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desgaste cresce, mas apoio resiste

A nova pesquisa Genial/Quaest mostra que 34% dos brasileiros reprovam a atuação do governo Lula na área de segurança pública, enquanto 26% consideram positiva e 36% avaliam como regular. Outro dado relevante é o da confiança pessoal: 49% acham que Lula não é bem-intencionado, contra 44% que acreditam que é.

Os números indicam um ponto de inflexão, o governo começa a perder a narrativa de “boa intenção” e sofre em uma área sensível, a segurança, que se tornou prioridade nacional.

A percepção negativa surge em meio ao avanço da criminalidade organizada, às crises de violência urbana no Rio e no Norte, e à sensação de que o governo federal ainda não apresentou uma política clara de segurança pública. Além disso, casos de conflitos entre ministros e divergências internas passam a imagem de descoordenação, reforçando a ideia de um governo que “fala muito, mas entrega pouco”.

Essa combinação, insegurança real e ruído político, explica a queda na confiança pessoal do presidente, mesmo sem um escândalo específico que justifique o número.

O governo Lula erra ao subestimar a segurança pública como tema central. Ao focar apenas em pautas econômicas e sociais, o Planalto parece ter ignorado o clamor popular por ordem, policiamento e combate ao crime organizado. A ausência de um plano nacional integrado de segurança enfraquece a imagem do comando e faz o presidente perder terreno entre os eleitores que esperam soluções práticas, não discursos ideológicos.

Contudo, é preciso notar que essa crítica não se traduz, automaticamente, em voto contra. O eleitor pode reprovar aspectos do governo e ainda preferir Lula como “mal menor” diante da falta de alternativas viáveis.

Pesquisas como essa revelam algo que a ciência política já comprova: o eleitor diferencia o julgamento de gestão do ato de votar. Muitos podem dizer que “não confiam plenamente em Lula”, mas continuarão votando nele se enxergarem estabilidade econômica, programas sociais ou medo de retrocessos.

Ou seja, desgaste não é sinônimo de derrota, é um aviso. O governo mantém uma base sólida, especialmente entre os mais pobres e nas regiões Norte e Nordeste, onde as políticas sociais têm maior impacto.

A pesquisa Quaest mostra um governo que ainda conserva apoio, mas perdeu brilho. A segurança pública tornou-se o calcanhar de Aquiles de Lula, e a confiança pessoal, um termômetro de credibilidade.

Porém, até aqui, não há ruptura eleitoral, e sim alerta político: as pessoas estão preocupadas, mas ainda não decidiram trocar de lado.

Miguel DaoudMiguel Daoud

*Miguel Daoud é comentarista de Economia e Política do Canal Rural


Canal Rural não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos emitidos nos textos desta sessão, sendo os conteúdos de inteira responsabilidade de seus autores. A empresa se reserva o direito de fazer ajustes no texto para adequação às normas de publicação.

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