O senador Marcos Rogério (PL-RO) declarou que considera a eleição presidencial de 2026 “incompleta” se o ex-presidente Jair Bolsonaro não puder participar da disputa. Em entrevista ao Arena Oeste desta quinta-feira, 7, ele afirmou que “não podemos aceitar que no Brasil se cale a maior liderança da oposição do nosso país”.
Segundo o parlamentar, a inelegibilidade de Bolsonaro configura “um golpe à democracia” e não deve ser aceita. O congressista disse ter “esperança” na reversão da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tornou o ex-presidente inelegível, mas avaliou que a situação é difícil.


“O cenário que a gente tem hoje, naquela turma do Supremo Tribunal Federal (STF) onde o presidente Bolsonaro está sendo julgado, aquilo é câmara de gás, não dá pra ter esperança ali”, afirmou. Para ele, o julgamento que ainda será realizado poderá ser determinante para definir a participação do ex-presidente na corrida presidencial.
Rogério relatou que, em encontro recente com Bolsonaro, ouviu um pedido para permanecer no Senado. Apesar de liderar pesquisas para o governo de Rondônia, disse que, caso o quadro político atual persista, será candidato à reeleição. “Se esse quadro que temos hoje permanecer, a minha candidatura no ano que vem será pela reeleição ao Senado”, declarou.
O senador destacou a coleta de 41 assinaturas para dar prosseguimento ao pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes e atribuiu o resultado à mobilização popular. “Sem povo, não teria esses 41 apoios”, disse.
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Rogério explicou o rito previsto na Lei 1.079/1950 e afirmou que a decisão inicial de receber a denúncia é da Mesa do Senado e não apenas do presidente da Casa. “Posteriormente a isso, é dado conhecimento ao plenário do Senado”, afirmou.
O parlamentar defendeu a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que extingue o foro por prerrogativa de função. Segundo ele, a motivação atual não é mais a morosidade do STF, como no passado, mas o fim de ameaças políticas. “Não é possível que o parlamento fique refém de um poder”, disse, ao acrescentar que hoje o foro serve como “cabresto” sobre parlamentares.
Marcos Rogério defende anistia como caminho para pacificação
Rogério avaliou que a pacificação política só será possível com a aprovação de uma anistia e lembrou episódios históricos em que militantes de esquerda foram beneficiados. “A anistia se faz necessária nesse momento em razão de todos os equívocos que foram cometidos na condução desse processo”, afirmou.
O senador comentou denúncias de suposta interferência da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) no processo eleitoral brasileiro. “Não há mais questionamento se houve ou não houve interferência”, declarou. “Essa fraude é no processo eleitoral.”
Ele disse não acreditar em fraude nas urnas, mas defendeu a auditabilidade do voto. Criticou ainda a atuação do TSE e afirmou que o tribunal “legisla o tempo todo por resoluções” quando o Congresso não define regras claras para as eleições.
Sobre a aplicação da Lei Magnitsky pelos Estados Unidos contra Moraes, o senador disse lamentar o episódio, mas atribuiu a situação a falhas internas. “Comemorar isso é comemorar o fracasso”, declarou. Ele afirmou que os efeitos da lei ainda não foram totalmente percebidos. “Ele vai ampliando seus efeitos e pode (…) comprometer o país inteiro.”
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O senador avaliou que o país vive um período de “anormalidade” política e apoiou que o Senado seja “fortalecido e independente”. Ele afirmou que o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), assume responsabilidade ao não pautar o impeachment de ministros, diante da maioria de assinaturas favoráveis. “Só o poder freia o poder”, disse.
Rogério declarou que, caso Bolsonaro não possa ser candidato, a escolha do nome da direita passará pelo aval do ex-presidente. “Bolsonaro não é apenas um nome, um CPF, Bolsonaro é um sentimento”, disse. Para ele, retirar o ex-presidente da disputa não acabará com sua liderança política.
“Querem tirar Bolsonaro do jogo”, afirmou. “Tenho a expectativa de que a gente possa ter ele na disputa em 2026. Mas se ele não estiver, quem for aquele escolhido por ele para ser o nome da direita vai ser a voz do Bolsonaro.”
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