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Dívida da Venezuela com o Brasil supera R$ 10 bilhões

A dívida da Venezuela com o Brasil superou a marca dos R$ 10 bilhões. Desde 2018, quando Caracas entrou em inadimplência, os juros acumulados se aproximaram dos R$ 3 bilhões. Os dados mais recentes, obtidos por meio do Ministério da Fazenda, referem-se a valores contabilizados até 28 de fevereiro de 2025.

Essas cifras abrangem indenizações pagas pela União aos bancos financiadores e encargos moratórios. Contudo, o passivo pode ser ainda maior. Estimativas mostram que a dívida total esteja entre US$ 1,7 bilhão e US$ 2,5 bilhões — cerca de R$ 12 bilhões, considerando a cotação de R$ 5,42 registrada em 4 de julho.

Maduro em visita ao Brasil em 29 de maio de 2023Maduro em visita ao Brasil em 29 de maio de 2023
Maduro em visita ao Brasil em 29 de maio de 2023 | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O calote venezuelano envolve contratos de financiamento de exportações brasileiras, principalmente em projetos de infraestrutura no país vizinho, como construção de metrôs, estaleiros e siderúrgicas.

Esses financiamentos contaram com a cobertura do Seguro de Crédito à Exportação (SCE), garantido pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE), operado pela União para proteger empresas exportadoras brasileiras em casos de inadimplência de países compradores.

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De acordo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os recursos foram liberados no Brasil diretamente aos exportadores. A instituição financeira alega que as prestações não pagas pela Venezuela foram “integralmente indenizadas pelo SCE” e que o saldo remanescente foi transferido para a União. O último pagamento de indenização ocorreu em junho de 2025.

Mesmo assim, a dívida da Venezuela segue aumentando. Nos primeiros dois meses do ano, o estoque subiu R$ 960 milhões, segundo o Ministério da Fazenda. Esse crescimento decorre tanto da falta de pagamento das parcelas cobertas pelo seguro — ainda havia quatro prestações a vencer até junho — quanto dos juros de mora, que continuam a ser aplicados até a liquidação.

O calote teve início formal em 2018, mas os contratos datam do começo dos anos 2000. Envolvem operações de comércio exterior e apoio oficial do governo brasileiro para investimentos em infraestrutura.

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Venezuela ignora cobranças

Desse total, cerca de US$ 1,5 bilhão se refere a grandes empreendimentos, como o metrô de Caracas. Quando a Venezuela deixou de pagar, o FGE cobriu os valores devidos aos bancos, mas a conta acabou sendo transferida ao Tesouro Nacional.

O Ministério da Fazenda informou que vem cobrando Caracas formalmente por meios diplomáticos e também em contatos diretos com o Ministério da Economia da Venezuela. Legalmente, não é permitido perdoar a dívida, mas existem mecanismos de reestruturação judicial — ainda que com chances pequenas de êxito.

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O Ministério da Fazenda também esclareceu que não existe prazo definido para pagamento ou renegociação. “A mora é uma penalidade: os valores seguirão aumentando até que haja negociação ou quitação”, diz o documento oficial. “Sem a colaboração da Venezuela, não é possível prever quando isso se resolverá.”

Além do Brasil, a Venezuela acumula dívidas com outros credores. Também existem débitos regionais, referentes a contratos de fornecimento de petróleo para países do Caribe, incluindo Cuba e Haiti.

O BNDES reforçou que, conforme suas normas internas, não pode conceder novos financiamentos a países inadimplentes. A atribuição para conduzir a recuperação desses créditos está, desde o começo de 2024, sob responsabilidade da Secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.

Calote à vista

Em junho deste ano, durante viagem à França, Lula voltou a defender a transformação de dívidas em investimentos ou em emissão de Direitos Especiais de Saque (DES), recurso do FMI criado em 1969 para reforçar a liquidez de economias em crise.

O DES não configura dívida, mas segue regras de uso e resgate definidas pelo Fundo, envolvendo moedas fortes como dólar, euro e libra.

Em 2024, Lula já havia defendido mecanismos multilaterais para trocar dívidas por investimentos em educação, argumento que repetiu em artigo no jornal O Globo em parceria com a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay.

Leia também: “O êxodo venezuelano”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 276 da Revista Oeste

Presidente Lula | Foto: Ricardo Stuckert / PRPresidente Lula | Foto: Ricardo Stuckert / PR
Em junho deste ano, durante viagem à França, Lula voltou a defender a transformação de dívidas em investimentos ou em emissão de Direitos Especiais de Saque | Foto: Ricardo Stuckert / PR

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