Cinco participações em gols em sete jogos. O impacto da chegada de Ronaldo Tavares na Série B pelo Athletic foi imediato. E o atacante português, que volta a campo nesta segunda-feira (4) para duelo contra o Atlético-GO, às 19h (de Brasília), com transmissão ao vivo no Disney+ Premium, não desembarcou por acaso no futebol brasileiro.

Filho de pais de São Tomé e Príncipe, na África, Ronaldo já teve a sua primeira ligação com o Brasil firmada nos seus primeiros dias de vida, quando por influência da mãe, fã de futebol, foi batizado com este nome em homenagem a Ronaldo, o “Fenômeno”.

“A minha mãe sempre gostou de futebol e me deu o nome de Ronaldo devido ao Ronaldo ‘Fenômeno’. Eu sempre vi vídeos dele, desde criança sempre gostei da maneira que ele jogava… eu vi todos os vídeos, todos os lances bonitos, eu consegui captar todos e às vezes tentava imitá-lo, mas Fenômeno só tem um (risos)”, contou em entrevista à ESPN.

“Eu já li biografia, vi vídeos. O meu grande sonho era conhecer o Ronaldo pessoalmente. É mesmo o meu ídolo de infância, um jogador fora de série, o nome ‘Fenômeno’ é adequadíssimo à pessoa dele e ao atleta que ele foi.”

Influenciado pelo “Fenômeno”, foi na Amora, zona metropolitana de Lisboa, que o português começou a dar os primeiros toques na bola em busca do sonho de se tornar jogador de futebol. E contrariando o próprio pai, que desejava que o filho seguisse carreira como engenheiro, médico ou qualquer outra profissão, que não a de atleta.

“Eu comecei a jogar futebol um pouco tarde. Com 12 anos, fui para uma equipe às escondidas do meu pai, ele queria que estudasse, que fosse possivelmente engenheiro ou médico, essas coisas dos pais africanos, de querer que o filho consiga sempre ser melhor do que os seus pais. Juntamente com a minha mãe, que sempre me dava proteção para seguir o que eu gostava, comecei a jogar em uma equipe de futsal perto de casa, com amigos, e treinar à noite. Aos fins de semana, eu jogava. Ela também sempre arrumava desculpas para que eu conseguisse concretizar o que eu gostava de fazer, o meu sonho era ser jogador de futebol”, disse.

Depois de se aventurar no futsal, em 2011 Ronaldo Tavares foi para o Paio Pires, uma equipe local do Seixal, onde começou no futebol de campo. E rapidamente se destacou, chamando a atenção do Sporting, time do coração do seu pai – que hoje é seu fã número um dentro das quatro linhas.

“Eu fui bem nessa equipe de futsal e fui ganhando o gosto de tentar jogar futebol, jogava mais vezes na rua, fui ganhando gosto de jogar futebol. Fui com um amigo para uma outra equipe, um pouquinho mais longe, e foi lá aonde vinguei no futebol, tive um ano e meio espetaculares, primeira vez jogando futebol de 11. Foi uma experiência muito boa, fiz muitos gols e na metade da minha segunda temporada recebi proposta para ir treinar no Sporting. A partir daí segui o meu caminho pelo Sporting até chegar à equipe B, que disputava a segunda divisão de Portugal”, prosseguiu.

“Hoje, o meu pai tem sido incondicional em me apoiar e sou eternamente agradecido a ele, me ajuda sempre, me dá sempre conselhos, independentemente se ele não queria que eu fosse o que eu sou hoje, mas hoje se sente orgulhoso, até porque eu também fiz a minha formação no clube de coração dele e acho que ele também fica feliz em me ver feliz.”

Chegada ao Brasil e estreia com comemoração ‘à la CR7’

Depois de passar pelo Sporting, onde se profissionalizou no time B do clube lisboeta em 2016, Ronaldo rodou por muitos clubes do país, incluindo Penafiel e Estrela Amadora. E Tavares ainda passou pela Coreia do Sul e Suíça antes de desembarcar em São João del-Rei, em plena Estrada Real, para reforçar o Athletic neste segundo semestre.

Mas o atacante português já conhecia o futebol brasileiro. E muito também pela influência de um jogo de computador bastante conhecido: o Football Manager, que simula o dia a dia de um técnico em um clube.

“Eu sou uma pessoa que gosta de futebol e ainda jogo ‘Football Manager’, onde você é um treinador e faz trabalho como treinador e diretor, você compra e vai buscar jogadores e tudo mais. Eu sempre gostei de jogadores brasileiros nesse jogo e também vendo jogos, sempre acompanhei o Campeonato Brasileiro. E claro, conheço o grande Flamengo, Corinthians, Vasco, Cruzeiro”, disse.

“No Brasil o que não faltam são times grandes, até deixa meio espantado porque em Portugal só tem três grandes e no Brasil a competição é muito diferente, tem muitos times grandes. Eu sempre gostei do futebol brasileiro pelos jogadores técnicos, gosto muito, aquele talento puro de jogar sem tanto a tática da Europa, eu sou muito amante desses jogadores com talento puro. O futebol brasileiro traz muito isso e tenho visto isso em todos os jogos, qualidade individual muito acima da média, tenho ficado muito surpreso.”

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Ronaldo Tavares concedeu entrevista exclusiva ao ESPN.com.br

Desde que chegou ao Brasil, Ronaldo já marcou diante de Goiás, Remo, Ferroviária e Avaí – onde também deu uma assistência. E o atacante atribuiu a boa forma à maneira como foi recebido no Esquadrão de Aço.

“O grupo do Athletic, tanto o estafe quanto os jogadores, diretoria, me deixaram familiarizado e fiquei rapidamente ambientado, parece que já estou aqui há um ano. No campo também ajuda, já me sinto bem e adaptado pela ajuda que eles me dão. No campo parece natural, as coisas só acontecem como consequência e como também trabalhamos bastante, temos um grupo de grandes trabalhadores. Depois em campo é só fluir, tem sido bastante positivo para mim, mas para além de mim têm outros jogadores. Cada um está se sobressaindo no seu momento, é mais o coletivo que está predominando no Athletic, isso tem sido muito importante. O Rui Duarte também tem ajudado bastante em conseguir segurar o grupo e levá-lo para o caminho certo”, revelou.

O novo camisa 9 do clube mineiro ainda foi um dos responsáveis pela arrancada na Série B, que torna mais do que possível a briga pelo acesso à elite em 2026. E Tavares falou como foi superar o momento ruim rumo à reação no campeonato.

“Quando cheguei o clube estava em uma situação difícil, falaram comigo logo de antemão. Confesso que cheguei um pouco ansioso para ver como era a situação, mas logo nos primeiros treinos eu vi e disse ‘ou estamos em uma má fase ou isso rapidamente vai mudar’. Eu vi na equipe do Athletic, individualmente, muita qualidade. Jogadores com qualidades absurdas, isso está sendo mostrado. Apesar da posição (na tabela), individualmente tem muita qualidade, muitos jogadores de qualidade, e isso está sendo mostrando agora. Felizmente, quando eu cheguei, as coisas começaram a correr bem, conseguimos ter resultados que não tínhamos anteriormente, mas eles passaram a informação de que não era o jogar mal, mas sim a fase, e felizmente conseguimos ultrapassar essa fase e estamos no caminho certo para atingirmos nossos objetivos.”

O atacante ainda explicou a comemoração “à la Cristiano Ronaldo“, que fez logo na sua estreia, contra o Goiás, quando estufou as redes já nos acréscimos, anotando o gol da vitória por 2 a 1.

“Foi a primeira vez que eu fiz essa comemoração. É a comemoração dele, eu respeito totalmente o Cristiano, mas foi a pedido dos meus colegas, eles estavam sempre falando ‘tem que fazer o ‘siiiu”. Foi logo no primeiro jogo contra o Goiás, e quando eu fiz o gol eles já estavam fazendo o dedo comigo e eu disse ‘eu tenho que fazer’ (risos). Foi espontâneo, me senti muito feliz. A partir daí já me cobram, quando eu faço gol tenho que fazer a comemoração do Cristiano.”

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Amizade com Rafael Leão

Durante a sua passagem pelo Sporting, Ronaldo Tavares fez muitas amizades que duram até os dias de hoje. Uma delas a com Rafael Leão, estrela do Milan e da seleção portuguesa, que é dois anos mais novo do que ele.

E nas últimas semanas, Leão roubou a cena após comentar em uma publicação do atacante do Athletic nas redes sociais, afirmando que no próximo ano comprará a sua camisa, mas do Flamengo, clube que segue no Brasil. Tavares brincou sobre o comentário, afirmando que sonha, sim, em disputar uma Série A do Brasileirão, e elogiou o camisa 10 do Rossonero.

“Ele (Leão) foi um dos que jogava nos campos dos nossos bairros (em Portugal) e já era um craque, tecnicamente era mesmo muito forte, muito acima da média mesmo. Está fazendo a sua carreira, não me surpreende em nada, desde cedo ele já demonstrava ter esse talento. Ele também vai me dando alguma moral, ele está em um patamar acima do meu. Mantemos uma boa relação e ele também me deu essa força, para que nos próximo ano – ele disse o Flamengo -, mas estar em uma Série A também seria muito bom para a minha carreira”, disse, despistando ainda sobre a possibilidade de o amigo também desembarcar no Brasil no futuro.

“Falar que viria jogar no Flamengo, (o Rafael Leão) nunca me falou, mas ele sabe o que quer da carreira. Ele de momento está bem no Milan, essas perguntas têm que ser diretamente com ele”, finalizou.

Onde assistir a Athletic x Atlético-GO na Série B?

O duelo entre Athletic e Atlético-GO, nesta segunda-feira (4), às 19h (de Brasília), tem transmissão ao vivo no Disney+ Premium.