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Diretora e professora investigadas por amarrar criança autista são indiciadas na RMC

A diretora e proprietária de uma escola particular em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e uma professora foram indiciadas pela Polícia Civil pelo crime de tortura. Ambas respondem por episódios em que crianças, incluindo um menino autista de 4 anos, foram amarradas a cadeiras como forma de punição. Somando as penas envolvendo diferentes vítimas, a condenação pode chegar a 11 anos de prisão.

O caso revisitou no dia 7 de julho, quando o Conselho Tutelar e a Guarda Municipal flagraram o menino, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nível 3, também conhecido como autismo severo, amarrado no banheiro da instituição.

A situação levou a novas denúncias contra a escola. A professora foi autuada em flagrante, mas a Justiça determinou a soltura dela, com uso de tornozeleira eletrônica e prisão domiciliar. A diretora, investigada por possível omissão, continua em liberdade.

De acordo com depoimentos de testemunhas, a diretora orientava professores a adotar condutas abusivas. As investigações apontam cinco vítimas diferentes, que teriam sido punidas semelhantemente: amarradas, deixadas presas em cadeiras no banheiro e, em alguns casos, medicadas para evitar qualquer tipo de reação.

Relatos de ex-funcionários e familiares

Em entrevista à repórter Beatriz Frehner, da RICtv, uma ex-funcionária, que preferiu não se identificar, contou que trabalhou no local por cerca de seis meses e presenciou diversas situações de negligência por parte da diretora.

“Várias vezes ela pegava a criança no colo, levantava e simplesmente jogava no chão. Toda vez que eu tentava pegar a criança, ela falava que eu não podia chegar perto, mesmo com o aluno chorando. Teve um dia que eu não aguentei, peguei e acalmei a criança, porque essa é uma das situações que eu não admito na minha profissão”, disse a testemunha.

Outro caso foi relatado por uma mãe, que afirmou ter recebido da diretora um laudo informando que o filho era autista. No entanto, a avaliação foi feita com testes que não são regulamentados pelo Ministério da Saúde.

“Levamos a um neurologista e descobrimos que aquele laudo não existia. O teste aplicado por ela [diretora] não condiz com o teste que realmente é feito para chegar nesse diagnóstico. Mais de um ano depois, soubemos que meu filho, na verdade, tinha deficiência intelectual leve. Mas acreditamos nela na época”, contou a mãe do aluno, que também preferiu não ser identificada.

Com a repercussão do caso, surgiu ainda mais um flagrante. Uma menina precisou ficar sentada, com as mãos amarradas, e foi obrigada a permanecer quieta como forma de punição. O pai da criança afirmou que a filha chegava em casa abatida.

“Minha filha estava amarrada, praticamente dopada. Ela chegava em casa e só dizia: ‘papai, a profe bateu’. Quando íamos questionar a diretora, ela respondia ‘sou psicóloga, pedagoga, eu sei de tudo’. Agora apareceu a verdade”, disse o pai em entrevista à RICtv.

Diretora da escola coloca responsabilidade nas professoras

Em depoimento à Polícia Civil, a diretora da escola se eximiu de culpa e jogou a responsabilidade para as professoras.

“Na hora peguei e mandei mensagem no grupo pedindo explicações. A gente nunca, em quatro anos, fez algo parecido com isso. As meninas que mandei embora da escola foi porque elas não tratavam as crianças da forma correta”, disse.

A diretoria também destacou que as crianças “comiam muito bem”. “A gente, inclusive, jogava muita comida fora”, completou.

Com informações de Banda B, parceira do Portal aRede.


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