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Dudu x Barros: os áudios completos da conversa em saída do Palmeiras

A defesa do atacante Dudu, do Atlético-MG, anexou, na última terça-feira (29), diversos áudios ao processo de danos morais que o atleta trava contra a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, na Justiça.

Como já mostrou a ESPN, o jogador afirmou que seus últimos dias no Palestra Itália foram “humilhantes”, sofrendo com insônia e perda de peso em meio a sua saída da equipe alviverde.

Os áudios, porém, aprofundam ainda mais a questão, com um longo diálogo entre Dudu e o diretor de futebol do Alviverde, Anderson Barros.

A reportagem teve acesso aos áudios e transcreveu toda a conversa entre o atacante e o dirigente, na qual eles discutem sobre a “crise” gerada pela situação envolvendo a possível saída para o Cruzeiro.

“Anderson, a minha vontade eu falei aquele dia para você. Nunca vou querer sair do Palmeiras. Nunca vou querer sair do Palmeiras. A minha vontade, desde quando comecei. Quando eu cheguei, eu não tinha o pensamento que eu ia virar esse jogador, que eu virei. E a importância que eu tenho para o torcedor, para todo mundo, para a minha família…”, inicia Dudu.

Barros usa até Cristiano Ronaldo como exemplo, citando o processo de saída do português do Real Madrid. O Baixola, por sua vez, deixa evidente sua insatisfação sobre o trato com Leila e se coloca em alta no mercado.

“Para mim, tanto faz renovar (com o Palmeiras) no ano que vem. Se eu não renovar, eu vou sair. Pode ter certeza que, ano que vem, em dezembro, o Cruzeiro vai me querer, o Santos, o Corinthians, quem quer que seja. Time para mim não vai faltar. Eu tenho certeza”, disparou.

O áudio da conversa é usado pela defesa de Dudu para rebater declarações de Leila dizendo que o atleta teria uma “saída bonita” do Palmeiras caso aceitasse a proposta do Cruzeiro no meio de 2024. Ele reforça no contexto do papo com o diretor que queria, na verdade, seguir na equipe alviverde.

Na ação judicial, que corre na 11ª Vara Cível do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo), Leila pede indenização de R$ 500 mil em danos morais do jogador.

Dudu, por sua vez, também pede indenização de R$ 500 mil contra Leila. O caso ainda aguarda decisão do juiz Sérgio Serrano Nunes Filho.

Há ainda um outro processo, este criminal, que corre na 8ª Vara Criminal de Belo Horizonte. Nele, Leila pede que o atleta seja punido com as penas previstas no Código Penal Brasileiro por dois crimes contra a honra: injúria (ofender a dignidade e decoro) e difamação (atribuir fato ofensivo à reputação).

Áudios das conversas entre Dudu e Barros no Palmeiras

Anderson Barros:

Preciso ouvir você.

Dudu:

Anderson, a minha vontade eu falei aquele dia para você. Nunca vou querer sair do Palmeiras. Nunca vou querer sair do Palmeiras. A minha vontade, desde quando comecei. Quando eu cheguei, eu não tinha o pensamento que eu ia virar esse jogador, que eu virei. E a importância que eu tenho para o torcedor, para todo mundo, para a minha família. Eu sou adaptado à minha família, a Paulinha é daqui [São Paulo]. A gente acabou de ter uma filha, e a Paulinha também não tem muita vontade de sair de São Paulo, porque a família dela é daqui. E o meu pensamento sempre foi continuar aqui no Palmeiras até eu não aguentar mais jogar futebol, entendeu? Mas eu preciso saber dessa, se o Palmeiras pensa isso também.

Não é questão, não é renovar agora o contrato. Também não quero renovar agora o contrato. Mesmo que eu não renove o contrato, eu tenho contrato ano que vem e posso ter até o outro ano. E eu garanto que eu vou jogar aqui no Palmeiras. Eu me garanto. Eu me garanto. Eu me garanto para vocês, me garanto para o Abel, me garanto para quem quer que seja. Eu vou jogar. Eu vou jogar. Eu sei da minha qualidade, entendeu? Então eu não preciso ter quatro anos de contrato no Cruzeiro, eu não preciso ter cinco anos de contrato no Corinthians, não sei o quê. Eu me garanto que eu vou jogar aqui e ano que vem vocês vão querer renovar comigo. Só vai renovar se vocês não quiserem mesmo.

Dentro de campo eu vou me garantir e vou ter renovação até quando aguentar jogar futebol. Eu sei da minha qualidade e da minha vontade que eu tenho de estar no Palmeiras. Agora, eu preciso que vocês demonstrem carinho e respeito por tudo que eu represento, por tudo que eu sou para a torcida, entendeu? De virar para mim e falar: “Dudu, o desejo nosso é que você continue”. Porque se você virar para mim e falar: “Não, Dudu, acho que é o momento certo de você ir para o Cruzeiro, de você fazer isso, de você fazer aquilo, OK”. Pega e vamos embora amanhã. Entendeu? Esse é o meu pensamento e esse é o meu sentimento.

Anderson Barros:

O Palmeiras estava com uma situação normal. Normal? Normal que eu digo é o seguinte: um atleta em processo final de recuperação. Que precisava atingir uma determinada condição para poder entrar em campo e ir nos ajudando. Ponto. Lógico que nesse caminho vão ter insatisfações de um lado ou de outro, porque sempre qualquer um, isso não é com você, em qualquer atleta, isso vai sempre ocorrer. Correto isso? Com você, pode acontecer às vezes um pouco mais, pelo jeito ‘Baixinho’ de ser. Correto isso? Ansioso. Tudo aquilo que eu te falei da última vez.

Paralelamente a isso veio uma proposta. Você mesmo disse que viria uma proposta de R$ 5 ou 6 milhões, que você receberia isso ou aquilo? Mas que a sua vontade era continuar aqui no Palmeiras. Certo? Essa conversa não era nem para isso. Depois nós tivemos uma outra conversa sobre essa vontade do clube, esse planejamento do clube. E quando nós tivemos essa última conversa, na parte da tarde eu liguei para o André [Cury, empresário]. E eu falei: ‘Olha, André, acho que vocês não devem fazer isso, nem com ele, nem com ninguém. Se realmente tem um desenho para o Dudu, vocês apresentem para ele, para a cabeça dele ficar organizada. E ele tem que tomar uma decisão’. E assim eles fizeram.

O Alexandre ligou primeiro para o [Paulo] Buosi [vice-presidente do Palmeiras]. Ele me disse, pode ser que eu tenha uma relação melhor. Depois ele ligou para a Leila, que pediu que ligasse para mim. Que tratasse comigo. E ele fez uma proposta. Não escondo nada. Eles ontem me ligaram, mandaram uma proposta de 3 milhões de dólares. Eu falei, olha, não foi isso que me disseram. Porque vocês disseram que iriam construir. Fizeram então uma proposta de 4 milhões de dólares. E até esbarrou em algumas questões de comissionamento. Porque você era um cara que ali é apresentado pela OTB. E a OTB tem um direito de exclusividade. Mas até isso foi superado.

Então, você é o maior ídolo recente da história do clube. A gente não diz do clube, porque tem outras pessoas que já passaram aqui, que então nós dois pouco conhecemos. Sabemos quem são, mas pouco conhecemos. Eu, particularmente, pouco conheço. Mas da história recente, você é um dos maiores ídolos da história do clube. E vai ficar escrito na história do clube. O que eu não posso, o que eu não posso, é te dizer que vou fazer algo maior ou melhor do que existe hoje. Existe um plano no clube. Existe um plano. O Palmeiras está procurando seguir esse plano. Às vezes são decisões que não são fáceis. Mas acho que a gente tem acertado na maioria delas. Tanto que você tinha dois títulos aqui, 16 e 18, correto? Você hoje tem 13 títulos. Então, a gente ganhou um bom número de títulos nesse outro período. Então, por que a gente tem tomado algumas decisões e tem procurado conduzir as coisas da forma mais transparente possível? Tanto que o próprio André me ligou, pediu se eu poderia não ir embora, ele queria conversar comigo. Fatalmente você deve ter falado com ele nesse período.

Então, Dudu, o que eu quero te mostrar é o seguinte. O Palmeiras não abriu esse processo [de saída do clube]. Nós nunca abrimos esse processo. Nós não abrimos nenhum processo do Al Duhail. Você sabe disso. Eu, particularmente, participei. Você acabou não continuando no Al Duhail. Eu acho que os caras se equivocaram com alguma coisa. Com prazo, com valor, com perspectiva. Não cabe a gente voltar a isso. Nós não abrimos o processo com o Cruzeiro. Não pegamos o nosso telefone e ligamos para ninguém. Mas eu também entendo. Eu também entendo, e falei isso para o André ontem. ‘André, entendo também vocês. Entendo também o Dudu. Entendo e conheço um pouquinho o Alexandre. É um cara que tem um carinho e tem uma admiração muito grande pelo Dudu’. Isso são números que estão na mesa, somados a uma história. Se você estivesse pensando só em números, você tomaria uma decisão. Você tem família, você tem que considerar os filhos, sua esposa, seus dois filhos. Você tem tudo para considerar. E você tem a história. Correto isso? Você tem tudo isso em uma mesa.

E essa é uma decisão que ninguém toma por ninguém. Eu não vou te prometer aqui e não posso fazer isso. “Ah, eu vou te dar isso. Eu vou te dar aquilo”. Eu não estou fazendo isso com ninguém. Você tem o seu contrato. Como todos os outros têm os seus contratos. Você sabe o quanto foi difícil renovar. É assim mesmo. O seu demorou quase um ano. Do Raphael Veiga demorou quase um ano, eu e o André discutimos até os últimos detalhes para que as coisas aconteçam. Estamos tentando fazer outras operações. Seja do menino Estêvão, seja uma de chegada. E não são fáceis, demoram realmente para serem feitas. Então, Dudu, essa é uma decisão muito sua. Isso aqui dentro da sala. Isso dentro da sala. Externamente a gente vai conduzir como nós entendemos. Seja pelo sim, seja pelo não. Seja pelo sim ou pelo não. Mas essa é uma situação que você tem que pesar tudo isso. Não somos nós.

Dudu:

Não, Anderson. Não é a questão de ser vocês. É a questão de o que eu estou vendo. O que o treinador chamou eu para conversar agora. O que eu vejo, meu sentimento é que o Palmeiras quer que aconteça o negócio. É o meu sentimento. Do fundo do meu coração. O meu sentimento é que vocês querem. Que bom que chegou isso para mim ir para o Cruzeiro. Ou para qualquer outro que tenha proposta. Esse é o meu sentimento, do fundo do meu coração. Eu não estou sentindo de vocês um carinho, um respeito de falar: ‘Nós queremos que você continue aqui. Seja até o ano que vem, mas nós queremos que você continue aqui’. Esse é o meu sentimento. Eu posso estar errado, não sei.

Anderson Barros:

Acho que você… É porque para a gente isso… Não é isso. Todas as decisões, mais uma vez. Todas as decisões que nós tomamos aqui. Todas. E olha que nesses últimos cinco anos foram muitas. Aquele time que tem ali, 20 atletas já foram embora.

Dudu:

Anderson, mas eu não sou esse jogador, ou qualquer outro jogador desse time.

Anderson Barros:

Está certo, está certo. Concordo, você está coberto de razão. Você é um atleta diferenciado. Você é um atleta diferenciado por quê? Você tem uma história dentro de um clube. Você conquistou dentro do clube. Dentro e fora. Você é um ídolo para o torcedor. Concordo, 100%.

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1:14

Ambiente hostil, perda de peso, insônia: Dudu diz à justiça que últimos dias no Palmeiras foram humilhantes

As palavras de Dudu aparecem em meio a mais uma manifestação de defesa do jogador em processo movido pela presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que move ação contra o atleta por danos morais

Dudu:

Então, e o que eu sinto do meu coração é que às vezes aqui agora dentro do clube, de alguns tempos para cá, as pessoas tentam tirar isso de mim, entendeu? Um respeito que o torcedor tem de eu ser ídolo. É o que eu sinto. Você sente uma coisa quando você sente, entendeu? É o que eu sinto aqui dentro do clube. Mas para fora eu não vejo nada disso. Não estou falando nada de carinho das pessoas que trabalham aqui. Não tenho dúvida. São coisas que eu sinto em um determinado tempo para cá, entendeu?

Anderson Barros:

O que pode acontecer, Dudu, você vai ter aqui profissionais e funcionários que viveram com você por muito mais tempo. Que têm uma relação muito mais próxima com você, isso é fato. Você vai ter a própria comissão técnica, falando com total transparente, a própria direção, que já tem uma relação diferente porque pegou parte desse processo. Você fala assim para mim, um dos maiores ídolos da história do Palmeiras e recente, antes do Dudu, é o Marcão. Correto isso? Eu não consigo julgar. Eu consigo ver. Eu não conheci o Marcão, nunca conversei com o Marcão. Eu nunca tratei com ele. De repente eu conversei mais com o Fernando Prass, – e não estou comparando não, tá? – do que eu conversei com o Marcão. Eu não tenho o sentimento que grande parte do torcedor tem.

Não sei se você vai entender o que eu estou dizendo. Você não. A gente já está aqui, entre idas e vindas, essa é a quinta temporada. Então se você está aqui desde logo depois do Grêmio, né? Você está aqui há 10 anos. Então metade desse ciclo eu não vivi com você. E desses um ano, a gente acabou não convivendo. Porque você foi sair. E também chego num processo substituindo uma outra pessoa, um outro profissional. E a gente vai ganhando gradativamente o espaço. Até porque em um clube como desse tamanho, se você não for solidificando, fazendo as coisas com bastante, você cai muito rápido. E a gente teve a sorte, ou competência, nesse período todo até agora, e teve os resultados que dão a gente essa sustentação. Então, Dudu, repito, digo e você nunca vai ouvir de mim qualquer coisa contrária disso. Da história recente do público, você é um dos maiores ídolos com o maior ídolo do público. Não discuto isso e acho só que eu não posso e não devo prometer absolutamente nada para você, porque eu conheço como é que funcionam essas relações. É. Sobre isso para você que eu vou fazer alguma coisa e eu não cumprir, já fico…eu já me desgasto. Quando eu falo para você que eu vou pagar, por exemplo, a sua premiação e ainda não consigo liquidar, já me incomoda. Você imagina uma coisa muito maior e eu não consigo dar conta. Eu sei que você nunca…Dudu, a nível dessas coisas, você é top. Eu repito pra quem quiser. Eu lembro muito bem na época da pandemia, ali naquele sofazinho branco ali, quando nós conversamos sobre…’Não, você pode fazer, eu vou falar com as pessoas’. A gente acabou fazendo todos os acordos necessários, até porque eu sempre disse, não adianta eu trazer você para uma reunião com o grupo. É muito mais você fazer um trabalho de bastidores e dizer que está tudo ok, e os caras vão e acabam por acatar. Eu não posso só te dar, qualquer esperança ou qualquer não esperança, é isso que eu quero dizer. Nós estamos com um contrato até 2025, na qual se você fizer 50% dos jogos, se eu não me engano, você vai ter mais um contrato, vai ter mais um contrato, vai ter mais um contrato, até o dia que você entender que o futebol se encerra.

Isso é uma cultura do clube, isso não somos nós. Os maiores clubes do mundo fizeram dessa forma e fazem dessa forma. E é dessa forma que a gente entende que tem que ser feito. Com esse eu acho que eu posso te comparar, com esse eu acho que eu posso te comparar, que foi o caso do próprio Cristiano Ronaldo. Quando ele sai do Real Madrid, ele tinha uma proposição altíssima da Juventus, que é: ‘Eu não vou competir com isso, você segue o seu caminho’. É nessa linha que a gente está seguindo. Então eu não estou comparando você com nenhum outro jogador. Talvez com o Casemiro aconteceu recentemente a mesma coisa. Ele começaria um trabalho, recebeu uma proposta do Manchester United, financeiramente para ele era muito melhor, acabou de completar a independência financeira dele, ele seguiu o caminho dele e continua sendo o ídolo que é dentro do Real Madrid. O Cristiano acabou não tendo a idolatria confirmada porque acabou tendo um problema com o Florentino Pérez, aí os dois acabaram se batendo.

E assim, outros tantos atletas, desses clubes que acabaram por sair, e seguiram os seus caminhos. Então é isso que eu estou tentando te mostrar. Que hoje você tem, e que você financeiramente entende, o Palmeiras está ok. O Palmeiras não colocou nenhum problema. O André me pediu sim para pagar assim, ok. Eu não quero um problema. Eu falei: “André, não quero um problema. Um movimento, qualquer que seja, envolvendo o título, eu não quero um problema”. Falei com o Alexandre hoje duas vezes. Falei: “Alexandre, eu só vou falar qualquer coisa sobre depois que conversar com o Dudu”. De manhã você estava fazendo os seus exames, as suas avaliações lá com o médico do Einstein, você foi para o campo, eu esperei no campo. O André me ligou agora, falou: ‘Posso ir até ai?’. Eu falei: ‘Pode vir até aqui’. O que eu quero te mostrar Dudu é que o clube não fez o movimento. Seguiu o processo normal. Apareceu uma situação, uma pessoa que gosta de você, vou até pular outras partes, e fez uma grande proposta. Houve, sim, a aceitação do Palmeiras. Disse que ok se as coisas fossem ser acertadas com o atleta, e vamos tratar qual é a forma que tem que ser feita. ‘Eu quero ir ou eu não quero ir’. Você não querendo ir, vamos seguir o processo como tem que seguir. Só que eu não consigo, te dar o além disso, que é o que está te incomodando. É isso que você está dizendo: “Ô professor, eu não sinto a vontade do Palmeiras em querer que eu esteja, eu não sinto. Vocês receberam uma proposta e vocês aceitaram”.

Dudu:

Para mim é isso. O que o meu coração sente é que: “OK, vai”, entendeu? Não é que: “Não, Dudu. Quero que você fique pelo menos até o final do seu contrato”. Renovar, para mim, tanto faz renovar ano que vem. Se eu não renovar eu vou sair. E pode ter certeza que ano que vem, em dezembro, o Cruzeiro vai me querer, Santos, Corinthians, quem quer que seja. Time para mim não vai faltar, eu tenho certeza disso.

Anderson Barros:

Dudu, eu só tenho um receio. Com total honestidade. Nós somos um clube, você conhece o Palmeiras melhor do que eu, você conhece o torcedor melhor do que eu…

Dudu:

Eu acho que pelo lado do torcedor, anuncio zero, zero questão do lado do torcedor, porque eu sei do amor, do carinho, do respeito que eles têm por mim.

Anderson Barros:

Quando eu digo que você conhece o torcedor, o que tanto esse torcedor… O que ele quer. P torcedor do Palmeiras é um torcedor que é exigente por natureza, ele é exigente, ele vem de uma cultura de formação italiana. Então quer o tempo inteiro ver o Palmeiras quer jogar bem e vencer. É isso que o Palmeiras quer. O torcedor do Palmeiras, ele quer isso o tempo inteiro, e se ainda é possível, ter a manutenção dos ídolos.

Torcedor do Palmeiras é assim, ele é exigente. E o que eu procuro fazer aqui é manter o clube estável, equilibrado, financeiramente, estruturalmente, técnica e taticamente, para que possa ter condições de competir. Quando a gente consegue isso, é quando a gente consegue estar mais próximo dos resultados. Só que às vezes tem horas, e essa é uma hora dessas, apesar de toda a minha tranquilidade e serenidade, esse é um assunto que me tira do prumo, ter que ficar toda hora…porque é pesado, você é muito pesado. Qualquer assunto que você tenha que definir com o jogador, sobre o seu corpo, aqui ou no Real, é difícil, porque o tamanho é muito grande. Apesar do seu 1,66m, 1,67m, você é o jogador mais pesado do Palmeiras. Então qualquer decisão que se toma em relação a você, ela tem um impacto absurdo. Absurdo. E o que eu estou tentando te mostrar é o seguinte: eu sou um cara que considera todas as pontas, considero tudo, tudo. Tudo. E tomei uma decisão, conversei logicamente com a senhora presidente. ‘Senhora presidente, essa é uma decisão que vai passar muito por ele, eu vou construir, em razão do pedido que eu tive, tudo’. Assim que eu fiz. Não criei nenhuma dificuldade, nenhuma. Nenhuma. Eu poderia ter até 8 milhões, ou até 10 ou 20. Poderia inviabilizar o negócio, poderia tudo, poderia fazer tudo, mas eu falei assim: ‘Não, não é justo, não é justo’. O justo é dar todas as condições para que a coisa aconteça. E o que eu vou fazer? Todas. Se o Dudu quiser dar continuidade ao seu processo, ok, ele tem contrato em vigência, ele vai seguir o trabalho dele, e como você já disse, vai conquistar o seu espaço dentro de campo, porque você tem qualidade para tal. Ou muito mais qualidade do que a grande maioria para tal. Fisicamente, você conhece o seu corpo melhor do que qualquer um outro. Mas, a decisão vai ser feita em cima dessas condições. Eu não estou nem jogando mais para você. Também não é justo. Também não é justo. Concorda? Não é justo. Jamais faria isso.

Dudu:

Mas o meu desejo vocês sabem. Jamais ia querer sair do Palmeiras. Eu só quero, e não vou nem falar do Palmeiras porque o Palmeiras envolve torcida, envolve tudo. Vou falar vocês. Você, a presidente e o treinador, entendeu? Porque o Palmeiras é torcida, é todo mundo. A presidente eu não sei ,que eu não converso. Só dá oi aqui quando sai. Talvez possa ter o jeito dela de transmitir as coisas para você. Mais você e o treinador. O treinador chamou eu agora também para conversar depois do treino e o que deu a entender dele também, que tanto faz, se quer continuar, continua, se quer ir embora também, tanto faz, entendeu? Esse é o sentimento que eu, que eu tenho depois da conversa dele. Conversei com ele três vezes já essa semana, sobre ir para o jogo, sobre não ir. E agora teve essa conversa depois do treino. Se for assim, eu vou, eu vou, entendeu? A gente tem que estar onde as pessoas também querem que a gente esteja. Sei que às vezes eu não sei se vocês querem que eu continue, se não quererem. Mas está tudo tranquilo. A acho que chega um final de ciclo, agora que você falou, então, tudo certo.

Anderson Barros:

Dudu, mais uma vez. Tenho 24 anos a mais que você, uma vida maior, não tenho a história que você tem no futebol. Não tenho. Não ganhei o que você ganhou, em todos os aspectos. E já tenho meus 56 anos. Vim para cá onde as pessoas sequer acreditaram que conseguiria dar continuidade por eu estar substituindo, na minha modesta opinião, um dos melhores diretores de futebol que existem. O que eu penso, desde que eu sentei aqui, nunca deixei que saísse nada que fosse contra. O que se fala lá fora eu não controlo. Mas daqui, internamente, independente do que tenha acontecido no ano passado. É duro, não é fácil para mim, mas consegui numa linha que eu também entendo que é linha que tem que ser conduzida agora. E eu te citei os exemplos. Te comparei com o que tem de melhor no mundo. Essas decisões sempre foram tomadas, com exceção ao Sergio Ramos, acabou no final saindo arranhada, todas as outras foram tomadas de forma muito bem equilibradas. Eu falei para o André: ‘Eu não vou competir com quase R$ 120 milhões’. Não vou fazer nada que seja fora do que eu tenho planejado para o clube. É um momento muito duro, muito duro. Mas eu vou acatar e não vou disputar. Vai ter uma hora que você vai pensar: ‘Porra, o diretor poderia ter endurecido, poderia isso ou aquilo’. Estou sendo honesto com você. Não, nós não fizemos isso. O André pediu para que eu colocasse na sua rescisão…eu falei: ‘Vamos fazer’. Se assim é o desejo, e que para muitos vai dar a interpretação: “O Palmeiras facilitou”. Na verdade, o Palmeiras construiu algo para dar a melhor condição de decisão para que ele, que foi o maior de todos aqui. Dudu, a distância da sua planilha para todas as outras planilhas é enorme. O que acontece? Alguns jogadores tiveram aumentos salariais, mas chegaram mais próximos agora. O teu já vem de algum tempo. Quando eu fecho tudo isso…é um respeito e consideração que o clube tem por você. Você é o único jogador que ganha prêmio isolado. Para não dizer que é o único, o Gustavo tem um, acho que pela Libertadores de R$ 400 mil ou R$ 300 mil. Normalmente nunca se paga. Respondendo tudo o que você…tudo o que está dentro do teu coração, o Palmeiras não criou os obstáculos todos para a sua permanência uma vez que o Palmeiras pode, sim, entender que há um respeito muito grande, e foi essa linha que eu achei que era a melhor, para a melhor decisão a ser tomada. Ponto. O resto é hipocrisia. Como você mesmo está dizendo: ‘Vocês querem que eu fique, mas não fazem nada’. Estou dizendo para você como tudo aconteceu. Que tudo fique muito claro. Fica todo mundo me cobrando. Todos têm um carinho e admiração, você é um ídolo muito grande. Eu também tenho. Isso nem vem ao caso. Mas, no momento de agora, eu e a senhora presidente, entendemos que tínhamos que deixar tudo bem claro. Bem claro. E caso viesse a acontecer qualquer coisa, o Palmeiras iria dizer simplesmente a verdade de tudo. O Palmeiras não vai omitir absolutamente nada e nem vai pedir nada para ninguém. Para mim as verdades das histórias são sempre as melhores para qualquer coisa. É isso.

Dudu:

… Tranquilo.

Anderson Barros:

Vou ficar aqui esperando o André chegar para falar com ele e hoje a gente toma a melhor decisão. OK? Só para deixar tudo claro para você. A única coisa que o Palmeiras fez foi não criar obstáculos.

Dudu:

Não é questão de criar obstáculos. Quando tem algo e a pessoa quer que a pessoa vá, ela não cria obstáculo.

Anderson Barros:

… É um entendimento.

Dudu:

Mas quando as pessoas não querem, elas chegam e falam: “Não queremos”. Futebol é assim. Eu sei, entendi isso. Pode ficar tranquilo, da minha parte está tudo bem.

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