. Até nos treinos, no Centro Paralímpico Brasileiro em São Paulo, o ambiente deixou de ser saudável e seguro. Os sparrings (rebatedores), atletas sem deficiência que ajudam no treino dos andantes, foram impedidos de atuar junto com os autores da carta. De acordo com capturas de tela em conversas privadas, os técnicos indicavam que eram ordens de cima.
“O técnico me colocou para treinar com um sparring em um dia em que o gerente geral não estava, mas precisei interromper no meio do treino porque chegaram visitantes do comitê. Se alguém tirasse uma foto, ele poderia se prejudicar. Eu me senti extremamente humilhada. Foi uma das piores sensações da minha vida. Chorei muito. Estava desesperada.” conta uma das atletas.
“No dia seguinte, o técnico me colocou para treinar com classes mais baixas (cadeirantes). Normalmente treino com classes mais altas ou sparrings. Nesse dia, colocaram um atleta cadeirante, que não tem nada a ver com meu jogo. Foi 100% retaliação. Atletas andantes quase nunca treinam com cadeirantes.”
O que diz a CBTM?
A reportagem da ESPN obteve o ofício enviado pela CBTM para a Ministério do Esporte no dia 10 de junho, antes da publicação da carta aberta no UOL, respondendo os questionamentos do ME em relação às denúncias dos atletas.
Além do ofício ao ministério, a CBTM também publicou uma nota oficial após a reportagem do UOL. A confederação propôs um debate de como os recursos, que são finitos, devem ser investidos no esporte. Além disso, ela admitiu uma “meaculpa”:
“A CBTM propôs, sim, que os atletas paralímpicos brasileiros com resultados esportivos estratégicos direcionassem recursos próprios para seus planos esportivos e para suas próprias evoluções no ranking profissional (e cabe aqui um mea culpa: a confederação reconhece que o pedido pode ter sido mal interpretado, mas seu intuito foi puramente educativo).”
No documento enviado para o Ministério do Esporte, assinado pelo presidente Vilmar Schindler, a confederação afirma que dá transparência a exigência de uma participação mínima dos atletas para recebimento das bolsas. No caso da bolsa-pódio, a maior categoria, a informação que consta é “seguir plano esportivo enviado ao Ministério.”
Ainda nesse mesmo ofício, a CBTM ainda questiona o Ministério do Esporte se poderia seguir com algumas práticas justamente denunciadas pelos atletas paralímpicos. A resposta do Ministério, obtida pela ESPN, está abaixo e esclarece que algumas práticas não devem ser realizadas, fazendo com que a confederação revogasse essa nota oficial.
“A CBTM deve apresentar aos atletas recomendações, de cunho educativo, quanto ao melhor modo de aplicar a bolsa em prol do desenvolvimento do programa?“
“Toda recomendação deverá ser baseada nos atos vigentes do Programa Bolsa Atleta do Ministério do Esporte, o que não exclui ações pedagógicas para a ampliação do conhecimento do Programa.”
“A CBTM deve orientar os atletas na montagem do plano esportivo?”
“O preenchimento do Plano Esporvo é de responsabilidade do atleta, conforme regem as Portarias vigentes. Assim, o atleta pode solicitar apoio a técnicos, confederação, comitê, entre outros, para o melhor preenchimento de sua previsão esporva durante o pleito”
“A CBTM deve eleger número mínimo de treinamentos e competições, previamente comunicados aos candidatos ao Bolsa Atleta, de modo que o atleta cumpra seu planejamento esportivo a contento e de acordo com o planejamento estratégico da modalidade para cada Ciclo?”
“O Programa Bolsa Atleta não dispõe de regulamentação para a exigência de número mínimo de treinamentos, compeções, ou similares. Para ser candidato ao Programa, os atletas devem se enquadrar nas possibilidades das diferentes Categorias de Bolsa, conforme Art. 3º da Portaria n° 5, de 17 de janeiro de 2024, além do disposto em Edital.”
A CBTM deve indicar os eventos esportivos cuja participação será mandatória e verificada na fase de prestação de contas, como o fez na Nota 057-2025 (26-02-2025) 057-2025 – Confederação Brasileira de Tênis de Mesa?
“A indicação de eventos esportivos ocorre em acordo com o Art. 5º da Portaria nº 5, de 17 de janeiro de 2024, a qual não concorre com o ato de Prestação de Contas, a qual pode ser observada no Art. 24 e 25 da mesma Portaria.
Veja a resposta do Ministério do Esporte aos atletas
“Em reposta à sua manifestação, informamos que o Ministério do Esporte MESP acusa o recebimento da sua demanda encaminhada por atletas da modalidade do Tênis de Mesa, e vem, respeitosamente, prestar os devidos esclarecimentos no que compete a esta Pasta.
Inicialmente, cumpre destacar que o Programa Bolsa Atleta é uma política pública consolidada há mais de 20 anos, reconhecida internacionalmente como uma das maiores iniciativas de apoio direto a atletas de alto rendimento, sem intermediação de terceiros. O programa visa fomentar, desenvolver e manter atletas em formação e rendimento, conforme estabelecido na Lei Geral do Esporte (Lei nº 14.597/2023, Seção IV).
Tendo em vista a gravidade das alegações apresentadas, o Ministério do Esporte procedeu à solicitação de informações formais às entidades envolvidas, incluindo a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), sua Comissão de Atletas, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), a fim de obter os esclarecimentos necessários e promover a análise dos fatos sob a ótica da legalidade e da boa governança.
Com base nas informações apuradas até o momento, seguem os esclarecimentos:
1. O processo de seleção do Programa Bolsa Atleta, na categoria Atleta Pódio, foi conduzido conforme o cronograma previsto em edital, com a contemplação de 466 atletas, incluindo atletas do Tênis de Mesa e do Tênis de Mesa Paralímpico, de acordo com a legislação vigente. Nesse sentido, o Ministério do Esporte disponibiliza ferramenta para consulta pública em seu sítio eletrônico, sendo possível consultar informações acerca dos atletas contemplados nos editais vigentes.
2. Sobre a indicação de atletas para a categoria Atleta Pódio, cabe reforçar que esta dispõe de edital próprio – no caso atual, o Edital nº 5, de 10 de dezembro de 2024. Assim, conforme previsto, cabe à organização nacional de administração e regulação do esporte (Confederação) a indicação de atletas para a categoria em questão, desde que preencham cumulativamente, as condições previstas no certame.
3. Destaca-se o que se dispõe na Portaria nº 89, de 20 de setembro de 2024, em seu Art. 6º:
Ao representante da Organização de Administração e Regulação do Esporte, a Confederação, caberá realizar a indicação, aprovação e ratificação do nome do atleta em concordância ao:
I. resultado esportivo, em consonância com o Ranking dos 20 (vinte) primeiros colocados do mundo;
II. Preenchimento e envio do Formulário de Planejamento da Modalidade; e
III. Durante instante de avaliação do(a) atleta fica a Organização responsável por solicitar ao inscrito a complementação do Formulário Online de Inscrição e demais documentos comprobatórios.
Parágrafo Único. Caso a modalidade não possua Organização de Administração e Regulação do Esporte a seu favor, fica sob responsabilidade do COB, CPB e CBDS as atribuições elencadas neste artigo.
4. No âmbito da categoria Atleta Pódio, cumpre informar que ao representante do Ministério do Esporte compete a coordenação das atividades do Grupo de Trabalho, bem como exercício do voto de qualidade em caso de empate nas decisões, conforme dispõe o Art. 8º da Portaria nº 88, de 20 de setembro de 2024. Contudo, em atenção à constante melhoria nos processos administrativos, o Ministério do Esporte solicitará, para o próximo edital, a todas as organizações nacionais de administração e regulação do esporte a apresentação formal dos critérios objetivos que serão adotados para a indicação de atletas à categoria Pódio, garantindo a devida publicidade desses critérios em seu sítio eletrônico. Reforça-se, portanto, a importância de que todos envolvidos no processo, o conhecimento dos atos normativos vigentes, de modo a assegurar um processo mais transparente, alinhado aos princípios da administração pública.
5. Em relação ao Processo de Prestação de Contas, o Ministério do Esporte informa que não houve mudança no normativo vigente. Ou seja, para que o atleta preste contas com o Programa Bolsa Atleta, deverá encaminhar declaração acerca da plena atividade esportiva com a entidade desportiva (ex.: clube) e declaração da organização nacional de administração e regulação do esporte, informando que se manteve regularmente inscrito e que tenha participado de competição promovida, reconhecida ou validada pela organização no período de recebimento da bolsa, sendo especificados denominação, data e local. Tais informações estão em conformidade com o Decreto nº 5.342, de 14 de janeiro de 2005. Logo, caberá à Confederação emitir referida declaração, conforme a legislação federal em vigor.
6. No que diz respeito à manifestação coletiva dos atletas acerca de suposta exigência imposta pela CBTM para treinamento no Comitê Paralímpico Brasileiro, o CPB, por meio de ofício a este Ministério do Esporte, esclareceu que disponibiliza a estrutura do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, como espaço de excelência para preparação de atletas, sendo a utilização do espaço gratuita. Entretanto, a condução técnica, metodológica e operacional dos treinamentos é de responsabilidade exclusiva das respectivas confederações. Em adição, o CPB informa que tem buscado atuar como agente mediador entre os envolvidos na questão apresentada, a fim de evitar qualquer prejuízo ao planejamento estratégico do ciclo de Los Angeles, ao passo em que reforçam o compromisso com o Movimento Paralímpico e com a causa esportiva e das pessoas com deficiência.
7. Em relação às solicitações 2, 3 e 4 da manifestação dos atletas, informa-se que a gestão da modalidade em questão é de responsabilidade da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa, não competindo ao Ministério do Esporte, especificamente no âmbito do Programa Bolsa Atleta, estabelecer critérios relacionados ao planejamento técnico da modalidade. Nos termos do art. 217 da Constituição Federal, as entidades desportivas gozam de autonomia para organização e funcionamento, o que deve ser respeitado pelo Poder Público. Contudo, o Ministério do Esporte atua no sentido de assegurar que todas as indicações e concessões de bolsas observem estritamente os requisitos legais e normativos vigentes, no âmbito de sua competência institucional. No que se refere às exigências de indicação, aprovação, avaliação e ratificação de atletas na categoria Atleta Pódio, estas seguem rigorosamente os parâmetros estabelecidos em portaria e edital próprios.
8. Em relação à solicitação sobre a criação de um meio institucional de comunicação entre atletas, a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) e o Ministério do Esporte, destacamos o papel fundamental das Comissões de Atletas pertinentes como instâncias legítimas de mediação de conflitos, o encaminhamento de demandas e a construção de soluções dialogadas no âmbito da gestão esportiva. Contudo, a Comissão de Atletas da CBTM comunicou a este Ministério que não teve conhecimento prévio da manifestação mencionada, alegando que seu recebimento ocorreu sob a responsabilidade da gestão anterior da entidade. Por conseguinte, reforçamos a orientação para que os atletas acionem essas comissões como canal institucional prioritário de diálogo e representação. Além disso, o Ministério do Esporte também disponibiliza os serviços de sua Ouvidoria, para acolhimento de manifestações no âmbito de suas competências legais e administrativas.
Ante o exposto e considerando o solicitado na manifestação, o Ministério do Esporte esclarece que todo o processo do Programa Bolsa Atleta segue estritamente disposto na Lei nº 14.597, de 14 de junho de 2023, no Decreto nº 5.342, de 14 de janeiro de 2005, além do contido em Portarias e Editais que dispõem sobre o Programa, os quais podem ser encontradas no seguinte sítio eletrônico: https://www.gov.br/esporte/pt-br/acoes-e-programas/ProgramaBolsaAtleta/legislacao-e-editais-bolsa-atleta/legislacao.
Assim, reconhecendo as demandas apresentadas pelos atletas, o Ministério do Esporte se mantém atento e aberto ao diálogo, a fim de reafirmar seu papel fundamental de apoio ao esporte brasileiro, conduzido de forma transparente, em conformidade com a legislação vigente e em prol do desenvolvimento de programas importantes, especialmente o Programa Bolsa Atleta.
Esclarecemos que questões que ultrapassem as competências deste Ministério, e que possam causar danos aos atletas, podem ser registradas junto às autoridades competentes, como o Ministério Público, para adoção das medidas cabíveis.
Agradecemos o contato. Estamos à disposição para esclarecer dúvidas sobre este Ministério e suas ações.
Atenciosamente,
Ouvidoria do Ministério do Esporte – MESP”
Confira a carta aberta ao Ministério do Esporte
“Aos cuidados do(a) responsável pelo Ministério do Esporte,
Nós, atletas do tênis de mesa paralímpico brasileiro, viemos por meio desta carta aberta solicitar, com urgência, o apoio, a mediação e a proteção deste Ministério diante das dificuldades enfrentadas com a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) — tanto no processo de elaboração e validação dos Planos Esportivos exigidos para a continuidade da Bolsa Pódio, quanto na condução geral da modalidade no país.
Desde a comunicação inicial, feita no dia 26 de março de 2025, por meio de um grupo de WhatsApp de treino, fomos informados (pela Líder de Seleções Paralímpicas, senhora Patrícia Cavalheiro) sobre a necessidade de elaborar nosso planejamento individual com base em metas e torneios previstos para o ano. A mensagem indicava que a responsabilidade pela confecção do plano seria do próprio atleta, com possível validação dos treinadores, e que a CBTM exigia um percentual de investimento mínimo por parte dos bolsistas, percentuais esses definidos e estabelecidos por grupo dependendo do valor da bolsa que o atleta receberá.
Apesar de, inicialmente, essas diretrizes terem sido apresentadas como “sugestões”, passamos a enfrentar exigências contraditórias, mudanças constantes e ausência de clareza. A senhora Patrícia e o senhor Sandro Abrão (Secretário-Geral da CBTM), ao serem indagados sobre a demora do processo de aprovação dos planos esportivos, diziam que estavam esperando orientações do Ministério do Esporte (ME) para dar prosseguimento ao pleito, e disseram que, quem discordasse da situação, que ingressasse com ação judicial contra o próprio Ministério. Ou seja, estão jogando toda a responsabilidade da demora para o ME — o que sabemos que não é verdade!
Temos a nítida sensação de que a CBTM acredita estar nos fazendo um favor ao nos indicar para o Bolsa Pódio.
No dia 14 de abril, muitos de nós fomos notificados pela plataforma oficial do Bolsa Atleta sobre a necessidade de complementar o plano esportivo com novas exigências impostas pela CBTM, como: • Inserção obrigatória de mais torneios internacionais no sistema do programa; e/ou • Envio por parte dos atletas do detalhamento dos gastos anuais que cada bolsista teria com a utilização do recurso recebido, item por item, para justificar o recebimento.
Essas exigências não nos parecem razoáveis, ainda mais por parte da Confederação (que é apenas uma intermediária no processo do pleito do Bolsa Pódio), uma vez que o atleta tem a prerrogativa de utilizar o recurso para investir na sua carreira, bem como se manter como atleta profissional, arcando com os gastos do dia a dia (moradia, transporte, alimentação, medicamentos, equipe multidisciplinar, dentre outras necessidades individuais). Outro ponto importante a ser salientado é que a relação jurídica existente (contrato) é/será entre o Ministério do Esporte e os atletas, e vice-versa, ou seja, a CBTM não tem legitimidade jurídica para fazer tais exigências!
Mesmo assim, após atendermos a todas as solicitações individualmente e conforme “orientações específicas” (imposições), seguimos sem retorno formal claro, e muitos planos foram recusados sem justificativas objetivas.
A situação se agravou em 14 de maio, quando foi imposta uma nova exigência: a inclusão de dez campeonatos internacionais no planejamento anual — uma meta irreal para a maioria dos atletas paralímpicos, considerando limitações físicas, logísticas e orçamentárias.
Para além dessas dificuldades pontuais, há um problema estrutural ainda mais preocupante: a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa não publicou, até o momento, nenhuma nota oficial informando os critérios técnicos objetivos adotados nas convocações para treinamentos e participações de campeonatos internacionais para o ano de 2025 com recursos da confederação. Essa omissão aprofunda um ambiente de insegurança, falta de previsibilidade e, em muitos casos, coação — o que vai na contramão dos princípios de uma gestão esportiva democrática, transparente e eficiente que recebe recursos públicos.
Gostaríamos de entender quais os critérios adotados pela CBTM, pois para cada atleta ela exige um investimento diferenciado. Ou seja, por que para um atleta jogar 6 torneios é suficiente e, para outros, exige-se a participação em 10 torneios? Cadê a imparcialidade, a moralidade e a transparência?
Outro ponto importante, que configura perseguição com atleta, é que tem atleta que ainda não recebeu a sua declaração de prestação de contas da CBTM, com o argumento de que essa atleta não cumpriu o plano esportivo — o que não é verdade, uma vez que a atleta jogou todos os eventos planejados no ano passado. E outros atletas que tiveram a mesma conduta não foram prejudicados. Isso reforça ainda mais a nossa crença coletiva de que, quando a CBTM, por algum motivo, não tem muita afinidade com determinado atleta, ela não só não colabora, como atrapalha — e muito!
Outra questão de suma importância é que a CBTM EXIGIU que, para os atletas treinarem no CPB, eles teriam que obrigatoriamente assinar um contrato de direitos e deveres, sendo que os atletas teriam 4 direitos e mais de 20 deveres (sendo um desses deveres o de não falar mal publicamente da Confederação). Ou seja, não é uma relação saudável. Como a CBTM direciona os recursos da entidade para os atletas, caso eles não assinassem referido contrato, o atleta não só não teria investimento, como não poderia treinar no Centro Paralímpico Brasileiro. É uma situação muito complicada de abuso e coação!
Diante desse cenário confuso, instável e sem diálogo institucional efetivo, solicitamos:
1. Intervenção imediata do Ministério do Esporte, garantindo que o processo da Bolsa Pódio respeite os princípios da legalidade, moralidade, imparcialidade, equidade, individualidade e transparência;
2. Proteção dos direitos dos atletas paralímpicos, considerando as particularidades de cada atleta e reconhecendo que a excelência esportiva se mede por resultados e planejamento estratégico, não pela quantidade de eventos disputados;
3. Esclarecimento oficial e definitivo sobre quais exigências são de fato obrigatórias para a aceitação dos planos esportivos e quais são apenas sugestões;
4. Cobrança à CBTM quanto à elaboração e divulgação de um planejamento e proposta detalhada com critérios técnicos objetivos para a convocação de atletas em representações oficiais em campeonatos internacionais custeados com recursos da confederação, em conformidade com o princípio da publicidade na gestão de recursos públicos.
5. Criação de um canal institucional de comunicação entre atletas, CBTM e Ministério, com prazos claros, respostas efetivas e garantia de escuta ativa.
É impossível que um atleta se dedique ao alto rendimento com tranquilidade, foco e estabilidade quando, a cada semana, surgem novas exigências e nenhuma constância nos critérios adotados. A falta de previsibilidade, combinada com o desrespeito ao diálogo transparente, compromete não apenas nossas trajetórias esportivas individuais, mas também o desempenho internacional do Brasil nas competições paralímpicas.
Infelizmente, o tênis de mesa é a única modalidade de que temos conhecimento em que os atletas não receberão a parcela do Bolsa Pódio neste mês de maio. Isso afetará significativamente nossa capacidade de honrar compromissos financeiros neste mês e no início de junho!
Confiamos que este Ministério, comprometido com a valorização do esporte brasileiro em todas as suas dimensões, acolherá este apelo urgente e legítimo. Que o esporte de alto rendimento continue sendo um caminho de oportunidade, excelência e reconhecimento — e não de instabilidade, ditadura, medo e incertezas.
Respeitosamente,
Claudio Massad de Moura
Bruna Alexandre
Cátia Oliveira
Joyce Oliveira
Paulo Sérgio Salmin Filho
Luiz Filipe Guarnieri Manara
Danielle Rauen
Jennyfer Marques Parinos
Marliane Santos”
O que diz o Comitê Paralímpico Brasileiro?
A reportagem também procurou o Comitê Paralímpico Brasileiro para entender se a entidade tinha conhecimento dessa denúncia dos atletas paralímpicos do tênis de mesa.
“O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) informa que não detém a gestão do tênis de mesa, atribuição esta da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM). Este Comitê acompanha de perto situações que envolvam atletas do movimento paralímpico e mantém diálogo frequente com as confederações. Nosso objetivo é assegurar que o planejamento rumo a Los Angeles seja mantido e que os competidores contem com condições adequadas de preparação e suporte. O CPB seguirá atuando para contribuir com um ambiente que garanta os direitos dos atletas e respeite o trabalho técnico das entidades filiadas. A relação com a CBTM é pautada por cooperação institucional, observando as responsabilidades de cada entidade. A condução técnica e a escolha de atletas para os ciclos são decisões da confederação. O CPB oferece a estrutura do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, como referência para o alto rendimento, enquanto a execução metodológica e operacional dos treinos permanece sob responsabilidade exclusiva das confederações.”
O que diz a Comissão de Atletas do Tênis de Mesa
“Quanto à carta dos atletas, a comissão só teve ciência por informação via Ofício enviada à comissão, pelo Ministério do Esporte e não restam dúvidas de que os atletas têm direito de buscar informações e lutar pelos seus interesses pelos meios que entenderem necessários. Se o caminho escolhido foi o envio de uma carta ao Ministério do Esporte, mesmo que alguns atletas que subscrevem o documento fossem membros da comissão de atletas desde a formação anterior, natural que todos os envolvidos aguardassem a posição do Ministério em resposta à consulta feita pela CBTM ainda em 10 de julho, o que finalmente ocorreu hoje. Segue nota oficial recebida pela Comissão: (17-07-2025) 158-2025 – Confederação Brasileira de Tênis de Mesa Por fim, informo que a comissão receberá alguns atletas em reunião já agendada para o dia 26 de julho de 2025.”