A deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS) usou emendas parlamentares para empregar militantes de esquerda como motoristas no Rio Grande do Sul. Nenhum deles, contudo, apresentou histórico profissional relevante na área. O portal UOL publicou as informações nesta segunda-feira, 11.
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As emendas foram destinadas no âmbito de um projeto “de combate ao racismo e à violência em escolas na região metropolitana de Porto Alegre“. Os militantes de esquerda foram contratados pela União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (Umespa). A entidade é responsável pela execução do projeto.
Destinação de verbas para militantes de esquerda
Durante o primeiro semestre de 2025, a Umespa destinou aproximadamente R$ 150 mil para remunerar quatro motoristas, todos com histórico de militância política.


Cada um recebe pouco mais de R$ 6,5 mil por mês, referente a uma jornada semanal de 40 horas, com fornecimento de veículo e combustível pela entidade.
A seleção dos motoristas ocorreu por meio de chamamento público. Exigiu-se documentação que comprovasse experiência na função.
Motoristas contratados têm histórico de militância
Dentre os motoristas, destaca-se Vitória da Silva Cabreira, ex-presidente da Umespa e coordenadora estadual do movimento Juventude Pátria Livre, ligado ao PCdoB.
A militante já foi suplente de Daiana na Câmara Municipal de Porto Alegre e chegou a assumir o mandato em 2021. Tanto a deputada quanto a direção da Umespa e os contratados negam interferência política no processo seletivo. Eles garantem a prestação regular dos serviços.


Em nota enviada ao UOL, Daiana explicou que “apenas indicou a destinação da emenda”. “Cabe à entidade a execução integral do projeto, com autonomia administrativa e financeira, sob supervisão e fiscalização dos órgãos competentes.”
A deputada também declarou que “o gabinete não tem qualquer ingerência na gestão dos recursos, tampouco na contratação de pessoal”.
Marcos Khaue Ferreira de Queiroz, que coordena o projeto e já presidiu a Umes-SP, informou ao UOL que todos os prestadores atuam como pessoas jurídicas, conforme exigências legais
Ainda segundo Queiroz, “os valores repassados seguem parâmetros de mercado ao considerar o perfil técnico dos profissionais e a natureza das atividades envolvidas”.
O que diz a presidente da Umespa
Gabryelle Rocha da Silva, presidente da Umespa, afirmou ao UOL que “todas as contratações realizadas no âmbito do projeto seguem estritamente a legislação vigente, com critérios técnicos e jurídicos plenamente atendidos”.
“A Umespa é uma entidade séria, com mais de 70 anos de história na atuação social e educacional no Rio Grande do Sul”, afirmou Gabryelle.
A emenda parlamentar de R$ 1,2 milhão foi repassada à Umespa por meio do Ministério da Igualdade Racial, que acompanha tecnicamente a execução do projeto. A pasta declarou que o acompanhamento ocorre ao longo da vigência, sendo a regularidade das despesas avaliada na prestação de contas.
Até o fim de julho, a Umespa já havia registrado cerca de R$ 750 mil em despesas, principalmente para pagamentos de pessoal, além de motoristas, coordenadores e auxiliares administrativos.


O projeto, denominado “Identidade – Diálogos e Reflexões sobre o Preconceito e a Violência”, prevê a distribuição de 100 mil cartilhas informativas sobre prevenção ao racismo e à violência nas escolas da Grande Porto Alegre.