O UFC 317, que ocorre neste sábado (28), a partir das 19h30, terá como evento principal o confronto entre Charles do Bronx e Ilia Topuria pelo cinturão vago do peso leve. A luta coloca o brasileiro, que já foi detentor do título, contra o georgiano, que já foi campeão dos penas, mas que suscita dúvidas por ser um “novato” na categoria de cima.
A única incógnita que cerca a luta, inclusive, é justamente a de como Topuria vai se adaptar à nova categoria de peso. Vale lembrar que o georgiano não é estreante, lutando nos leves quando enfrentou Jai Herbert no UFC Fight Night: Volkov vs. Aspinall, em 2022. E foi justamente esse um dos combates mais difíceis da carreira de Ilia, que sofreu um knockdown após um chute forte na cabeça, antes de reagir e nocautear seu adversário.
Os efeitos da mudança de categoria em Topuria não são uma certeza nem para o brasileiro. Em entrevista exclusiva à ESPN Brasil, Charles, que fez a mesma transição no UFC, subindo em definitivo dos penas para os leves em 2017, quando enfrentou Will Brooks, ressalta que é impossível prever a experiência de Ilia baseado em sua própria, já que muitos fatores entram em jogo.
“Na realidade, depende de atleta para atleta. Quando eu subi, demorei um tempo para poder pegar o shape certo, entender de força. Os caras tinham muito mais força do que eu. Mas como eu falei, é de atleta para atleta, eu não sei como que é ele, eu sei que eu vou estar lá, pronto”, detalha o brasileiro.
Uma questão que não suscita dúvidas, entretanto, é a qualidade do georgiano, e isso até Charles reconhece. Mas, mesmo diante das muitas valências de seu oponente, Do Bronx faz ressalvas quanto à fama de bom boxeador de “El Matador”, e explica onde pode encontrar vantagens.
“Estamos falando sobre MMA, não boxe. Ele tem um boxe alinhado, diz que tem um jiu-jitsu bom, não desrespeito, respeito ele como um cara completo. Mas estamos falando sobre MMA, e aí no jogo completo eu sou um fenômeno, eu sou um monstro. Eu ando para frente, eu troco em pé, eu boto pra baixo, eu faço o chão, eu não ligo de jogar por baixo”, analisou o brasileiro.
Dentre as inúmeras características citadas por Charles do Bronx como vantagem para si próprio, como os chutes altos, um ponto de atenção para o georgiano, outro desenvolvimento recente do jogo do brasileiro chama atenção: o wrestling ofensivo.
Em sua última luta, Do Bronx enfrentou Michael Chandler, ex-campeão do Bellator e praticante de wrestling durante até a faculdade, pela segunda vez. Durante a revanche, Charles mostrou um bom poder de queda contra um oponente experiente na prática, uma arma que pode ser importante contra Topuria, que também tem qualidade nesse setor. Quando questionado sobre sua evolução no jogo de quedas, aliado ao jiu-jitsu de alto nível que já tem, o brasileiro explica: “Cada vez mais estou treinando mais, tentando aprender, tentando evoluir. Fazer uma luta da forma que foi feita aquela mostrou o quanto a gente vem crescendo”.
E a motivação para o brasileiro seguir melhorando após quinze anos no UFC é muito clara, de acordo com Charles: “Com certeza é sobre o legado. Se você não quer evoluir, você fica parado no tempo. Então você tem que estar crescendo no seu jogo, trazendo grandes coisas e inovando”.
E o legado é, sem dúvidas, o grande foco de Charles Oliveira no que tange sua carreira no UFC. Mesmo após perder em sua última luta pelo cinturão, contra Islam Makhachev, o brasileiro demonstra não guardar rancor do russo, e revela que só tem um objetivo atualmente no UFC.
“Na realidade, eu não tenho que acertar contas com ninguém. Eu nunca estive em busca do do Makhachev, como eu nunca estive em busca de qualquer outro cara. Eu estou em busca de um título. Se o cinturão estivesse com o Islam, com certeza eu ia querer lutar com ele, estou em busca do título, não em busca dele. Eu não estou em busca de nomes, estou em busca de fazer história, em busca de cinturões”.
E talvez até pelo foco em reconquistar o cinturão que um dia já foi seu, Charles se recusa a traçar planos futuros que vão além de vencer Topuria, apesar de ainda deixar as portas abertas para uma possível subida de categoria, para os meio-médios.
“De verdade eu não sei. Eu estou pensando uma coisa de cada vez, como sempre fiz na minha vida. Estou em busca desse título. Depois que a gente pegar ele, aí eu só quero estar perto desses caras que, com certeza, sabem tudo que eu passei. Abraçar minha família, voltar para casa, e aí vamos ver o que a gente vai fazer”.
“Mas são fases. Do mesmo jeito que eu subi de categoria, o Topuria subiu, o Islam também subiu. Eu não tenho mentalidade de subir agora, mas quem sabe para frente”, finaliza o ex-campeão.