O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) referiu-se ao governador Romeu Zema (Novo-MG), como integrante de uma ‘elite financeira’ nesta quarta-feira, 22. O comentário rebate a afirmação do governador mineiro, publicada na última segunda-feira, 21, de que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro teria causado “um problema para a direita”.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Zema comentou a tarifa de 50% imposta pelo governo dos EUA sobre produtos brasileiros. “Houve, em minha opinião, um erro também — que não se justifica — do presidente Trump, de penalizar o país”, afirmou. “E, realmente, a posição que foi adotada não foi a mais correta pelo filho do ex-presidente. Acho que isso acabou causando um problema para a direita.”

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Em sua resposta, Eduardo Bolsonaro mencionou os abusos de poder do Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado vincula a imposição da tarifa norte-americana às posturas adotadas pela Corte nos últimos anos, especialmente as do ministro Alexandre de Moraes.

Deve ter sido eu quem mandou prender velhinhas de 70 anos pelo resto da vida na prisão.

Deve ter sido eu quem mandou prender parlamentar por uma década, por um mero vídeo na internet.

Deve ter sido eu que desrespeitei todas as mais básicas liberdades individuais.

Deve ter sido… pic.twitter.com/LOjxNJ6NzX

— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) July 23, 2025

“Deve ter sido eu quem mandou prender velhinhas de 70 anos pelo resto da vida na prisão. Deve ter sido eu quem mandou prender parlamentar por uma década, por um mero vídeo na internet”, publicou no X. “Deve ter sido eu que desrespeitei todas as mais básicas liberdades individuais.”

O deputado licenciado fez menção também à anulação da suspensão do aumento do IOF pelo STF. Eduardo classifica a decisão como uma anulação do Poder Legislativo. A Suprema Corte, afirma, “instaurou uma tirania de lunáticos no país”.

Depois de enumerar as arbitrariedades do STF, Eduardo fez inferências sobre o caráter de Romeu Zema. “Enquanto são pessoas simples e comuns as vítimas da tirania, não há problema, mas mexeu na sua turminha da elite financeira, daí temos o apocalipse para resolver”, escreveu. “Ao que parece, estava tudo uma maravilha enquanto era senhora e mãe de família comum sendo destroçada pela tirania”.

Zema pede retaliação pontual dos EUA

Na entrevista ao Estadão, Zema disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Sila “errou” ao expor críticas contra os EUA de forma pública durante a cúpula do Brics, no começo do mês, e se aproximar de governos considerados “antiamericanos”. Entretanto, o governador mineiro afirmou também que a resposta do presidente Donald Trump deveria ter sido mais específica.

“Acho que se você tem alguma desavença, deve se reunir particularmente para tratar aquilo. Se o presidente Lula tem algum senão com relação aos Estados Unidos, deveria ter pedido uma audiência e ter ido lá falar: ‘Trump, eu não quero isso, não concordo com isso’, e não ficar falando para o mundo todo”, comentou. “E pior, ainda se aliando a países que claramente são antiamericanos, caso de Cuba, caso de Irã, causando uma proximidade constrangedora.”

Minha solidariedade à família Bolsonaro. O Brasil precisa de liberdade, não de perseguição. pic.twitter.com/r7l8pSH3IA

— Romeu Zema (@RomeuZema) July 18, 2025

Questionado sobre qual deve ser a saída política para a crise comercial, Zema destacou a importância do setor industrial e da diplomacia. “Sei que já houve reuniões junto com a diplomacia brasileira e o governo, e é preciso fazer uma força-tarefa.”

Ele citou como positiva a iniciativa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem buscado diálogo com as federações das indústrias e representantes norte-americanos.

Zema destacou que a retaliação da Casa Branca não deveria impactar o setor produtivo como um todo, mas apenas o governo federal. “Acho que o presidente norte-americano também tem de ver com seus assessores: se ele está discordando do posicionamento do governo brasileiro, que haja uma ação no sentido de retaliar o governo e não o país, que são entidades distintas, e ele tem como fazer isso.”