Com o governo dos Estados Unidos paralisado, o chamado “shutdown“, as expectativas iniciais apontavam para a desvalorização do dólar frente a outras moedas. O real e o ouro, por exemplo, poderiam ser favorecidos nesse cenário. Porém, especialistas afirmam que o enfraquecimento da moeda norte-americana ocorrer por causa de outros fatores, como políticas econômicas e o isolamento do país no comércio internacional.
Caio Augusto Rodrigues, economista e sócio da consultoria Terraço Econômico, esclarece que a paralisação afeta principalmente políticas públicas internas, e não o mercado internacional diretamente. “Sobre o dólar, o impacto vem mais de decisões políticas equivocadas que isolam o país, não do shutdown em si”, diz.
Efeito indireto no agro
Para o produtor rural norte-americano, o economista explica que o impacto pode vir em forma de incertezas quanto a medidas de apoio financeiro ao setor. Com o shutdown em curso, os recursos estão travados por um período indeterminado.
O alerta neste momento, entretanto, fica por conta do “apagão” de dados importantes, como estoques e inflação, que podem ter suas informações atrasadas ou menos confiáveis. “Mas vale lembrar: mesmo com atraso, dados ruins ou incompletos já eram um problema este ano, então a paralisação é só mais um capítulo nessa situação”, aponta Rodrigues.
E a China com isso?
Somado a esse cenário incerto, a falta de vendas para grandes compradores como a China continua afetando os EUA localmente. Para Rodrigues, a situação pode gerar excesso de produtos nos armazéns, mas sem impactar os preços das commodities que o Brasil vende forma direta.
“Apesar de pressionar a oferta interna e os preços locais, no curto prazo isso não afeta o Brasil, já que esses produtos seguem encontrando compradores no exterior. Enquanto eles ficarem isolados do maior mercado comprador de commodities do mundo (a China), as condições locais continuarão ruins”, reforça.