
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a COP30, realizada em Belém, foi “um sucesso”, destacando que a capital paraense superou as dúvidas sobre sua capacidade de sediar a conferência do clima. A avaliação foi feita neste domingo (23), durante coletiva de imprensa no G20, na África do Sul.
Lula também comentou a conversa que teve com o primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, após o líder europeu ter criticado Belém. Segundo o presidente brasileiro, Merz teria formado uma opinião limitada sobre a cidade por não ter visitado seus principais pontos culturais e gastronômicos.
“Eu disse para o primeiro-ministro que a nossa cabeça pensa onde nossos pés pisam. Talvez ele não tenha saído à noite, não tenha comido maniçoba, filhote, não tenha dançado carimbó. Ele veio ao Brasil, mas a cabeça ficou em Berlim, então não conheceu Belém”, afirmou Lula.
O presidente acrescentou que também busca experimentar a cultura local quando visita outros países. “Quando vou a Berlim, eu como joelho de porco, linguiça, salsicha. Não viajo para comer feijoada. Acho que é falta de experiência política. Da próxima vez que ele vier ao Brasil, vai aprender a gostar do Brasil”, declarou.
Debate sobre combustíveis fósseis na COP
Ao comentar as dificuldades para aprovar o Mapa do Caminho , proposta brasileira para a redução global do uso de combustíveis fósseis, Lula afirmou que já esperava resistência. Para ele, o tema é “polêmico”, sobretudo entre países com forte produção de petróleo, mas precisa ser enfrentado diante das mudanças climáticas.
Lula destacou que o Brasil tem experiência consolidada no uso de biocombustíveis e lembrou que a mistura de etanol na gasolina já chega a 40%. “O Brasil já deu uma lição de que é possível reduzir combustíveis fósseis”, disse, ressaltando que o país emite menos gases de efeito estufa que economias comparáveis.
O presidente também lembrou que o Brasil produz cerca de 3,5 milhões de barris de petróleo por dia, mas reforçou que isso não impede o país de liderar a transição energética. “Todo mundo sabe que será necessário diminuir o uso de fósseis. A transição vai acontecer”, afirmou.
Negociações intensas no G20
Lula relatou ainda os bastidores da negociação do documento final do G20. Segundo ele, o consenso entre mais de 80 países só foi alcançado após discussões que avançaram pela madrugada.
“Foi muito difícil. Queríamos um documento único e ficamos conversando até depois das duas da manhã. Liguei para vários líderes, a Marina Silva também. No fim, deu certo e ficou um documento bonito”, afirmou.


