Magno Malta – 23/04/2025 15h39

Recentemente, assisti a um vídeo que me chamou bastante atenção. Nele, um ministro do Supremo Tribunal Federal faz uma analogia e sugere que ela seja transformada em pergunta. Para mim, parece mais uma provocação dirigida aos parlamentares que defendem a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
A analogia é a seguinte: “Se invadissem a sua casa, jogassem rojões, paus e barras de ferro nos seus funcionários, destruíssem tudo e quisessem colocar o seu vizinho para comandar sua família, você pediria anistia para essas pessoas?”.
Reconheço que, à primeira vista, a analogia parece inteligente. A fala, cuidadosamente roteirizada, foi transmitida por uma jornalista com entusiasmo, quase como quem carrega uma ordem vinda de cima. Mas, ao analisarmos com mais profundidade, a comparação simplesmente não se sustenta.
Sou senador. E, como parlamentar, respondo isso com outra pergunta: Se um grupo considerado terrorista tentasse invadir a casa onde se guarda a Constituição, a sede do Poder Judiciário, e ninguém fosse punido, o que isso diria sobre a justiça que vocês defendem?
E mais, se os mesmos critérios fossem aplicados a outros episódios da história brasileira recente, o que faríamos com os casos de vandalismo promovidos por grupos como os Black Blocs, sindicatos, movimentos de invasão como o MST, e até mesmo os ataques à estátua de Borba Gato?
Esses acontecimentos estão todos registrados. As imagens circulam nas redes sociais. E, ainda assim, os responsáveis não foram punidos com a mesma severidade.
Então, diga-me, quem defende essa analogia: quando os alvos são os “outros”, a justiça se silencia?
A comparação proposta tenta nos fazer acreditar que o ocorrido em 8 de janeiro foi uma tentativa de tomada do poder à força, como se os manifestantes estivessem, literalmente, tentando instalar um “vizinho” no lugar do dono da casa. Mas essa narrativa ignora um ponto essencial: há pesos e medidas diferentes, dependendo de quem comete o ato.
Mas justiça não se faz com frases de efeito nem com provocações veladas. Justiça se faz com isenção, com a coragem de agir com o mesmo rigor para todos os lados.
Conclusão, a verdade é que a analogia, embora bem embalada, é frágil. Porque, no fundo, ela tenta justificar a perseguição seletiva a um grupo específico de pessoas, enquanto tantos outros, que realmente praticaram crimes, jamais foram responsabilizados.
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Magno Malta é senador da República. Foi eleito por duas vezes o melhor senador do Brasil. |
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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